Brasil

[ESPECIAL] Carteirada: uma paixão mundial

Aviões são impedidos de decolar para beneficiar autoridades munidas das preciosas “carteirinhas”

Um hábito comum na cultura mundial chama a atenção e vem ganhando cada vez mais adeptos. Nas mais humildes cidades brasileiras ou no pomposo Vaticano, o hábito da “carteirada” abre as portas dos metros quadrados mais disputados do mundo.

É verdade que não podemos deixar de garantir espaço para que os profissionais de imprensa, policiais, militares, juízes, advogados e outros tantos trabalhadores tenham acesso a áreas restritas.

O problema começa a existir quando um militar manda interromper a decolagem de um avião comercial, um policial usa sua identidade funcional para entrar em uma boate, um juiz usa sua função para assistir a uma partida de futebol do gramado e por aí vai…

No Brasil ainda estilizamos a “carteirada” criando um jargão que impera entre filhos de autoridades, é o famoso “você sabe com quem está falando?”.

Os policiais federais por força de legislação específica são policiais 24 horas por dia, tendo franco acesso a todos os locais sob fiscalização da polícia, isso é o que descreve o decreto 73.332/73. Entretanto, este mesmo servidor público policial e regido por lei especifica, estando sujeito a punições no caso de um uso do “benefício” que vão da advertência a demissão.

Porém o caso que recentemente chamou a atenção da nação para o assunto, foi o fato do general Francisco de Albuquerque, como comandante do Exército, carteirar para poder embarcar no vôo JJ-3874 da TAM, na Quarta-Feira de Cinzas, que saia de Campinas-SP com destino a Brasília-DF. O mais surpreendente foi a defesa quase imediata do vice-presidente da República e Ministro da Defesa, José Alencar, dizendo que o general havia embarcado sua bagagem a tempo. Mas o fato de a bagagem ter ou não embarcado modifica o fato de dois passageiros serem pressionados a desocupar o avião para o general e sua esposa poderem viajar?

Entretanto quem somos nós jornalistas para criticar o nobre general. Há nas redações da de todo Brasil e a Paraíba não é diferente, gente que vive de carteirada. Trocam críticas positivas de certos artistas ou políticos não por dinheiro. Mas por destaque social. Na Bahia há colegas que relatam a tal máfia do dendê que prestigia os artistas locais em troca de convites de festas.

Mas pêra aí! Os estudantes também dão carteirada, é meu amigo os estudantes brasileiros também se beneficiam dos valiosos documentos, só que no caso dos nosso jovens o benefício é apenas a redução de 50% nas entradas dês espetáculos, cinemas e transportes coletivos. Tudo isso amparado por lei. Mas será que os empresários aceitam facilmente esta história? Cabe lembrar que todas as atividades esportivas e culturais para as quais o estudante paga a “meia-entrada” sempre que apresentar sua carteirinha têm um custo, que deve ser repartido entre os seus freqüentadores. Caso esse custo não seja coberto pela audiência, os responsáveis pelo espetáculo arcarão com as despesas incorridas na sua produção. Ou seja, há empresários que temendo não bter o lucro esperado, duplicam o valor das entradas. É uma regra comum a qualquer empreendimento realizado sob regras de mercado, seja ele um comércio, uma indústria, ou a produção de um evento esportivo ou cultural.

Outro exemplo curioso foi no Vaticano, em uma das maiores filas já vistas na História da humanidade, o enterro de João Paulo II. Enquanto centenas de milhares de fiéis esperavam até 12 horas para dar adeus a João Paulo 2º, muitos padres, freiras e até seminaristas que moram em Roma usavam um expediente extra-oficial para “furar” a fila: bastava aguardarem a chegada de algum bispo em uma entrada lateral da basílica de São Pedro e ter acesso ao local onde está o corpo. Eles entravam então com os bispos. Padres e seminaristas que possuem a carteira do Vicariato de Roma, no entanto, também podiam entrar por outras entradas “especiais”.

A verdade é que há leis que garantem o direito da carteirada para alguns grupos de profissionais, entretanto isto não significa que estes não devem mais pagar por sua diversão, mais que a lei, nosso senso ético deve estar acima dos interesses pessoais.


Janildo Silva
ClickPB

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