(Walter Galvão, Correio da Paraíba, 14/06/13)
Foi em 1996 na Turquia que pela primeira vez a Organização das Nações Unidas reuniu a comunidade internacional e fixou a importância dos municípios na conquista efetiva de um desenvolvimento sustentável. Obviamente, muito antes já se sabia que as soluções para os problemas ambientais mais graves e urgentes dos núcleos hiperurbanizados só poderiam surgir nas próprias cidades atingidas por problemas cíclicos como os alagamentos que mais uma vez paralisam a Capital paraibana.
E quanto à importância do protagonismo dos municípios, foi antes de 1996 que conquistamos plenamente essa consciência. Pois a nossa Constituição Cidadã, de 1988, tornou o município um ente federativo, o que não ocorria anteriormente.
Se é a cidade o palco para a evolução de práticas administrativas capazes de superar as armadilhas que a urbanização impõe às populações, só temos a concluir que as gestões municipais dos últimos anos em João Pessoa falharam miseravelmente no controle das inundações.
Além do caos urbano, da expulsão de famílias de suas casas, de transformarem
o trânsito num campo minado, as inundações espalham doenças que só dificultam o cotidiano já difícil das populações economicamente fragilizadas. Mas quase nada é feito para minimizar o problema. No âmbito do serviço público, jamais se ouviu falar em João Pessoa de inovações tecnológicas para o enfrentamento eficaz dos alagamentos.
Entre nós, população, o que se vê é apenas reclamação. Mal-educados, jogamos lixo nas ruas e fazemos ligação clandestina do nosso esgoto nas galerias pluviais. Alienados, praticamos o consumismo irresponsável, comprando o desnecessário e estocando o inútil. Indiferentes, não cobramos educação ambiental às escolas em que nossos filhos aprendem a repetir nossos erros. Agora, a cidade é mais uma vez a panela que transborda. E não adianta reclamar ao bispo.