Com Marília Arraes (Solidariedade) liderando as pesquisas e associando sua imagem a do petista, a expectativa do PSB é que o ex-presidente Lula deixe claro em sua visita a Pernambuco, que começa hoje, que seu pré-candidato a governador é Danilo Cabral. O desempenho da deputada federal na pré-campanha tem ameaçado a hegemonia de 16 anos dos pessebistas em Pernambuco, estado que serviu de base para a aliança nacional entre PT e PSB.
Deputado federal por três mandatos, Cabral disputa sua primeira eleição majoritária e é pouco conhecido no estado. Ele pretende se tornar mais competitivo ao ser apresentado pelo próprio ex-presidente como o candidato do Lula. O deputado estará ao lado do petista em três atos públicos da viagem: no sertão, no agreste e em Recife.
— A expectativa é que ele (Lula) venha aqui para que possamos tornar mais claro a alternativa que ele tem em Pernambuco. Não é aliança de conveniência e projeto pessoal. Lula é a maior referência política que temos no Nordeste — afirma Cabral.
Marília deixou o PT em março deste ano após ser preterida na disputa para o governo do estado em nome da aliança nacional com o PSB. Apesar disso, continua defendendo a pré-candidatura de Lula à Presidência. Na semana passada, a deputada posou para fotos ao lado do ex-presidente e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), em Brasília. Nas redes sociais, grava vídeos falando do seu alinhamento com Lula e faz provocações a Cabral.
Embaraços
Para não criar embaraços com a aliança entre PT e PSB, a pré-candidata foi preterida das agendas de Lula em Pernambuco. Por meio de sua assessoria de imprensa, ela disse tratar com naturalidade a visita de Lula e que seguirá em pré-campanha não só para se eleger, mas também o ex-presidente.
Uma das estratégias de Cabral frente a ofensiva de Marília será relembrar os avanços do período em que Lula estava na Presidência e Eduardo Campos no governo de Pernambuco. Entre os siglas que estão com Cabral, a expectativa é de que Lula não faça nenhum aceno a Marília nos dois dias em que estiver no estado.
A pré-campanha do deputado atribui o desempenho de Marília nas pesquisas ao recall da última eleição à prefeitura de Recife, em 2020, quando ela perdeu em uma disputa acirrada com o primo João Campos (PSB).
Além disso, caberá ao PT tentar domar dissidentes da pré-candidatura de Cabral e evitar que o pré-candidato seja vaiado como aconteceu em um evento de campanha de 2018. Na época, Paulo Câmara (PSB) concorria à reeleição e foi alvo de manifestações de parte da militância petista que estava insatisfeita com sua candidatura. Embora tenha uma aliança consolidada com o PSB, o PT em Pernambuco admite que há integrantes que apoiam Marília e outros que ainda não têm clareza da posição de Lula sobre qual será seu candidato local.
— A foto divulgada por outros candidatos vinculando sua imagem à do ex-presidente cria uma confusão com a imagem de Lula. Quem está em qual partido e quais nomes irão compor a chapa, são elementos que serão deixados claro a partir de agora —diz o presidente do PT em Pernambuco, Doriel Barros.
Levantamentos internos da sigla mostram que metade dos eleitores consultados sequer sabe que Marília saiu do PT.
Hoje, Lula e Alckmin participam de ato público em Garanhuns, onde o nome da presidente nacional do PC do B, Luciana Santos, deve ser anunciado como vice na chapa de Cabral. No fim da tarde, Lula terá outro ato público, em Serra Talhada, no sertão.
Réplica da casa
Entre os dois compromissos, Lula fará uma parada em Caetés, onde visitará uma réplica da casa onde nasceu na zona rural. A casa de taipa, construída com barro e madeira, foi erguida em uma área desapropriada a partir de informações de familiares do ex-presidente. Depois que o ex-presidente conhecer o local, a casa será aberta para visitação do público.
Na quinta, Lula e Alckmin almoçam na casa de Danilo Cabral, antes do terceiro ato público em Recife, à tarde.