Entrevista

Nilvan lamenta gastos de Prefeitura de Santa Rita com São João: “R$ 10 milhões daria para terminar o Hospital Infantil”

Nilvan Ferreira denunciou o caos na saúde de Santa Rita e condenou os gastos excessivos da Prefeitura da cidade com cachês milionários de atrações para o São João.

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Nilvan recebeu adesão de Estefânia Maroja e de 20 pré-candidatos a vereador do grupo de Pedrito

O comunicador Nilvan Ferreira denunciou o caos na saúde do município de Santa Rita nesta sexta-feira (24), no programa Arapuan Verdade e condenou os gastos excessivos da Prefeitura da cidade com os cachês milionários das atrações para a festa de São João, como acompanhou o ClickPB. “Eu priorizaria (a saúde) porque R$ 10 milhões dá para terminar o hospital (infantil), equipar e dar um atendimento digno às crianças”.

Ele relatou que tem visitado a população nas casas e também nas plenárias e tem ouvido muitas reclamações em torno da saúde do município. “A saúde é o problema preponderante, o gargalo em que vamos ter que ter muita atenção. O prefeito hoje é médico, e a saúde é o principal grito da população”, constatou.

O maior problema citado pelas pessoas, segundo ele, se refere à falta de médico, dentistas. Além disse, há áreas descobertas, sem exames, sem hospitais. Nilvan frisou que João Pessoa tem dado suporte no Trauminha de Mangabeira. Quem faz hemodiálise, precisa buscar atendimento no Hospital São Vicente de Paula ou outro local na capital.

Sobre os gastos com o São João, ele afirmou que, se for eleito, sua gestão fará um evento até maior do que o previsto para este ano. “A Prefeitura buscando parceiros importantes para garantir recursos como faz Bananeiras, Campina Grande, Mossoró, Petrolina, Caruaru. Santa Rita tem que salvar recursos públicos, a prefeitura investir o mínimo possível e fazer com que um evento profissionalizado seja mais atraente do ponto de vista turístico e de oportunidade”.

Ainda segundo ele, se a casa estivesse arrumada, Gustavo Lima poderia cobrar dois milhões. “Mas do jeito que está não tem como admitir que Santa Rita pague R$ 1 milhão e cem para Gustavo Lima cantar uma hora e no outro dia não ter médico, gente morrer porque falta cirurgia numa cidade que tem uma deficiência muito grande na saúde”.

Remanejamento de dinheiro público para o São João

O pré-candidato a prefeito de Santa Rita, Nilvan Ferreira, também comentou o remanejamento de recursos para favorecer o São João. “Para entender, a Câmara, na elaboração do orçamento, o prefeito fica com a liberdade de mexer em 30% do orçamento para remanejar. Geralmente, em setembro, outubro, a previsão é de que faltar um pouquinho para o pagamento do décimo do funcionalismo, e o orçamento vem com uma tutela de que 30% do orçamento seria para corrigir essas distorções no final da execução orçamentária”, iniciou.

Há cerca de 20 dias, segundo ele, a Prefeitura mandou um novo projeto de lei pedindo que a Câmara autorizasse o prefeito – e isso foi aprovado pela bancada de apoio ao prefeito – 40% a mais de liberdade para o prefeito mexer.

“Ou seja, já tinha 30% para remanejar e agora aprovou-se mais 40% para mexer que era exatamente para mexer no dinheiro da saúde, da educação para botar na secretaria de Cultura para fazer o São João. Hoje o prefeito pode mexer em 70% do orçamento desse ano, tira dinheiro da saúde, da educação, da ação social, da agricultura, tirou um milhão e meio semana passada da infraestrutura, que era para calçar rua e melhorar a drenagem também para fazer São João”, denunciou.

E continuou: “Como a Prefeitura não tem dotação orçamentária para o São João e decidiram fazer um São João com as bandas com valor, inclusive destoando do que outras cidades estão pagando, tiveram que fazer essas mexidas para poder garantir, de forma legal, o pagamento da atrações. É essa a explicação em reação a isso”.

Sobre o projeto de lei que aponta a garantia de parcerias público-privadas para que a prefeitura pudesse privatizar parcial ou totalmente serviços em diversas áreas e setores da gestão pública municipal, inclusive educação e saúde, ele afirmou:

“Eu defendo que a gente possa até ter um pensamento liberal em alguns aspectos, mas essa história de mexer em saúde e educação, privatizar ou entregar parte do serviço, que é um serviço fim, eu sou totalmente contrário”, frisou.

