Após as direções nacionais do PT, PCdoB e PV registrarem nessa segunda-feira (18) o estatuto e o programa da Federação Brasil da Esperança (FE Brasil) que oficializa a união para o pleito de outubro, a presidente estadual do Partido Comunista do Brasil, Gregória Benário, descartou que haja possibilidade de interferência no apoio à reeleição de João Azevêdo (PSB).
Em entrevista ao ClickPB, Gregória se mostrou convicta acerca de uma unidade central de ambos os partidos para apoiar a candidatura do governador. “A criação da Federação não irá afetar os planos do PCdoB em apoiar a reeleição do governador João Azevêdo (PSB). Esse projeto quer a eleição do pré-candidato Lula. Permanecemos nessa construção e tudo será decidido com diálogo em todas as bases da federação”, disse ao ClickPB.
Segundo ela, mesmo com o racha existente dentro do próprio Partido dos Trabalhadores, com ala apoiando o adversário Veneziano Vital do Rêgo, ela acredita que haverá diplomacia para solucionar o problema sem que seja necessária a interferência nacional, para o caso de falta de acordo no cenário local.
“As questões regionais vão seguir o mesmo ritmo do âmbito nacional. A Comissão provisória vai ter os seus acentos, haverão as votações internas. Se a Federação lançar uma candidatura, então fica essa candidatura oficial. Vai caber a federação se definir acerca do apoio. Se no âmbito estadual não conseguir unidade, aí será decidido nacionalmente. Espero que possamos chegar a um denominador comum. É extremamente importante a reeleição de João Azevedo que está atrelada a vitória de Lula no Brasil. É uma visão de primeira ordem e acho que o PT deverá compreender essa lógica”, salientou.
Para ela, as mudanças foram necessárias e faz parte de uma reivindicação antiga do seu partido. “Foi extremamente importante, foi luta nossa a aprovação das federações. Nós lutamos pela aprovação desse projeto de lei. Dialogamos com os demais partidos para que isso fosse possível”, destacou.
Na composição da Assembleia Geral, cada partido terá de indicar no mínimo 30% de mulheres e no mínimo 20% respeitando o critério étnico-racial. A Comissão Executiva Nacional da Federação terá 18 membros. Os presidentes de cada um dos partidos são membros natos da comissão e as outras 15 vagas seguirão à proporção dos votos obtidos na eleição para a Câmara de 2018.
A primeira presidenta da FE Brasil é a deputada Gleisi Hoffmann (PT); a primeira vice-presidenta, Luciana Santos (PCdoB), e o segundo vice, José Luís Penna (PV). O mandato é de um ano, com rodízio entre os presidentes de cada um dos partidos, podendo haver recondução por decisão unânime.
“É tudo muito novo e muita gente não sabe como vai lidar com isso. A Federação é uma prerrogativa nova que dá uma opção para que os partidos possam se juntar e se fortalecer. Tira a modalidade de coligação nas chapas proporcionais, sem perder a autonomia e independência interna dos partidos, que continuam com os fundos e as siglas da mesma forma, mas que passa ter novo estatuto que vai guiar os trâmites das fusões que seguirão juntos nos próximos quatro anos. Pode ocorrer que um dos partidos saia, mas tem também os critérios”, explicou.
Comunicado da Federação Brasil da Esperança
Este 18 de abril é um marco histórico na vida política brasileira. Nasce a Federação Brasil da Esperança (FE Brasil), que se constituiu como expressão da necessidade e do anseio de união das forças populares, democráticas, progressistas para, junto com uma ampla aliança, restaurar a democracia, promover a reconstrução e a transformação do Brasil e garantir vida digna ao povo brasileiro.
Unidade, espírito construtivo e compromisso com o Brasil e o povo brasileiro regeram o trabalho, nos últimos meses, do Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Verde (PV). Estamos ousando, construindo uma ferramenta nova, inovando e renovando a forma de fazer política, apostando na unidade e na convergência em torno de ideais e compromissos elevados com nosso país, que se expressam na Carta Programa de nossa Federação. Valorizamos a democracia interna e construímos um estatuto que estimula a busca pelo consenso.
A FE Brasil surge desafiada por uma grande responsabilidade: atuar como força decisiva para libertar nosso país do desastroso governo da extrema da direita. Tendo em vista essa gigantesca tarefa, a Federação terá que, em torno da liderança da ex-presidente Lula, agregar, reunir e mobilizar amplas forças políticas, sociais, econômicas e culturais para que o povo e a democracia sejam vitoriosos nas eleições de outubro.
Simultaneamente, nossa Federação buscará eleger grandes bancadas progressistas para o Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas, bem como um expressivo número de governadores/as, criando as condições para que o governo eleito por essa ampla aliança tenha as condições para promover as mudanças e grandes transformações de que o país necessita.
É com grande alegria e elevado senso de responsabilidade, portanto, que anunciamos o nascimento da FE Brasil, vocacionada a ser um grande instrumento político do povo, das forças democráticas e progressistas. Estamos convictos de que ela cumprirá papel decisivo para trilharmos a vitória eleitoral nas eleições de 2022 e construirmos uma nova maioria que possa devolver a esperança ao nosso povo.
Brasília, 18 de abril de 2022
Gleise Hoffman, presidenta do PT
Luciana Santos, presidenta do PCdoB
José Luís Penna, presidente do PV