Jogos Olímpicos

Veja 10 atletas brasileiros com grandes chances de medalha na Olimpíada de Tóquio

Veja abaixo 10 atletas que têm tudo para ajudar o Time Brasil a atingir essa façanha na Olimpíada do Japão.

Veja 10 atletas brasileiros com grandes chances de medalha na Olimpíada de Tóquio

Apelidado de Piu, Alison dos Santos é a maior revelação do atletismo do Brasil nos últimos anos. — Foto:Pedro Ramos / rededoesporte.gov.br

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — Em tempos de paz, o torcedor brasileiro nunca aguardou tanto tempo para o início de uma edição dos Jogos Olímpicos. A Olimpíada de Tóquio-2020 começa no próximo dia 23 e, com a entrada de esportes como skate e surfe no programa de competições, o Time Brasil tem chance de superar a campanha dos Jogos do Rio-2016.

Há cinco anos, competindo em casa, a equipe brasileira terminou em 13º lugar no quadro geral de medalhas, com 7 ouros, 6 pratas e 6 bronzes. Veja abaixo 10 atletas que têm tudo para ajudar o Time Brasil a atingir essa façanha na Olimpíada do Japão.

Alison dos Santos

Apelidado de Piu, Alison dos Santos é a maior revelação do atletismo do Brasil nos últimos anos. Nesta temporada, o corredor paulista bateu quatro vezes o recorde sul-americano dos 400 m com barreiras recolocando o país no mapa mundial da prova, algo que não acontecia desde a aposentadoria de Eronilde Nunes Araújo, quinto colocado nos Jogos de Sydney-2000.

A disputa mais acirrada de Alison neste ano aconteceu em 1º de julho, quando cravou 47s38 para ficar em segundo lugar na Liga Diamante de Oslo, na Noruega. A vitória ficou com o corredor da casa, Karsten Warholm, que quebrou o recorde mundial ao correr em 46s70.

Três dias depois e sem Warholm na pista, Alison foi ainda melhor, marcando 47s34, novo recorde sul-americano, para vencer a Liga Diamante de Estocolmo, na Suécia. O norueguês será o grande rival do brasileiro em Tóquio.

O Brasil não ganha medalha olímpica em prova individual em pista de atletismo desde os Jogos de Seul-1988. Alison dos Santos é a melhor chance de o país se livrar desse incômodo jejum.

Ana Marcela Cunha

Aos 29 anos, a nadadora baiana tenta conquistar sua primeira medalha olímpica na maratona aquática.

Em Mundiais, Ana Marcela Cunha soma 11 pódios (5 ouros, 2 pratas e 4 bronzes). Na última edição do Mundial, em Gwangju-2019 (Coreia do Sul), mostrou versatilidade ao vencer as provas de 5 e 25 km. Não conseguiu, porém, atingir o pódio nos 10 km, a distância olímpica. Terminou a prova em quinto lugar. No mesmo ano, ganhou o ouro nos 10 km no Pan-Americano de Lima, no Peru.

Tóquio-2020 será a terceira tentativa de Ana Marcela subir ao pódio olímpico. Em Pequim-2008, terminou em quinto lugar. Quatro anos depois, não conseguiu classificação para Londres. Em casa, no Rio-2016, a nadadora errou a estratégia e terminou em décimo.

A baiana sabe que Tóquio-2020 pode ser a última chance de ganhar uma medalha em Olimpíadas. “Sei que minha vida útil [como atleta] estará chegando ao fim”, afirmou, em entrevista à Folha.

Por isso, resolveu privilegiar a preparação olímpica em detrimento do Circuito Mundial de maratona aquática. Acabou beneficiada com o cancelamento de várias etapas. Na única disputada neste ano, em Doha, no Qatar, conquistou a vitória e lidera o ranking mundial da Fina (Federação Internacional de Natação) na modalidade.

Bia Ferreira

A maior esperança de medalha no boxe em Toquio-2020 vem do feminino. Bia Ferreira, 28, é destaque mundial na categoria até 60 kg. A pugilista baiana começou a se destacar em Juiz de Fora, para onde o pai, Raimundo Ferreira, um ex-pugilista conhecido como Sergipe, havia se mudado.

Em 2019, Bia começou a empilhar conquistas. Ela foi campeã do Pan-Americano de Lima, no Peru, e medalha de ouro no Mundial da Rússia. Neste último, também foi eleita a melhor pugilista entre todas as categorias.

