No final do ano, o rendimento extra dos trabalhadores que recebem o 13º salário muitas vezes é aplicado em reparos e reformas em casa. Com isso, cresce também a quantidade de acidentes envolvendo a rede elétrica.
Outro fator que faz o número de acidentes crescer é o aumento do uso de pipas, por conta das férias escolares.
Na comparação entre 2005 e 2006, as mortes ocasionadas por esses acidentes dobraram, passando de sete para 14 na capital e nos outros 23 municípios do Estado atendidos pela Eletropaulo.
Segundo a empresa, a falta de informação e o uso de mão-de-obra não especializada na construção de puxadinhos, lajes e pavimentos superiores fazem com que os acidentes cresçam 30% entre novembro e janeiro.
"A população não tem a percepção do risco que está correndo, não consegue identificar que, caso se aproxime de rede elétrica, pode sofrer conseqüências sérias", diz Carlos Prestes, gerente de segurança da companhia.
A cada cinco pessoas que entram em contato com um fio de alta tensão, uma morre.
De acordo com Prestes, a maioria dos acidentes desse tipo que lideram a lista de ocorrências registradas pela Eletropaulo acontece em áreas invadidas e na periferia. É o caso da rua Dianópolis, na Vila Prudente (zona leste de SP): a via, que leva a uma favela, acumula construções impróprias que oferecem grande risco aos moradores. Na rua, os fios e as construções convivem lado a lado.
Mesmo após a reforma, o risco de acidente é grande, caso a fiação elétrica tenha ficado perto de janelas.
"Nunca deixo nenhuma criança chegar perto da janela. Elas têm mania de colocar a mão para fora", afirma a metalúrgica aposentada Maria do Rosário dos Santos, 53 anos. Ela reconhece os riscos da pequena casa de alvenaria onde vive há dois anos, na região de Pirituba (zona norte de SP). "Sei que é perigoso, mas foi o que eu pude comprar", afirma. Quem chega à sacada situada no terceiro pavimento fica bem perto dos fios de alta tensão da rede elétrica. "Eu tento tomar cuidado. Quando chove, nem chego perto da sacada", diz.
A casa não possui acabamento e tem duas escadas improvisadas, uma de madeira e outra de alvenaria, com degraus irregulares.
Segundo a Eletropaulo, quando a fiação fica próxima à construção, como na casa de Maria do Rosário, é possível solicitar que a companhia afaste os cabos. Os fios de telefone que ficam abaixo dos fios de energia, nos postes não possuem corrente elétrica, porém também é desaconselhável que fiquem muito próximos das casas.
Para prevenir os acidentes com fios elétricos, a Eletropaulo promove palestras preventivas ministradas por um grupo de 870 voluntários. Segundo a empresa, 200 mil pessoas já participaram desses eventos só neste ano.
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