Clilson Júnior

A arma, a bala e a morte de Bruno Ernesto do Rêgo Moraes!

A morte foi banalizada de tal modo que só nos resta, enquanto humanos, os rituais, a consolação religiosa e todas […]

A morte foi banalizada de tal modo que só nos resta, enquanto humanos, os rituais, a consolação religiosa e todas as formas materiais que a sociedade criou ao longo de sua existência para guardar alguém, na memória. Morrer virou um detalhe – penso hoje – como se fosse o último capitulo de um livro de cada história individual dos que se vão. 

 

O óbvio ululante para qualquer cidadão seria descobrir a “paternidade” das armas e munições.

Morrer na Paraíba virou lugar-comum – viver por aqui é muito perigoso -, ou se vive na covardia ou se morre no anonimato. Não existe crime perfeito, principalmente porque quem mata ou manda matar habita em um universo cheio de imperfeições que deixam rastros, detalhes banais, que na lente de qualquer agente de investigação, torna-se a prova que faltava para desmontar qualquer tentativa de macabra de uma falsa história.


Sempre esperamos reviravoltas mirabolantes capazes de descobrir os culpados de crimes como da menina Rebeca ou do jornalista Ivanildo Viana. O tempo passa e a cada minuto nos distanciamos da verdade dos fatos. 


No dia 7 de fevereiro de 2012 o jovem Bruno Ernesto do Rêgo Morais, 31 anos, diretor de Infraestrutura e Suporte da Prefeitura de João Pessoa, saiu para trabalhar logo cedo e não sabia que uma verdadeira “quadrilha organizada”, já havia tramado e sentenciado sua morte com detalhes assustadores. Enquanto Bruno trabalhava naquela tarde, sete criminosos (quatro menores na faixa de 17 anos e três adultos), já estavam de plantão desde o início da tarde, esperando sua chegada em casa, para roubar o seu carro, um veículo popular, financiado.  Fico a imaginar como sete marginais se reúnem e planejam roubar um veículo popular, saem de suas moradias distantes cerca de oito quilômetros da casa da vítima, de forma planejada, e aguardam por mais de 3 horas a chegada da vítima com seu veículo. Nos depoimentos, confessaram que tinha que ser aquele carro, daquela vítima, pois era uma “fita dada”, ou seja, informações privilegiadas foram fornecidas aos assassinos, por alguém que conhecia a rotina de Bruno Ernesto. 


De acordo com a trama perversa, o servidor foi rendido pela quadrilha no bairro dos Bancários, onde morava, por volta das 19 horas, colocado na mala do próprio carro e levado a uma área deserta da zona sul. No local, foi morto a tiros. Um dos assassinos confessou no processo que o jovem ainda pediu para não ser morto. Foi colocado de joelhos e levou dois disparos pelas costas. Bruno apresentava tiros na nuca e disparados a curta distância, na covardia, fruto da perversidade e com características de execução ou vingança.


Como uma quadrilha executa uma ação criminal e animalesca em troca de um carro popular que seria comercializado por 5 mil reais? Mente de bandido é um terreno que pessoas do bem jamais conseguirão decifrar.


Ao finalizar o plano macabro, deixaram a cena do crime e foram dar um “rolezinho” com o carro do filho de Inês e Ricardo, enquanto uma legião de amigos anunciava o desaparecimento de Bruno por meio de redes sociais, pedindo ajuda para localizá-lo. 


A briosa Polícia Militar da Paraíba encontrou um dos bandidos com o carro de Bruno no bairro do José Américo e depois foi encontrado o corpo do funcionário público em Gramame. Já era madrugada de oito de fevereiro.


O inquérito policial que apurou a execução de Bruno Ernesto foi concluído e o delegado responsável pelo caso, Dr. Everaldo, plantonista da Delegacia de Homicídios de João Pessoa, concretizou as suspeitas iniciais de latrocínio, ou seja, sete bandidos se organizaram para roubar e matar Bruno Ernesto.


A partir dai, foram julgados e condenados, todos, com penalidades máximas para cada marginal de menor ou maior idade, conforme determina o Código Penal Brasileiro.


Ponto final? Ainda não.


Os pais de Bruno Ernesto, Inês Ernesto do Rêgo Moraes e Ricardo Figueiredo de Moraes, jamais acreditaram totalmente na versão oficial dada a morte do filho amado. Latrocínio? Bruno era diretor de Infraestrutura e Suporte da Prefeitura de João Pessoa, braço e berço do Projeto Jampa Digital. Foi lá – antes de Bruno ser diretor – onde foi montado todo esquema do projeto que virou escândalo nacional. 


Um especialista em investigação confidenciou que é quase impossível um delito como esse não deixar “rastros” que auxilie os especialistas a seguir seus passos. A cena do crime foi à última oportunidade de Bruno Ernesto falar. Tecnicamente, para haver um crime, deve existir a vítima, os executores e o objeto utilizado para a execução. No caso de Bruno Ernesto, os executores utilizaram armas de fogo. Dois revolveres calibre .38, de marca Taurus. As duas armas que estão citadas no processo, “não tinham numerações raspadas“, como costumam usarem a maioria dos bandidos, para dificultar a origem da propriedade da arma. 


Pois bem, se as armas utilizadas na trama criminosa, de acordo com o inquérito policial, possuem registro e as munições encontradas com a arma, em número de quatro, também tem o número de lote cravado em suas capsulas, o óbvio gritante para qualquer cidadão, até aquele que não entende nada de segurança pública, seria durante a investigação saber a quem pertencia às balas e as armas encontradas na cena do crime, ou não?

 

O óbvio ululante para qualquer cidadão seria descobrir a “paternidade” das armas e munições, já que em suas estruturas existem informações indicativas de marca, calibre e número de séries visíveis a olho nu. 


Porque não saber os proprietários das as armas encontradas na cena do crime e quem comprou as munições?


Já se sabe. A dúvida dos pais foi parar na Procuradoria Geral da República, que instaurou procedimento conhecido como “Notícia de Fato” a partir notícias sobre a morte de Bruno Ernesto. Na PGR, a partir do número de série do revolver, do lote das munições encontradas na cena do crime, baseado no inquérito policial e no processo judicial (imagens acima), sabe-se que o revolver Taurus .38 com numeração “ND95941” é registrada no Sistema Nacional de Armas  (SINARM) sob número 199900156639883, no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, com circunscrição em todo o território nacional, responsável pelo controle de armas de fogo em poder da população, conforme previsto na Lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento). Para o SINARM a arma pertence a quem supostamente deveria garantir a vida de Bruno ou qulquer outro cidadão. 


Já quem suspostamente adquiriu as munições, calibre .38 tipo SPL + P de marca CBC Hollow Point (dumdum) com o seguinte numeração de lote “AHQouO92”, é um detalhe tão assustador que deixo para as autoridades contarem após conclusão do procedimento investigatório federal!


Que Deus Todo Poderoso me proteja deste ponto em diante.

COMPARTILHE

Bombando em Clilson Júnior

1

Clilson Júnior

Padre Egídio, no hospital, na sala de cirurgia!

2

Clilson Júnior

19 de março de 2017, Lula em Monteiro

3

Clilson Júnior

Vené, o senador de Lula

4

Clilson Júnior

E agora Ruy Carneiro?

5

Clilson Júnior

O Big Brother do Padre Egidio e as gravações que vão balançar o poder