O economista e vencedor do prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, foi anunciado nesta semana como novo líder de governo interino de Bangladesh após a fuga da então primeira-ministra, Sheikh Hasina.
Conhecido como “banqueiro dos pobres”, Yunus criou a primeira instituição financeira do mundo a fornecer microcréditos com taxas de juros mais acessíveis.
A escolha de colocá-lo no poder, inclusive, foi uma exigência dos líderes estudantis que comandaram os protestos que culminaram na renúncia e fuga de Hasina.
Em seu primeiro discurso de volta ao país, Yunus disse que Bangladesh não pode “dar um passo adiante a menos que solucionemos a situação da lei e da ordem”.
“O país tem a possibilidade de se tornar uma nação muito bonita. Seja qual for o caminho que nossos estudantes nos mostrarem, seguiremos em frente. Nós tínhamos acabado com essas possibilidades, agora novamente temos que nos levantar. Para os oficiais do governo aqui e chefes de defesa: nós somos uma família, devemos seguir em frente juntos”, falou.
Quem é Muhammad Yunus
Yunus nasceu em 1940, na cidade portuária de Chittagong. É muçulmano não-praticante e estudou Ciências Econômicas na Universidade de Dhaka.
Posteriormente, ampliou seus estudos nos Estados Unidos com bolsas das instituições Fullbright e Eisenhower. Voltou a seu país em 1972 para dirigir o departamento de Economia da Universidade de Chittagong. Ele continua trabalhando na área acadêmica até hoje.
Mas foram os projetos sociais na área de economia que se tornaram a força-motriz para que Yunus recebesse centenas de premiações e homenagens ao longo dos anos, inclusive o Nobel da Paz, em 2006.
Ele é reconhecido, principalmente, pela criação do Grameen Bank, a primeira instituição especializada na concessão de microcrédito a pessoas de baixa renda do mundo.
O banco foi fundado em 1976, e a ambição de Yunus no longo prazo era justamente contribuir para erradicar a pobreza do mundo por meio de microcréditos, que beneficiam especialmente as mulheres.
A ideia de criara uma instituição desse tipo nasceu durante o período conhecido como “fome de Bangladesh”, em 1974, quando Yunus resolveu fazer um empréstimo pessoal de US$ 27 para um grupo de 42 famílias para que pudessem produzir itens para venda.
“Yunus acreditava que tornar esses empréstimos disponíveis para uma população maior poderia estimular negócios e reduzir a pobreza rural generalizada em Bangladesh”, diz a página oficial do banco.
À época do Nobel, os tomadores de empréstimo do Grameen chegavam a 3,8 milhões de pessoas. Cada um deles se tornavam acionistas do banco e nada menos que 98% eram mulheres. Atualmente, até junho de 2024, já são mais de 9,3 milhões beneficiários, sendo 97% mulheres.