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Barroso diz que informações vazadas por Bolsonaro ‘auxiliam milícias digitais e hackers’

'Faltam adjetivos para a atitude deliberada de facilitar ataques criminosos', declarou presidente do TSE durante cerimônia virtual de abertura dos trabalhos do tribunal neste ano.

Luís Roberto Barroso, STF, Ministro,

Ministro Luís Roberto Barroso (Foto: reprodução)

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta terça-feira (1º) que as informações sigilosas vazadas pelo presidente Jair Bolsonaro “auxiliam milícias digitais e hackers de todo o mundo”. Segundo o ministro, “faltam adjetivos para a atitude deliberada de facilitar ataques criminosos”.

Barroso fez a declaração em discurso na cerimônia virtual que marcou a abertura dos trabalhos do tribunal neste ano. Participaram da videoconferência os demais ministros do tribunal e o procurador-geral da República, Augusto Aras.

Em 4 de agosto do ano passado, o presidente divulgou nas redes sociais a íntegra de um inquérito da Polícia Federal que apura suposto ataque ao sistema interno do TSE em 2018 – e que, conforme o próprio tribunal, não representou qualquer risco às eleições. O ato resultou na abertura de um inquérito por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Para a Polícia Federal, há indícios de crime na conduta do presidente.

Barroso citou Bolsonaro no discurso no momento em que falava sobre a comissão de transparência eleitoral criada para fiscalizar os testes das urnas eletrônicas que serão utilizadas nas eleições deste ano.

“Nós confiamos – porque precisamos confiar – na integridade dos membros da comissão para cumprirem a palavra de manter sob reserva as nossas conversas, para que não haja vazamentos indevidos. Sobretudo em matéria de cibersegurança, o sigilo é imprescindível por motivos óbvios. Ninguém fornece informações que possam facilitar ataques, invasões e outros comportamentos delituosos”, afirmou o presidente do TSE.

Em seguida, fez a referência a Bolsonaro:

“Tudo aqui é transparente, mas sem ingenuidades. Sempre lembrando que informações sigilosas que foram fornecidas à Polícia Federal para auxiliar uma investigação foram vazadas pelo próprio presidente da República em redes sociais, divulgando dados que auxiliam milícias digitais e hackers de todo o mundo que queiram tentar invadir nossos equipamentos. O presidente da República vazou a estrutura interna da TI [tecnologia da informação] do Tribunal Superior Eleitoral. Tivemos que tomar uma série de providências de reforço da segurança cibernética dos nossos sistemas para nos protegermos. Faltam adjetivos para qualificar a atitude deliberada de facilitar a exposição do processo eleitoral brasileiro a ataques de criminosos”, declarou Barroso.

Procurada pela TV Globo para se manifestar sobre as declarações do ministro, a assessoria do Palácio do Planalto não respondeu.

Voto impresso

Barroso também criticou tentativas recentes de retomar a discussão sobre o voto impresso – uma bandeira antiga de Jair Bolsonaro, que nunca apresentou provas da suposta fragilidade no sistema eletrônico.

“Não há qualquer sentido em se retomar a discussão sobre o voto impresso com contagem pública manual para as eleições 2022, como voltou a circular. Um retrocesso que já assombrou o país no ano passado, e que volta e meia é ressuscitado”, declarou o ministro.

Em 2021, a Câmara rejeitou e arquivou um projeto que tentava estabelecer a impressão do voto. Mesmo assim, Bolsonaro seguiu voltando ao tema em declarações recentes.

Segundo Barroso, além da decisão dos parlamentares, o calendário eleitoral de 2022 impede que mudanças definidas a essa altura surtam efeito na votação marcada para outubro.

“Para a Justiça Eleitoral, já não daria tempo de operacionalizar o desenvolvimento de um novo sistema, fazer o protótipo da impressora – que não é uma urna pronta de balcão, mas é customizada para garantir o sigilo. Não daria tempo para isso, não daria tempo para fazer a licitação e produzir 500 mil impressoras”, disse o presidente do TSE.

“Retomar essa discussão constituiria tão somente uma tentativa deliberada de tumultuar o processo eleitoral. O país está precisando, em meio a muitas coisas, de debate de ideias e não da repetição de bobagens.”

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