O grupo ambientalista Greenpeace convidou os principais poluidores do mundo, nesta segunda-feira, a deterem a devastação causada pela mudança climática, apontando o Brasil como um dos principais agressores.
"Os piores impactos da mudança climática só podem ser evitados se os governos agirem agora", disse Steve Sawyer, conselheiro político do Greenpeace International, na inauguração da conferência da ONU sobre o clima na capital queniana.
"As futuras gerações não nos perdoarão se demorarmos", afirmou.
Em comunicado publicado neste primeiro dia da 12ª conferência da Convenção-marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês), Sawyer disse que os países ricos têm o dever moral de reduzir as emissões de gases causadores do aquecimento global.
"As obrigações legais, morais e políticas dos países ricos são claras: eles precisam reduzir dramaticamente suas emissões e, ao mesmo tempo, estar preparados para dar apoio maciço para ajudar os países mais pobres a se adaptarem", acrescentou.
Ao lado dos países industrializados, como Estados Unidos e Austrália, que se recusaram a ratificar o Protocolo de Kyoto para controlar as emissões de gases causadores de efeito estufa, o Greenpeace instou países desenvolvidos como China e Índia a reduzir suas emissões e despejou críticas sobre o Brasil.
"O Brasil precisa assumir a responsabilidade como um dos maiores emissores do mundo de CO2 (dióxido de carbono ou gás carbônico)", afirmou.
"O governo precisa combater o desmatamento e promover a energia limpa e renovável, bem como a eficiência energética", acrescentou.
O chamado à ação ocorreu enquanto a agência internacional de ajuda CARE anunciou o lançamento de um "fundo social de carbono" no Brasil, com o qual espera reduzir a pobreza endêmica no país, ao explorar créditos de carbono oferecidos pelo protocolo de Kyoto.
Segundo o tratado, os países industrializados podem alcançar parte de suas metas para reduzir as emissões de gases com efeito estufa através de "créditos de redução de emissões", obtidos através da ajuda para que os países em desenvolvimento restrinjam sua produção de gases poluentes.
O projeto do CARE visará quatro ecossistemas brasileiros – a floresta Atlântica, a região amazônica, o cerrado e a caatinga – com programas geradores de renda oferecendo 55 milhões de dólares (43 milhões de euros) destes créditos.
Segundo o projeto, o primeiro a ser administrado por uma organização não-governamental, as empresas podem investir em projetos comunitários, com criação de empregos no reflorestamento e na eficiência energética e, em troca, receber créditos de carbono do fundo.
Seu objetivo seria "não apenas mitigar as mudanças climáticas", destacou o grupo, "mas também contribuir para superar a pobreza e fortalecer o desenvolvimento social".
AFP