Condenada a 50 anos de prisão pelo assassinato do marido, a ex-deputada federal Flordelis tenta obter permissão para deixar a Penitenciária Talavera Bruce, em Bangu, a fim de participar do enterro de Gabriella dos Santos de Souza, uma das dezenas de filhos que afirma ter acolhido ao longo de sua vida. A jovem de 25 anos foi encontrada morta na rua, na madrugada desta quarta-feira, em uma suspeita de feminicídio.
O caso foi registrado pela 74ª DP (Alcântara), em São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro, às 8h54. A polícia apura supostas ameaças que o companheiro da estudante teria feito contra ela por meio de mensagens de áudio no WhatsApp.
O atestado de óbito aponta Gabriella como filha de Anderson do Carmo de Souza e Flordelis dos Santos de Souza. Anderson foi brutalmente assassinado no dia 16 de junho de 2019, atingido por 30 tiros à queima-roupa disparados por Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico de Flordelis. Segundo relatos de familiares, Gabriella foi adotada ainda bebê pela ex-deputada e permaneceu sob seus cuidados até a prisão da mãe adotiva, ocorrida em 13 de agosto de 2021.
Embora exista a suspeita de assassinato, o atestado de óbito de Gabriella registra sua morte como resultado de uma parada cardiorrespiratória súbita. No boletim de ocorrência, no entanto, consta que “as circunstâncias do falecimento ainda necessitam de investigação detalhada”. O delegado Marcelo Braga Maia, responsável pelo caso, ordenou uma apuração aprofundada, com o objetivo de ouvir familiares e eventuais testemunhas.
A declaração de óbito informa ainda que Gabriella morreu na Estrada do Pacheco, localizada no bairro Pacheco, em São Gonçalo. O documento, assinado pelo médico Arthur Bastos, aponta como “causa provável” do óbito uma “parada cardiorrespiratória súbita”, mas ele ressalta que a conclusão definitiva depende de exames complementares, ainda pendentes. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de São Gonçalo para realização de análises mais detalhadas.
Com o caso ainda em aberto, as investigações buscam esclarecer as circunstâncias exatas da morte, dada a sua natureza repentina e as suspeitas levantadas. O enterro de Gabriella está previsto para ocorrer ainda nesta quinta-feira.
Gabriella chegou a prestar depoimento no inquérito que investigou a morte de seu pai adotivo. Segundo seu relato à polícia, antes que um de seus irmãos ligasse para o Corpo de Bombeiros, ela verificou que Anderson ainda estava vivo.
A jovem também contou que, logo após o pastor ser baleado, Daniel, seu irmão, pediu que ela confirmasse se ele ainda apresentava sinais vitais. Anderson estava caído no chão da garagem da residência da família, perdendo muito sangue. Ao verificar, Gabriella disse ter colocado a mão no pescoço do pai e sentido pulsação. Após essa constatação, Daniel afirmou que pediria a outro irmão, André, para acionar o socorro médico.
Por O Globo