O potencial do setor sucroalcooleiro se destaca, cada vez mais, no agronegócio nacional, embora seu desenvolvimento na região Nordeste enfrente dificuldades, atualmente. Dados divulgados recentemente na VI Conferência Internacional da Datagro sobre Açúcar e Álcool indicam que o segmento deverá faturar, em 2006, R$ 41 bilhões, o que representa quase 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio do Brasil. Para o presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Raimundo Nonato Siqueira, esses números já eram esperados, por conta da atual fase de expansão do setor, cuja tendência é crescer ainda mais, nos próximos anos, haja vista as projeções de ampliação das exportações de álcool combustível.
Na Paraíba, a atividade sucroalcooleira, apesar de apresentar custos de produção 40% maiores que nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, continua sendo um sustentáculo sócio-econômico e responde por 75% do PIB agrícola estadual, conforme estimativas do Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool do Estado (Sindálcool). O que deveria, na opinião do dirigente da entidade, Edmundo Barbosa, motivar políticas públicas para melhorar ainda mais a competitividade do segmento na Paraíba. “A recuperação das estradas vicinais para escoamento da produção, contornando a sede dos municípios para maior segurança da população, e a concessão de outorgas de águas para irrigação são algumas das ações que esperamos do poder público estadual” exemplificou.
O último estudo sobre o Produto Interno Bruto da Paraíba refere-se ao ano de 2002 e foi publicado pelo IDEME (Instituto de Desenvolvimento Estadual e Municipal da Paraíba), com dados do IBGE. O presidente do Sindicato destaca o fato de, naquela pesquisa, os municípios canavieiros, a exemplo de Santa Rita, Caaporã, Mataraca, Pedras de Fogo e Conde, estarem entre os mais bem colocados no ranking da participação das cidades paraibanas no PIB estadual, demonstrando a importância da cultura da cana-de-açúcar para a região.
Outro número importante a ser acrescentado no cálculo da participação da atividade no PIB agrícola é referente aos tributos arrecadados na esfera estadual com o comércio do álcool hidratado que, em 2005, foram estimados em valor superior a R$ 10 milhões, só no tocante ao ICMS, além do recolhimento de PIS e COFINS, na esfera federal. Terceiro maior produtor de cana do Nordeste, a Paraíba destina, a cada safra, cerca de 75% da produção à fabricação de álcool, enquanto os 25% restantes equivalem à produção de açúcar e outros derivados. A previsão da Asplan é que a safra 2006/2007 alcance o patamar de 5 milhões de toneladas de matéria-prima.
Crise no setor produtivo
Por outro lado, o dirigente do Sindálcool alerta para fatores que influem para que haja uma retração, não apenas para a produção sucroalcooleira, mas todo o setor agropecuário, o que neste ano impactará negativamente na economia local. Ele também reclama a votação da reforma tributária no Congresso ainda neste ano, que poderá reduzir o ICMS sobre o álcool combustível de 25% para 12%. A valorização do real, a elevação dos custos agropecuários e a falta de pesquisas direcionadas para melhorar a baixa produtividade da cana-de-açúcar por motivos edafo-climáticos são outros problemas que, segundo Edmundo Barbosa, minam a competitividade do setor e contribuem para a redução do PIB agrícola no Estado.
Além disso, os produtores canavieiros enfrentam uma crise que alia a atual queda na remuneração da tonelada da matéria-prima, que entre os últimos meses de julho e setembro caiu mais de 22%, cujos preços recebidos estão condicionados aos valores de comercialização do açúcar e do álcool, ao aumento das despesas com insumos, que encarecem numa média de 8% a cada safra, e ao reajuste dos salários dos trabalhadores, cujas elevações são maiores que a obtida pelo pagamento da cana.
“O produtor está em dificuldade, por conta da queda do preço da cana que, durante oito meses se mantém dentro de um certo equilíbrio, mas nos quatro meses do pico de fornecimento (setembro, outubro, novembro e dezembro), correspondentes ao auge do processo de moagem da matéria-prima, a categoria é penalizada”, contou o presidente da Asplan, Raimundo Nonato. Em pleno curso no Estado, a safra 2006/2007 já contabiliza que mais de 25% da produção estimada de cana-de-açúcar já deva ter sido moída, segundo levantamento do Departamento Técnico da entidade. A moagem foi iniciada em setembro e deve se estender até janeiro.
Apesar do atual contexto, o setor sucroalcooleiro tem planos de expansão em relação ao açúcar e álcool na Paraíba. “Nos próximos anos, se houver apoio governamental com políticas públicas no Estado, poderemos ter um aumento de produção para mais um milhão de toneladas de cana-de-açúcar, o que resultaria em um aumento do número efetivo de trabalhadores diretos e R$ 30,5 milhões a mais em salários circulando por safra, fortalecendo a economia estadual”, vislumbra o presidente do Sindálcool. Estimativas indicam que a safra de cana do País deve crescer 55% durante os próximos seis anos, passando das atuais 425,6 milhões de toneladas da matéria-prima para cerca de 730 milhões de toneladas.
Fonte: News Comunicação