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Acidente da Voepass: relatório do Cenipa aponta defeito em peça e que pilotos não declararam emergência

De acordo com o Cenipa, um dos "packs" do motor esquerdo estava inoperante. Esse equipamento é responsável pela climatização da aeronavel e não impossibilita o voo, de acordo com o órgão da FAB. Porém, há restrições.

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Escombros do avião da Voepass que caiu em Vinhedo (SP) - Foto: Secretaria de Segurança Pública de São Paulo

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB), divulga nesta sexta-feira o relatório preliminar sobre o motivo da queda do avião da Voepass, que deixou 62 pessoas mortas em Vinhedo (SP), no dia 9 de agosto.

De acordo com o Cenipa, um dos “packs” do motor esquerdo estava inoperante. Esse equipamento é responsável pela climatização da aeronavel e não impossibilita o voo, de acordo com o órgão da FAB. Porém, há restrições, como poder voar até 17 mil pés, mas o avião ficou nessa altura o tempo todo de voo.

O relatório confirma que o piloto do ATR da Voepass não declarou emergência para a torre de controle para fazer um pouso alternativo por causa da formação severa de gelo na asa da aeronave. Em situações adversas, o piloto tem autonomia para descer de nível, por exemplo, e com uma temperatura externa mais elevada, evitar o problema.

O tenente-coronel aviador Paulo Mendes Fróes, investigador-encarregado do Cenipa, afirmou que os registros técnicos de manutenção do avião estavam atualizados, e que o certificado de verificação de aeronavegabilidade também estava válido.

— Registros técnicos de manutenção estavam atualizados. A equipe de investigação analisou os registros técnicos nos dias anteriores ao acidente e verificou que estavam atualizados, segundos os registros — disse o tenente-coronel.

A aeronave era certificada para voos em condições de gelo e estava “aeronavegável” segundo os investigadores.

Além disso, ele disse que os pilotos tinham treinamento específico para voar em condições de gelo. O acúmulo de gelo nas asas é uma das hióteses para o acidente — o que ainda não foi confirmado pelo Cenipa.

O relatório final do Cenipa não tem prazo para ser divulgado, mas deve ser concluído em um ano. Os relatórios do Cenipa não apontam culpados, mas o conjunto de fatores que levaram ao acidente. A partir disso, são emitidas recomendações e determinações para melhorar procedimentos, o projeto da aeronave, ou outros aspectos técnicos.

— As investigações ainda se encontram em andamento sobretudo em relações a fatores humanos e técnicos — disse o tenente-brigadeiro, Marcelo Damasceno, comandante da Aeronáutica.

Os dados da caixa preta do ATR foram analisados pelo Cenipa.

A queda da aeronave, que saiu de Cascavel (PR) e iria para Guarulhos (SP), não deixou sobreviventes. Antes de apresentar o relatório para a imprensa, o Cenipa se reuniu com familiares das vítimas e apresentou o relatório.

A Polícia Federal (PF) também apura as razões do acidente. Nesse caso, há sim a possibilidade de se apontar culpados e diligências.

O ATR-72 tinha 57 passageiros e 4 tripulantes a bordo. Pelas imagens do momento da queda, o avião estava em voo de cruzeiro quando perdeu sustentação (estól) e caiu na vertical em espiral — o que em manobras acrobáticas é conhecido como “parafuso chato”.

Pilotos são treinados para recuperar o avião quando há perda de sustentação. No caso do avião da VoePass, o avião tinha altitude para em tese conseguir recuperar a sustentação, o que pode ser um indicativo que o gelo pode ter congelado a asa e o sistema de degelo não funcionou.

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Por O Globo

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