Meses antes de o esporte ser paralisado em todo o planeta, ela ainda competiu no Mundial Militar de Wuhan, na China, que seria o primeiro epicentro da pandemia. Terminou com a prata, perdendo a final para Zichun Xu, pugilista da casa, por 3 a 2. Nada que abalasse o prestígio da brasileira, que terminou 2020 na liderança do ranking mundial em sua categoria.

Bia não teme a condição de favorita, nem quer evitar adversárias mais complicadas em Tóquio.

“Normalmente a galera quer correr dos melhores. Eu sempre quis lutar com os melhores. Fico feliz de ser o alvo porque acredito que quando você é o alvo é porque seu trabalho está sendo reconhecido. Mas fico bem atenta porque quero continuar neste posto por muito tempo”, afirma a lutadora.

Duda

No vôlei de praia, poucas vezes uma atleta chamou a atenção de maneira tão precoce. Aos 15 anos, a sergipana Duda Lisboa disputou os três Mundiais de base no mesmo ano. Foi campeã mundial sub-19 com Tainá e vice-campeã sub-23 jogando com Thaís. Ela ganharia, em seguida, o tricampeonato do Mundial sub-19 em 2014 e 2016 (é a única atleta a conseguir esse feito).

Duda também tem no currículo o bicampeonato mundial sub-21 (2016 e 2017). Em Olimpíadas, já subiu no alto do pódio nos Jogos da Juventude de Nanquim-2014.

Em 2017, Duda iniciou a parceria com Ágatha, 15 anos mais velha, visando os Jogos de Tóquio-2020. Desde então, a dupla foi três vezes ao pódio no World Tour Finals, que reúne as oito melhores duplas da temporada, com um ouro (2018) e duas pratas (2017 e 2019). Em 2018, com Ágatha, Duda se tornou a atleta mais jovem a ganhar o Circuito Mundial de vôlei de praia. Tinha só 20 anos.

Após a paralisação do esporte em 2020 por causa da pandemia, a dupla voltou ao circuito internacional nesta temporada e é a líder do ranking mundial da FIVB (Federação Internacional de Voleibol).

Gabriel Medina

Antes de o surfe se tornar esporte olímpico, o paulista Gabriel Medina, 27, já desbravava ondas e obtinha conquistas para o Brasil. Ele foi o primeiro brasileiro campeão mundial de surfe, em 2014. Em 2018, conquistou o bi. Neste ano, lidera com folga a WSL (Liga Mundial de Surfe, na sigla em inglês), que conta com amplo domínio brasileiro nos últimos anos.

Em grande fase, Medina terá algumas dificuldades para realizar o sonho do ouro olímpico. As ondas pequenas da praia de Tsurigasaki, local da disputa olímpica, nivela a competição por baixo e dificulta surfistas técnicos, como o brasileiro.

Por outro lado, o surfista insistiu em polemizar com o COB para conseguir levar a esposa, Yasmin Brunet, à Olimpíada. A modelo usou até as redes sociais para criticar o comitê, que justificou que as credenciais são distribuídas apenas para “um profissional da área técnica com experiência”. Se conseguir superar os problemas dentro e fora do mar, Medina é favorito ao ouro.

Ítalo Ferreira

O surfista potiguar tem uma impressionante história de vida. Ítalo Ferreira aprendeu a surfar aos 8 anos usando a tampa da caixa de isopor que seu pai, pescador, usava para conservar os peixes que pegava.

Vindo de família humilde, ascendeu à elite do surfe mundial em 2015, aos 21 anos. No final do ano, foi considerado o melhor estreante do circuito. Quatro anos depois, conquistou o título mundial da WSL vencendo Gabriel Medina na final, em Pipeline, no Havaí.

Na atual temporada, ocupa a vice-liderança do ranking mundial, atrás justamente de Medina, com quem formará na Olimpíada a Brazilian Storm (Tempestade Brasileira, em português), termo usado pela imprensa norte-americana para se referir ao domínio brasileiro no surfe mundial nas últimas temporadas.

Ítalo tem um trunfo nas mãos: as condições da praia de Tsurigasaki, com ondas baixas, são semelhantes às de Baía Formosa (RN), onde nasceu e treina.

Nathalie Moellhausen

Provavelmente, nenhum atleta do Time Brasil pode dizer que é tão cidadão do mundo como a esgrimista Nathalie Moellhausen, campeã mundial de espada em Budapeste, em 2019.

