A intenção de reorganizar os vôos e diminuir os horários de pico nos aeroportos brasileiros, antecipada ontem pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), será discutida nesta semana em meio a protestos de representantes das empresas aéreas. Segundo o diretor financeiro do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), Paulo Castello Branco, a mudança do horário dos vôos mais requisitados poderá deixar passageiros no chão.
"O passageiro de negócios, que voa no horário de pico, não vai voar no meio do dia", defendeu Castello Branco, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo. Segundo ele, as empresas aéreas também teriam prejuízos com uma eventual alteração na escala de vôos, uma vez que fizeram investimentos pesados prevendo uma demanda adequada à malha viária atual.
A proposta do governo, antecipada pelo presidente da Anac, Milton Zuanazzi, e confirmada pelo comandante do Departamento de Controle de Tráfego Aéreo (Decea), Paulo Roberto Vilarinho, prevê redistribuição de vôos nos horários considerados "de pico": entre 7h e 9h30 e 17h e 19h30.
A discussão a respeito de uma nova grade se dará diretamente entre Anac, Aeronáutica e as empresas aéreas. Enquanto representates das empresas relutam em aceitar a redistribuição do horário dos vôos, aceitam discutir outras alternativas para acabar com os atrasos e cancelamentos de vôos nos principais aeroportos do Brasil.
Uma das alternativas a ser discutida é a criação dos "tubulões", novas aerovias ligando o leste ao oeste do País e o Sudeste ao Norte ou Nordeste.
Ontem, as perspectivas de um fim na crise aérea brasileira foram dissonantes. O comandante da Aeronáutica, Luiz Carlos Bueno, previu a chegada de mais controladores até o final do ano, mas o presidente da Anac e o próprio ministro da Defesa, Waldir Pires, previram um cenário menos otimista. Em audiência pública realizada ontem no Senado para discutir o problema, Pires admitiu que os atrasos e cancelamentos poderão perdurar por até um ano.
Redação Terra