BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) — Doses de reforço da vacina anti-Covid para todos os adultos, mais restrições aos não imunizados e máscaras obrigatórias em espaços internos foram as medidas anunciadas nesta quinta (25) na França para conter o que o país chama de “quinta onda”.
“Não estou anunciando um bloqueio, nem toque de recolher, nem fechamento de empresas, nem limitações de movimento”, frisou o ministro da Saúde, Olivier Véran, no anúncio.
“Optamos por combinar liberdade com responsabilidade. Acreditamos que podemos ultrapassar esta onda sem ter que recorrer a medidas mais restritivas, se utilizarmos de forma eficaz as cartas que temos em mãos”, disse ele.
Nas últimas semana, essas medidas mais restritivas foram impostas – e reacenderam protestos e conflitos – em vários países da União Europeia, entre eles a Áustria, a Holanda, a Letônia e a Eslováquia.
Na França, o reforço de vacina será dado cinco meses após a imunização completa, mesmo intervalo anunciado pelo governo italiano.
Sem a injeção extra, os certificados de vacina deixarão de valer sete meses após a vacinação completa, medida que entra em vigor em janeiro.
Resultados negativos de testes PCR para o Sars-Cov-2 também terão sua validade reduzida, de 72 horas para 24 horas, a partir desta segunda (29).
“Quem não se vacinou e quer ter acesso ao passe de saúde deve fazer o teste todos os dias, à sua própria custa”, disse Véran.
O país antecipa uma tendência que deve se estender a todo o bloco europeu: também nesta quinta, a Comissão Europeia recomendou que todos os seus membros deem a terceira dose à população seis meses depois da segunda, e propôs que os certificados digitais de Covid percam validade nove meses após a imunização completa.
As autoridades de saúde francesa e italiana justificaram o intervalo menor para a dose de reforço pelo “contexto preocupante em relação à epidemia”: o número de novos casos de Covid tem crescido há mais de um mês na maioria dos países europeus, o que elevou o risco de pressão sobre os sistemas de saúde.
Segundo o ministro francês, nos hospitais do país a proporção de pacientes não vacinados equivale a dez vezes a de vacinados.
Com a autorização dada pela EMA (regulador europeu) nesta quinta para aplicação da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos, o governo francês consultará as autoridades de saúde do país. Caso haja chancela, a imunização dessa faixa etária começa em 2022.
O uso obrigatório de máscaras faciais em espaços públicos internos, mesmo onde o certificado digital é exigido, começa nesta sexta (26). A proteção também será compulsória em áreas ao ar livre de grande circulação.
Na direção contrária, o governo francês também mudou as regras para evitar que escolas primárias sejam fechadas sempre que houver um caso confirmado de Covid. Em vez disso, alunos farão testes frequentes — gratuitos no país para menores de 18 anos–, e os que forem negativos poderão ter aulas presenciais.
Na Itália, além do reforço na vacinação para todos os adultos, a lista de profissões nas quais a imunização é obrigatória foi ampliada: além de profissionais de saúde, passa a incluir professores, policiais e militares.
A partir de 6 de dezembro, as restrições para os habitantes não imunizados serão ampliadas: o chamado “passe superverde” italiano será obrigatório para frequentar cinemas, teatros, estádios esportivos, bares, restaurantes, casas noturnas e academias de ginástica.
O certificado será dado apenas a quem tiver completado sua vacinação ou se recuperado de Covid — deixará de valer a opção de apresentar um teste negativo para o Sars-Cov-2.
Como em várias regiões alemãs, a Itália também passará a exigir comprovação de imunidade para frequentar o transporte público — nesse caso, será válido um teste negativo feito até dois dias antes.
Na Holanda, que impôs um confinamento parcial há duas semanas, o Ministério da Saúde afirmou que novas restrições estão em estudo, apesar de protestos violentos que deixaram feridos e levaram a quase 200 prisões.
As regras atuais impõem o fechamento de restaurantes e bares às 20h e limitam reuniões internas a quatro pessoas. Entre as novas possíveis medidas estão impedir que não vacinados frequentem cafés, bares e restaurantes — hoje, eles podem apresentar teste negativo.
Na Alemanha, o provável futuro primeiro-ministro, Olaf Scholz, priorizou o combate à quarta onda no discurso em que anunciou um acordo de coalizão para formar o governo que sucederá o de Angela Merkel.
Entre outras medidas, ele defendeu a vacinação obrigatória para profissionais de saúde e funcionários de asilos. Estados alemães estudam ampliar também as restrições aos não vacinados, excluindo a opção de apresentar um teste negativo para frequentar espaços públicos.