Ele disse, inclusive, que houve uma tentativa de votação. “Eu mobilizei os vereadores que nós temos – são cinco na Câmara – para votar contra. Tem um outro vereador do PT e também a vereadora Ivonete, que é pré-candidata, também assumiram o compromisso de votar contra. Já tivemos sete e, para aprovar, precisa de 13 votos e eles não tinham como aprovar isso com sete votos contrários. Foi por isso, inclusive, que desistiram, não botaram mais na pauta da Câmara para poder votar”, explicou.

E emendou: “É algo absurdo numa cidade onde o povo já não tem saúde funcionando, nem educação. A merenda na escola de Santa Rita é arroz branco com ovo cozido todo dia e, quando muda, vai ser bolacha com suco de groselha. Tenho vídeo das crianças comendo arroz com ovo cozido”, lamentou.

Nilvan desaprova festa milionária em detrimento da Saúde: “Falta vontade política”

“Se precisar de atendimento de saúde, a sorte de Santa Rita é a UPA de Tibiri que quem banca é o governo do estado. A UPA era para funcionar melhor, mas está superlotada porque as pessoas, como não têm um PSF funcionando, correm para a UPA que é a tábua de salvação na hora que precisa, inclusive para atendimento de criança”, disse. Para ele, falta decisão política.

O trabalho de maternidade é feito pelo Hospital Flávio Ribeiro, que é filantrópico. Conforme Nilvan Ferreira, a prefeitura envia R$ 50 mil por mês, mas sempre com atraso, e quem administra não pode fazer muita coisa, “A Prefeitura entra com muito pouco e atrasa”.

A principal obra do prefeito Emerson Panta na área da saúde seria o hospital infantil da cidade, mas as obras estão atrasadas por falta de recurso. “E um recurso de R$ 10 milhões dos cofres públicos para gastar com a festa de São João. Eu priorizaria (a saúde) porque R$ 10 milhões dá para terminar o hospital, equipar e dar um atendimento digno às crianças”, disparou.

Com dez milhões, segundo ele, daria para construir os PSFs que ainda faltam nas áreas descobertas. “Então, essa é a explicação de que não é por falta de dinheiro que as pessoas estão sem saúde, é decisão política, falta de priorização”.

Conforme o comunicador, é possível fazer um São João grande com atrações como Gustavo Lima, Wesley Safadão. “Mas, se tem dinheiro para bancar o São João, tem dinheiro para bancar a saúde, a educação. A questão é que a saúde não é prioridade em Santa Rita porque se acostumou a fazer a maquiagem e achar que o povo ainda está naquela história de acreditar em maquiagem. Tem como fazer o São João e, se essa for a vontade da população, que eu seja o próximo prefeito, nós vamos fazer, em 2025, um gigante São João, atraindo turismo, mas também cuidar dos serviços básicos da população”, prometeu.

Fornecimento de água precário e sem saneamento básico

Durante a entrevista, o comunicador denunciou também a precariedade no fornecimento de água em Santa Rita, que é feito pela ANE. “A ANE continua judiando das pessoas. Nós não temos água todo dia na torneira. A ANE cobra esgoto de onde não tem esgoto. O saneamento básico de Santa Rita tem o menor índice. Nós temos 4% de saneamento básico. O esgoto ainda está no pé da calçada de mais de 90% da população de Santa Rita”. Ele enfatizou que a água na cidade não é de qualidade e reclamou que há uma proposta de ser cobrada na zona rural onde, desde o governo de Marcus Odilon, não havia cobrança.

Ele afirmou que, a partir de janeiro, será necessário fazer uma discussão forte. “E eu já disse,  a ANE não continuará judiando do povo de Santa Rita. Nós podemos ter um prefeito que vai ter como clareza de gestão a água de qualidade na torneira e o desenvolvimento que Santa Rita precisa para  avançar na questão do saneamento. Está estabelecido que até 2033 o Brasil inteiro vai ter que obedecer alguns critérios e o avanço na questão da oferta de saneamento básico. Eu vou tomar providências em relação à questão da ANE. Nem a ANE e nem ninguém vai judiar com o povo de Santa Rita na questão da água a partir de 2025”.

