Problemas

Após candidatos perderem vaga no Sisu, MEC admite ‘divulgação indevida de resultados provisórios’

O resultado do Sisu, segundo o edital, estava marcado para sair em 30 de janeiro. Alguns estudantes conseguiram visualizar a lista de aprovados na manhã daquele dia.

A edição de 2024 do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) recebeu a inscrição de 1.271.301 pessoas

O Sistema de Seleção Unificado (Sisu) é hoje a maior porta de entrada para universidades públicas no Brasil (Foto: Reprodução)

O Ministério da Educação (MEC) admitiu, nesta sexta-feira (2), que os resultados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) foram divulgados “de maneira indevida” na manhã de 30 de janeiro. Durante 25 minutos, as listas de aprovados que apareceram no site não estavam corretas, afirmou a pasta ao g1.

A página do Sisu saiu do ar logo em seguida e foi republicada em 31 de janeiro, com as classificações definitivas e diferentes das já exibidas na véspera. Com isso, candidatos que chegaram a comemorar a aprovação na universidade descobriram que “perderam” a vaga.

“O que houve foi uma divulgação indevida de resultados provisórios, ainda não homologados, durante 25 minutos da manhã do dia 30 de janeiro. A ocorrência está sendo rigorosamente apurada”, disse o MEC.

A pasta não respondeu se algo será feito para reparar a frustração desses alunos — declarou apenas que eles, como todos os que não foram aprovados, podem manifestar interesse em participar da lista de espera até 7 de fevereiro.

“O sistema é seguro, e os resultados oficiais não serão modificados”, afirmou a pasta.

Veja, em resumo, o que aconteceu:

O resultado do Sisu, segundo o edital, estava marcado para sair em 30 de janeiro. Alguns estudantes conseguiram visualizar a lista de aprovados na manhã daquele dia, até que a página ficou instável e saiu do ar.

Às 20h da mesma data, sem dar detalhes, o MEC informou que “identificou problemas técnicos no sistema e reiniciou os protocolos de homologação”, adiando a divulgação dos resultados para quarta-feira (31).

Quando, na quarta, as listas definitivas finalmente foram divulgadas, a classificação estava diferente da exibida no dia 30.

Estudantes aprovados na véspera — e que chegaram a pintar o rosto com tinta, em comemoração, e a dividir a notícia com os amigos e familiares — caíram posições e descobriram que não haviam conquistado a vaga na universidade.

Em 2 de fevereiro, o MEC admitiu que houve foi uma divulgação indevida de resultados provisórios.

Na manhã de terça-feira (30), Khauany Freitas, de 18 anos, entrou no site do Sisu e viu a mensagem com que tanto sonhava: “Parabéns, você foi selecionada na chamada regular”.

Ela postou no Instagram: “Caloura da UFF [Universidade Federal Fluminense]!!!! Obrigada a Deus e a todas as pessoas que me ajudaram!”. Nos braços, escreveu “ciências biológicas” com tinta (nome do curso em que havia sido aprovada na modalidade de cotas).

Até que houve uma reviravolta: assim como outros candidatos, por um erro do MEC, Khauany “perdeu” a vaga no dia seguinte.

“O site mostrou que eu não tinha passado na faculdade. Fiquei muito frustrada, tive uma crise de ansiedade e só consegui controlar por meio de remédios”, conta.

A mesma frustração de perder a vaga foi sentida por Maria Eduarda Xavier, de 19 anos, que, de um dia para o outro, viu seu nome “desaparecer” da lista de aprovados em engenharia ambiental no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG).

“Eu era a 3ª colocada de 3 vagas de cota [para alunos de escola pública]. Saí para comemorar com a família, mandei mensagem para as minhas melhores amigas, minha mãe postou nas redes… Minha avó [a entrevistada chora ao lembrar] ficou muito feliz de ver a última neta na faculdade. Até que, no dia seguinte, vi que não tinha passado”, diz Maria Eduarda. “Meu mundo caiu.”

‘Estou sem caminho’, diz aluna que pensou ter sido aprovada

No município de Lagarto (SE), Kamilly Giovanna, de 19 anos, ainda não teve coragem de contar para a mãe que, na verdade, não foi aprovada em estatística na Universidade Federal de Sergipe (UFS).

No resultado de 30 de janeiro, o nome da jovem estava na 1ª colocação na modalidade de cotas. A página saiu do ar, mas Kamilly acreditou que estivesse tudo correto. No dia seguinte, no entanto, o site do Sisu passou a exibir a seguinte mensagem: “Você não foi selecionada na chamada regular”.

“Acabou meu dia. Estou péssima, muito angustiada. Estou sem caminho, sem direcionamento, não sei se volto a estudar ou se acredito na chance da lista de espera”, diz, chorando.

‘Obrigada por ser um lixo, Sisu, obrigada pelo sonho estragado’, escreve candidata.

Sisu

Em 30 de janeiro, Clara Letícia, de 18 anos, estava comemorando, no cursinho, a conquista da vaga em direito naUniversidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Foi nesse momento que descobriu que o site do Sisu estava fora do ar e que a lista de aprovados só voltaria a ser publicada no dia seguinte.

Quando, em 31 de janeiro, o MEC divulgou o resultado definitivo, Clara não estava mais classificada para sua 1ª opção — e nem tinha a possibilidade de tentar concorrer na lista de espera, porque havia sido selecionada na 2ª opção (relações internacionais).

Nas redes sociais, ela escreveu: “Obrigada por ser um lixo, SISU, obrigada pelo sonho estragado! Sonhei com minha aprovação À TOA. Tô devastada!”.

‘Não tenho coragem de contar para as pessoas que, na verdade, não passei’

Duas candidatas preferiram não ser identificadas na reportagem.

“Não quero falar que sou eu. Eu já tinha postado e comemorado minha aprovação”, diz uma das jovens, que ocupava, no dia 30, a última vaga de medicina de uma universidade federal.

Em 31 de janeiro, o site do Sisu passou a mostrar que ela só terá chance se for convocada na lista de espera (ou seja, se algum dos classificados na 1ª chamada não fizer a matrícula).

“Sempre participei do Sisu, e isso nunca tinha acontecido”, conta.

Sisu

A outra estudante, de 17 anos, estava feliz com a aprovação em um curso de ciência e tecnologia no Rio Grande do Norte. Quando o MEC informou que os resultados “definitivos” sairiam só no dia seguinte, ela nem cogitou a possibilidade de ficar de fora.

“Minha nota estava alta. Não me preocupei. Postei no Instagram e comecei a planejar minha mudança de cidade”, diz. “Até que descobri, em 31 de janeiro, que meu nome não estava mais entre os aprovados. Chorei a noite toda. Agora, vou focar no Enem de novo.”

Na lista de espera, alunos caíram posições

Em Macaé (RJ), Pedro Lora, de 19 anos, passou a manhã do dia 30 de janeiro atualizando a página do Sisu. Quando o resultado apareceu, ele descobriu que estava em primeiro lugar na reclassificação (ou seja, se alguém desistisse, ele seria o primeiro a ser chamado pela universidade).

Chegou até a enviar uma mensagem para o pai: “Sou o 21º de 20. Uma única unidade de pessoa [na minha frente]”.

Sisu

*Por G1

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