Os 13 controladores que estão sendo ouvidos pela Polícia Federal no caso do acidente com o vôo 1907 da Gol são unânimes em afirmar que existe um ponto cego. Segundo eles, uma área um pouco acima de Brasília já entrando em Mato Grosso e pegando também uma região da Amazônia há uma falha de comunicação do sistema de rádio, onde a torre de controle não consegue se comunicar com aeronaves e vice-versa. A afirmação vai contra as informações da Aeronáutica – que garantem que este ponto cego não existe e que há, inclusive, uma sobreposição nesta área.
"Todos os controladores são unânimes em dizer que há um ponto cego. Então fica a palavra deles contra a da Aeronáutica", disse o advogado Normando Augusto Cavalcanti, que advoga para a Associação Brasileira dos Controladores de Vôo.
Os controladores dizem ainda, por meio do advogado, que a reclamação sobre a existência do ponto cego á foi feita para a Aeronáutica. Porém, até hoje nenhuma providência foi tomada.
No dia do acidente, segundo os controladores, outras duas aeronaves – uma da empresa Ibéria e a outra da TAM – sobrevoavam a mesma região em horários próximos ao acidente. Eles também tentaram manter comunicação com essas aeronaves e também não conseguiram.
Outra reclamação feita pelos controladores é que há uma grande possibilidade de o sistema de radar funcionar com grandes falhas. Essa suspeita também já foi levada para a Aeronáutica, porém, mais uma vez, nada foi feito. O advogado confirma inclusive que há o registro dessas reclamações na Aeronáutica. "Os controladores trabalham em algumas situações preocupantes", admite o advogado.
Ainda segundo Cavalcante, os controladores afirmam que o radar, na hora do acidente, mostrava que o Legacy voava a uma altitude de 36 mil pés, mesma altitude indicada pelo plano de vôo. A afirmação contesta à divulgada pelo Centro de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) – que mostra que o radar apontava que o Legacy voava na altitude de 37 mil pés, onde se deu o acidente.
De acordo com esses dados, uma das teses que será utilizada pela defesa é que o acidente ocorreu devido a problemas técnicos no sistema de radar. Outra possibilidade levantada é falha dos pilotos do Legacy.
O advogado confirma que amanhã, quando se encerram as oitivas para a Polícia Federal, será um dia crucial para as investigações, já que o supervisor, o controlador e o assistente do controlador ¿ que trabalhavam na hora do acidente prestarão depoimento. Hoje, outros três profissionais foram ouvidos. Na terça-feira, outros três, e, na segunda, quatro controladores que trabalham na Base Aérea de São José dos Campos, São Paulo. O delegado Rubens José Maleiner ouve os controladores.
Segundo Cavalcante, todos os funcionários estão sendo muito bem tratados pela PF e não recebem nenhum tipo de pressão.
Redação Terra