Como advogada paraibana e defensora de uma OAB autônoma, comprometida com a diversidade da advocacia e com a sociedade, sinto-me no dever de abordar um tema que, recentemente, tem gerado inquietação em nossa classe: a politização da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Paraíba (OAB-PB). Este é um debate delicado, mas necessário, pois diz respeito à nossa representatividade e ao espaço que deveria ser o refúgio de nossos interesses profissionais, longe de qualquer influência externa.
A atual gestão da OAB-PB, sob a presidência de Harrison Targino, torna evidente a necessidade de retomarmos o espírito independente que deveria guiar nossa instituição. O cargo de presidente da OAB exige um compromisso firme com a defesa da advocacia e do Estado Democrático de Direito. No entanto, muitos advogados e advogadas têm percebido que a gestão atual parece se afastar dessa missão essencial, aproximando-se de interesses políticos específicos, o que preocupa toda a classe.
O atual presidente, cuja trajetória inclui importantes cargos públicos, mantém vínculos históricos com um influente grupo político do estado. Essa relação, que inclui uma sociedade em escritório de advocacia com um dos líderes do grupo, e que hoje é liderado por uma nova geração da mesma família, levanta questões sobre até que ponto esses laços podem influenciar a condução da Ordem. É legítimo questionar se é possível, com tais conexões, manter a independência necessária para presidir uma instituição que deve representar todos os advogados, sem alinhamento político.
A gestão da OAB-PB deve focar nos interesses da advocacia, mas, nos últimos tempos, a atuação da Ordem tem levantado dúvidas sobre sua imparcialidade. A classe espera uma OAB que defenda as prerrogativas dos profissionais de forma justa e apartidária, que funcione como um escudo contra abusos e ofereça um espaço seguro para o exercício da advocacia. Nossa instituição não pode se tornar uma plataforma para agendas políticas particulares.
Além disso, é importante mencionar que, embora Harrison Targino não tenha sido diretamente envolvido em polêmicas como o escândalo da Cruz Vermelha, seu sócio à época e o endereço comercial de seu escritório foram citados no episódio. Essa proximidade com figuras políticas envolvidas reforça a necessidade de transparência e neutralidade em uma instituição como a OAB. A Ordem precisa ser um exemplo de integridade e imparcialidade, características essenciais para que a advocacia possa se fortalecer e atuar em benefício da sociedade.
Vejo com bons olhos o clamor de tantos colegas advogados que desejam uma OAB livre de vínculos partidários. Queremos uma Ordem que seja de fato nossa, onde todos se sintam representados, e não uma entidade que pareça atrelada a grupos de poder. Nossa classe está cada vez mais consciente da importância de uma OAB que realmente nos defenda e represente. A diversidade de opiniões e perfis na advocacia exige uma instituição que se mantenha equidistante de qualquer aliança política.
Neste momento decisivo para a advocacia paraibana, precisamos refletir sobre o futuro da nossa Ordem. A política, embora essencial para a democracia, tem seu espaço próprio. A OAB, por outro lado, deve preservar sua identidade como defensora da advocacia e do Estado Democrático de Direito, sem comprometer-se com interesses externos. Nossa força está na independência e na capacidade de servir a todos os advogados de maneira justa e transparente.
Faço, portanto, um apelo a todos os colegas: que possamos, unidos, exigir uma gestão que respeite e valorize nossa classe, sem vínculos que comprometam nossa autonomia. Precisamos honrar o legado de uma OAB imparcial e lutar para que ela continue sendo um espaço de verdadeira representatividade e defesa dos direitos dos advogados.
Nossa OAB precisa de nós. Rogo que possamos, juntos, com a proteção Divina, garantir sua independência e compromisso com a advocacia e com a sociedade. Afinal, uma Ordem livre e autônoma é uma Ordem forte, capaz de defender, com coragem, os interesses da nossa classe e do Estado Democrático de Direito.