Uso da máquina pública na campanha do prefeito Emerson Panta

Nilvan Ferreira observou que está observando o uso da máquina pública, em Santa Rita, na campanha do atual prefeito. “Eu estou muito vigilante em relação a isso e o povo também. Santa Rita tem um povo muito politizado, as pessoas são fiscais de tudo. Eu acho que temos um indicativo de que vai sim se usar a máquina para tentar vencer a eleição”.

“Nesses últimos dias, o candidato que é primo do prefeito, para o prefeito continuar mandando na cidade, chegou até a fazer a assinatura de ordem de serviço da prefeitura, sem ser prefeito, em solenidade pública. Isso está registrado nas redes sociais. Eu nunca vi presidente da Câmara, candidato a prefeito, assinar ordem de serviço de obra. E nós tivemos isso nos últimos dias. É algo que me soa muito estranho, é de muita preocupação”.

Também houve, segundo ele, um aumento de anúncio de ordens de serviço. Na solenidade, conforme acrescentou o comunicador, o locutor fala mais o nome do candidato do que de quem é prefeito hoje. Para ele, esta é uma forma de tornar o pleito desigual até na pré-campanha.

“Mas, eu estou muito atento a isso de uma forma muito firme e cauteloso, observando. A minha equipe está juntando documentos, indícios, peças, assim como foi na história da inteligência artificial que eu, de pronto, fui para a Justiça, para que a gente possa fiscalizar e denunciar ao Ministério Público Eleitoral, ao TRE, que eu espero que faça a sua parte de fazer com que o pleito seja equilibrado, seja justo. As armas dos candidatos são desiguais nesse ponto de vista de quem está com o poder e de quem não está”.

Apoio do governador para a disputa em Santa Rita

Sobre o apoio do governador João Azevêdo à sua campanha em Santa Rita, o comunicador Nilvan Ferreira afirmou: “O que há de concreto é a minha disposição de dar gestos para que o PSB entenda a necessidade de junção de forças para trabalhar em prol de Santa Rita. A disputa não é ideológica, não é uma disputa de esquerda ou de direita. Quem quiser somar par ajudar Santa Rita vai ter  aminha mão estendida”.

Ele reforçou que a sorte de Santa Rita é o governo do estado na saúde e citou que o Hospital Metropolitano, que fica Santa Rita, tem salvado vidas; a UPA de Tibiri, com uma despesa em torno de R$ 1 milhão, quem banca é o governador. Por isso, afirmou que não tem como fazer cordão de guerra com João Azevêdo e prejudicar a cidade.

“Eu vou reunir as lideranças e a estrutura necessária para cuidar da cidade. Estou olhando para a frente. Não estou focado na briga ideológica de Bolsonaro com Lula. Eu tenho um povo. São 150 mil pessoas para que eu possa ser o gestor, se essa for a vontade da população. Então, o governador é muito importante nesse projeto. Eu já fiz essa declaração publicamente e estou aqui reafirmando. É um apoio importante e o governo é bem avaliado em Santa Rita”.

Nilvan acrescentou que os gestos que forem necessários da sua parte, tendo como eixo central reunir forças, uma aliança política forte, firme, plural para construir uma gestão em Santa Rita que resolva os gargalos como saúde e educação, ele vai fazer.

“O governador vai ser uma figura muito importante durante e após a eleição para que a gente monte uma plataforma, as pessoas ganhem com isso e vejam, no dia a dia, que a minha ideia de juntar forças, de deixar de lado as brigas ideológicas que, em determinado momento, terminam prejudicando, foi positiva e trouxe somas importantes para a vida da população de Santa Rita que é muito sofrida”.

Apoio a Cícero Lucena: “minha posição não será neutra”

O comunicador Nilvan Ferreira também falou sobre a possibilidade de apoiar o prefeito Cícero Lucena em seu projeto de reeleição em João Pessoa.

“Em relação a João Pessoa, nós estamos no final de maio e eu tenho até julho. Esse é o meu ‘time’ para fazer uma análise do cenário de João Pessoa. Eu sei que tem uma parcela aguardando a minha posição. Não será neutra. Eu preciso ter uma presença forte numa cidade onde eu construí, ao longo dos últimos anos, uma base muito forte”.

O prazo para essa escolha, conforme Nilvan Ferreira, é no final do mês de julho. “Vou escolher o melhor dia para dizer como vou estar na eleições de 2024,pensando no futuro, numa estratégia política, construindo, de forma planejada, para que dê certo tanto em Santa Rita como também o desdobramento na minha querida João Pessoa”, completou.

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