Nunca vi tantas classes insatisfeitas de uma só vez no estado da Paraíba. A intransigência governamental continua solta, e a cada dia um novo escândalo aparece como uma luva para as oposições que, em vez de pensar em formas para reverter essa situação, preferem disputar dentro de seus próprios partidos e instâncias a possibilidade de se chegar ao poder ou a necessidade de não querer “largar o osso”. Enquanto uma nuvem pesada e estranha flutua no céu paraibano, políticos tradicionais trocam farpas entre si e a Paraíba continua sem avançar em detalhes importantes perdendo espaço e retrocedendo na angústia de seu tempo.
Não sei a razão de tantas idéias desconectadas, mentiras descaradas, promessas não cumpridas, fatos distorcidos e atos devastadores. Será que esse é o modelo que pode ser chamado de “novo” para a Paraíba? Na verdade uma pilha de denuncias misturada a escândalos quase que diários envolvendo os poderes executivos ditos socialistas dão o tom do que poderá acontecer num futuro próximo caso não se mude a forma de gerir e negociar com esses segmentos. As greves continuam se proliferando num banho de insatisfações generalizadas. Seja na Polícia, na Educação e na Saúde a insatisfação é geral. O funcionalismo público reclama. A sociedade civil reclama. Os sindicatos e as associações reclamam. O povo visivelmente reclama. Até mesmo a base política de sustentação ao governo dá sinais de cansaço e impaciência. No IPEP os funcionários aguardam amordaçados os subsídios incorporados aos salários, que mesmo tendo sidos sentenciados pelo Juiz que aprovou o mérito da questão, foram retirados pelo atual governante provocando sérias conseqüências. Muitos deles ao receberem os salários com descontos de até 70% adoeceram ou morreram sem que nenhum sinal de solidariedade ou atitude humanitária partisse do governante. Da mesma forma os subsídios reivindicados pelos funcionários do Fisco é uma Lei que deve ser cumprida. Nada mais do que isso! Ao contrário do que muitos pensam a greve do Fisco não é uma reivindicação de aumento de salários e sim o cumprimento dessa Lei. Será que já não se cumpre Leis e as medidas adotadas pelo governo recaem simplesmente em um ato unipessoal? Será que a bandeira da democracia foi rasgada e queimada pela falta de diálogo? Em qual regime vivemos na Paraíba? Não seria excesso de exceção? Nada disso, no entanto, faz ecoar com veemência o sentimento do povo enganado e injustiçado pela prepotente forma de se governar. É como se o medo e a insegurança rondassem nas ruas de nossas cabeças e o pouco que resta da esperança escorregasse por entre as mãos sujas da pseudo democracia.
Nos anos trinta quando a Parahyba ainda era um feudo de coronéis impulsionados pelas idéias “reformistas” do então Presidente João Pessoa o nosso Estado sofreu internamente o maior movimento separatista do Brasil gerado pela guerra civil na Revolta de Princesa. Naquela época errou o Presidente Washington Luis em não promover a intervenção do Estado e a conseqüência disso foi à morte de João Pessoa e um ranço político que até hoje resiste ao tempo e a história. Independente de quem estava certo ou errado o momento atual com o que está acontecendo por aqui, chega a ser bem parecido. Só que em vez de ser uma guerra armada e sanguinária, é uma guerra psicológica e silenciosa com o mesmo grau, ou até maior, de perversidade e tortura. Quem cala, no entanto consente. Mas quem vai puxar o cordão para se dar um basta em tantas atitudes truculentas e insensatas? Os políticos? O povo na rua? Quem? .
A resposta bem que poderia vir da música de Geraldo Vandré, “Pra não dizer que não falei das flores” onde o refrão principal convocava a população brasileira para acordar para os desmandos da ditadura e seus atores. Talvez tenhamos que passar por isso tudo para que sejam lavados de uma vez por todas os regimes ditatoriais e cavernosos que assolaram um dia o nosso país e hoje reaparece camufladamente travestido de hipocrisia em nosso Estado. Não custa nada lembrar que mesmo sabendo que o tempo é o senhor da razão, “quem sabe faz a hora e não espera acontecer”. O que a Paraíba espera?