Italiana de nascimento, ela decidiu defender o Brasil, terra de sua mãe, a partir de 2014. Na época, tinha perdido espaço na equipe de esgrima da Itália, uma das potências da modalidade. Pela seleção italiana, conquistou um ouro e dois bronzes em Mundiais. O pai alemão, Philippe Moellhausen, que morreu em 2018, foi seu maior incentivador. Não bastasse isso, Nathalie é casada com um argentino. Ela mora e treina na França.

Pelo Brasil, conquistou também duas medalhas de bronze no Pan-Americano de Toronto-2015 (no individual e por equipes) e outro bronze no Pan de Lima-2019, dias depois de ter sido campeã mundial.

Nos Jogos do Rio de Janeiro-2016, chegou às quartas de final, sendo o melhor desempenho do Brasil no esporte em Olimpíadas (ela seria igualada dias depois por Guilherme Toldo). Quarta colocada no ranking mundial, Nathalie chega com chances reais de medalha em uma modalidade na qual o Brasil nunca teve tradição.

Pâmela Rosa

Paulista de São José dos Campos, Pâmela Rosa, 21, lidera o ranking mundial de skate street. Seu grande momento neste ciclo olímpico foi a conquista do Mundial da modalidade disputado em São Paulo, em 2019, antes de a pandemia paralisar o skate por vários meses.

Ela fez dobradinha no pódio com a compatriota Rayssa Leal, que ficou com a prata. A imagem de Pâmela carregando a amiga nos ombros após a vitória ficou na memória entre os fãs do esporte.

A skatista começou na modalidade por acaso. Certo dia, um amigo de um dos irmãos levou um skate até a casa dela quando foi fazer um trabalho escolar. A menina se apaixonou pelo equipamento, embora a família temesse que ela fosse se machucar por causa da pouca idade. Depois disso, insistiu tanto com a mãe, Evânia, que ganhou seu próprio equipamento. Acabou decolando.

Rayssa Leal

A maranhense despontou cedo para a modalidade. Aos 7 anos ganhou o primeiro Brasileiro de skate street contra meninas de até 10 anos. Na ocasião, a família retornou de ônibus do campeonato, disputado em Blumenau (SC), até Imperatriz (MA), local em que vive, em uma jornada de 2.864 km ou 60 horas de viagem. As dificuldades, porém, já tinham começado antes.

Os pais não tinham dinheiro para voltar para casa após o torneio. Tiveram ajuda dos donos de alguns food trucks que tinham trabalhado no evento. A verba deu só para dois lugares, e Rayssa viajou no colo dos pais.

O sacrifício da família foi recompensado no talento da filha, atual segunda colocada no ranking mundial de skate street e uma das favoritas ao subir ao pódio olímpico. Em Tóquio, ela se tornará a brasileira mais jovem a disputar uma Olimpíada adulta -tem apenas 13 anos e sete meses. A marca hoje pertence à nadadora Talita Rodrigues, que competiu em Londres-1948 aos 13 anos e 347 dias.

Apesar da pouca idade, Rayssa já tem currículo de gente grande: foi prata no Mundial de São Paulo-2019 e bronze no Mundial de Roma-2021. Já recebeu até indicação ao prêmio Laureus, considerado o “Oscar do Esporte”.

Wallace

O paulista Wallace Souza, 34, chega aos Jogos de Tóquio como um dos mais experientes no grupo convocado pelo técnico Renan Dal Zotto. Ele foi uma das peças fundamentais na conquista inédita da Liga das Nações.

Na final, disputada em Rimini, na Itália, no mês passado, o Brasil venceu a Polônia, por 3 sets a 1. Wallace foi eleito o MVP e o melhor oposto da competição. Ambas as premiações foram divididas com Kurek, da equipe polonesa, que é bicampeã mundial e será uma das principais adversárias do Brasil na Olimpíada.

Wallace quase não seguiu carreira no vôlei. Começou e parou seguidas vezes durante as categorias de base. Deslanchou no esporte de forma tardia, aos 17 anos. A partir daí, colecionou títulos.

No currículo soma o ouro na Olimpíada do Rio de Janeiro-2016 e a prata em Londres-2012. Agora, tentará o bicampeonato olímpico seguido, algo que a badalada seleção masculina de vôlei ainda não conseguiu.

Há cinco anos, o time brasileiro entrou em quadra para a final olímpica, no Maracanãzinho, na condição de azarão diante da Itália, que vivia grande fase. Venceu por 3 sets a 0. Com Wallace em quadra, desta vez é o Brasil que entra como um dos favoritos ao título.

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