Garimpeiros brasileiros têm cruzado a fronteira para explorar ouro em terras ianomâmis na Venezuela. Ao longo dos últimos seis meses, o UOL teve acesso a vídeos, fotos, documentos inéditos e fez entrevistas com indígenas e especialistas em questões ambientais que apontam o avanço de trabalhadores ilegais em ao menos cem comunidades de diferentes etnias na Amazônia do país vizinho.
Para a manutenção do esquema, há pagamento de subornos em ouro ao Exército da Venezuela e a dissidentes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), segundo os relatos ouvidos pela reportagem. Procurado durante três semanas, o governo de Nicolás Maduro não se pronunciou sobre as acusações.
Segundo a reportagem apurou com integrantes da Polícia Federal, do lado da Venezuela o crime não pode ser combatido, a não ser que os garimpeiros tragam ouro para o lado brasileiro. Mas, para evitar serem punidos por contrabando, parte dos garimpeiros deixa as pepitas na Venezuela, vende para outras pessoas e recebe o dinheiro no Brasil, em uma operação conhecida como dólar-cabo.
Droga, morte e ouro na “economia” do crime
Não há consenso sobre a quantidade de brasileiros em ação no país vizinho: o número varia de 500 a até 5 mil, dependendo da fonte. Os trabalhadores atuam em mais de cem áreas de garimpo ilegais.
Três indígenas ouvidos pela reportagem afirmaram que os garimpeiros pagam 30 gramas em ouro a militares venezuelanos por cada máquina instalada. Segundo a ONG SOS Orinoco, com base em depoimentos de indígenas, há atualmente 34 máquinas ativas em sete setores apenas na Serra da Parima.