A sociedade tende a deixar os idosos de lado e favorecer os jovens, no Brasil e em todo o mundo, afirmou a coordenadora científica do Centro Latino-americano de Estudos de Violência e Saúde (Claves) da Fiocruz, Maria Cecília Minayo.
Durante a 1ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, que se realiza em Brasília até sexta-feira (26), a pesquisadora falou hoje (24) sobre violência e maus tratos contra os idosos, e informou que os acidentes de trânsito são a primeira causa de morte violenta dessa população, causados principalmente pela falta de infra-estrutura e adequação às necessidades dos idosos.
Ela acrescentou que cerca de 75% dos idosos brasileiros são pobres, ou seja, estão na faixa dos que recebem de meio a três salários mínimos. Isso significa que a maioria deles usa ônibus ou anda a pé. E as mortes ocorrem devido a lesões causadas pelos chamados trancos, nas arrancadas e freadas dos ônibus. “Se ele não morre, em geral tem lesões muito graves. E se sabe que dos idosos que têm lesões graves provocadas por esses acidentes, um terço morre no primeiro ano depois deles”.
Em 2002, quase 15 mil idosos morreram por acidentes e violência – mais de 9,8 mil eram homens (65,76%) e 5 mil, mulheres (34,24%), segundo dados do DataSus e do Claves. As quedas, o homicídio e o suicídio são as causas seguintes de mortes violentas entre as pessoas de terceira idade. “No conjunto das violências que vitimam os idosos, 10% são homicídios, quase sempre causados por brigas, mas sobretudo acontecem em casa, quando a família morre”,disse.
Já o suicídio, “causado principalmente pela desesperança”, segundo a coordenadora da Fiocruz, atinge mais os homens (9,7%) que as mulheres (7,3%). O abandono, que Maria Cecília classifica como “violência invisível” é outra forma de agressão que atinge essa população. “Não dá para detectar, porque freqüentemente ela não leva a pessoa para o hospital, mas hoje umas das grandes questões, além da violência física é a violência psicológica, é a violência da negligência”, explicou.
A pesquisadora apontou a formação de cuidadores familiares como uma forma de reduzir a violência. Segundo ela, 95% dos idosos vivem com as famílias e 26% dos lares brasileiros têm pelos menos um idoso. “Isso significa que nós estamos com um fenômeno de crescimento e envelhecimento e uma necessidade de preparação da família para atender o seu idoso – o saudável, mas sobretudo o dependente”. Maria Cecília acrescentou que “é mais barato para o governo dar um apoio à família do que criar mais hospitais e asilos”.
Agencia Brasil
Acidentes de trânsito causam maior número de mortes violentas de idoso
None
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil