A apuração do carnaval carioca, que escolherá a escola campeã de 2007, será realizada na tarde desta quarta-feira, 21. Beija-Flor, Salgueiro e Viradouro são as favoritas ao título. Mangueira, Grande Rio e Imperatriz Leopoldinense podem surpreender. Já Império Serrano e Mocidade Independente de Padre Miguel devem cair.
A festa do samba ficou marcada por protestos contra a violência e pelo alto nível técnico das agremiações. Até a Estácio de Sá, que disputou em 2006 o Grupo de Acesso, apresentou-se com exuberância e surpreendeu o público. Mangueira, Grande Rio e Imperatriz Leopoldinense também têm chances de título. Em sentido oposto, as tradicionais Império Serrano e Mocidade Independente de Padre Miguel correm risco de rebaixamento. “Mais uma vez, o carnaval do Rio vai ser decidido por um ou outro pequeno detalhe”, previu o carnavalesco da Grande Rio, Roberto Szaniecki.
No primeiro dia de desfile, Estácio de Sá e Mangueira homenagearam o menino João Hélio, assassinado de forma brutal duas semanas atrás. Na segunda parte da folia, a Porto da Pedra fez uma crítica ao carro blindado conhecido como “caveirão” – utilizado em incursões de risco em favelas. Pouco depois, o Salgueiro lembrou o vice-presidente Guaracy Falcão, morto com vários tiros, dia 14, quando saía da quadra da escola.
Última a desfilar na Sapucaí, a Beija-Flor foi brindada com gritos de “é campeã” pelo público nas arquibancadas populares. Com o enredo Áfricas: do berço real à corte brasiliana, a escola teve um pequeno problema no fim da apresentação e precisou correr para não estourar o tempo limite de apresentação, de 80 minutos.
Forte candidato à conquista, o Salgueiro mostrou suntuosidade, um samba melodioso, fantasias luxuosas e bem acabadas e carros alegóricos de extremo bom gosto. A Unidos do Viradouro fez sucesso no primeiro dia de desfiles e é outra candidata à conquista do campeonato, com carros cheios de movimento e “alegorias com vida”. Já o bonito desfile da Mangueira pode ter sido arranhado pela repercussão negativa ao ter expulsado Beth Carvalho de um carro alegórico.
Embora tenha apresentado alegorias mais simples do que o habitual, a Grande Rio pode surpreender. Seu principal destaque foi a ex-Big Brother Grazielli Massafera, a rainha de bateria, bonita, graciosa e simpática. A escola inovou ao monitorar o desfile com o apoio de um laptop e três câmeras espalhadas pela avenida. Na dispersão, o carro abre-alas pegou fogo e ficou destruído, mas ninguém se feriu e a agremiação não deve perder pontos.
A Imperatriz Leopoldinense, que antecedeu o desfile da Grande Rio, apostou mais uma vez num desfile técnico. O samba era bom, de letra fácil. O enredo era Teresinhaaa, uhuhuuuu!! Vocês querem bacalhau?, um tributo ao Chacrinha, em uma noite em que a primeira escola – a Porto da Pedra – fez um canto contra o racismo, partindo da África do apartheid.
Já a Unidos da Tijuca fez uma apresentação contagiante, com um enredo sobre a fotografia. Mesmo sem Paulo Barros, o carnavalesco-sensação do Rio, mostrou criatividade. No carro que exibia as fotografias turísticas, a platéia era rapidamente transportada do Egito ao México.
Mas quem chegou à dispersão sob os gritos de “campeã” foi a agremiação com o maior número de campeonatos, 21 ao todo, a Portela: seu tema era o Pan do Rio e não faltaram atletas nas alas. Mas também teve de correr no fim e pode perder pontos.
Fonte: estadao.com