Um carteiro de Severínia (420 km de SP) deixou de entregar cerca de 3.000 cartas na cidade sob a alegação de que "não dava conta" do serviço. A maior parte das correspondências estava escondida na casa do carteiro.
Na quinta-feira (8), após denúncia, a polícia recolheu 500 cartas em um terreno no centro da cidade. A regional dos Correios identificou que o responsável pelas entregas era o carteiro Diose Ferreira da Costa, 18, que trabalhava na empresa havia menos de um mês.
Na casa de Costa, a polícia encontrou outras 2.500 cartas incluindo faturas de cartão de crédito, boletos bancários e contas de luz e telefone que não foram entregues.
Em depoimento à polícia, o carteiro disse que não estava conseguindo atingir a meta diária de entregas estabelecida pelos Correios. Com medo de ser demitido, resolveu esconder as cartas em casa. A estatal não informou qual era essa meta.
Segundo a diretoria regional do interior paulista dos Correios, Costa não é empregado efetivo da estatal e foi contratado por uma empresa terceirizada para cobrir férias de carteiros da região. Ele já foi desligado de suas atividades na ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos).
Ainda segundo os Correios, a área em que Costa trabalhava compreendia seis avenidas e uma parte de um conjunto residencial no centro da cidade. Severínia tem 16 mil habitantes.
As cartas apreendidas pela polícia já começaram a ser distribuídas pelos Correios por dez carteiros de cidades vizinhas destacados para o trabalho.
Costa será indiciado por violação de correspondência. Condenado, pode pegar de um a três meses de prisão, além de pagar multa. Ele irá responder ao processo em liberdade.
Sem carta
A funcionária pública Ana Maria de Marqui, 46, que mora na área que teve a distribuição de cartas afetada, disse que pagou a conta do cartão de crédito com multa no banco.
"Ligava para a empresa para pedir a fatura e eles diziam que tinham enviado. Cansei de esperar e, quando passou o vencimento, fui ao banco pagar." Marqui disse ainda que recebeu apenas hoje a conta de telefone, que vencia dia 24.
Fonte: Folha