A música paraibana estará em festa na próxima segunda-feira, dia 20. É que neste dia será lançado o primeiro DVD de Sivuca. A solenidade de lançamento acontecerá às 18 horas, na Fundação Casa de José Américo, com a presença do governador Cássio Cunha Lima e a participação de diversos músicos paraibanos. Segundo o governador, o lançamento do DVD é uma homenagem do Governo a este que é considerado um dos maiores músicos em atividade no mundo.
Durante a solenidade de lançamento, haverá a exibição do DVD para músicos, imprensa e artistas convidados. Entre os músicos que participarão, estarão: Quinteto da Paraíba, Camerata Basílica, Quinteto Uirapuru, Quinteto Latinoamericano, Quinteto de Sopro, JPSax, Brazilian Trombone Ensemble, Sexteto Brasil, Poty Lucena e Valtinho do Acordeon, Banda Amigos de Sivuca, Clã Brasil, Metalúrgica Filipéia, Nossa Voz, Orquestra Sinfônica da Paraíba e Glorinha Gadelha.
O DVD foi gravado em julho do ano passado, no Teatro Santa Roza, com o apoio do Governo do Estado e de empresas privadas. Em uma apresentação especial, com a participação de 12 grupos, somando ao total 160 músicos, o espetáculo contou com momentos especiais de Sivuca ao lado do Quinteto Uirapuru, Camerata Basílica e Metalúrgica Filipéia.
O DVD de Sivuca é uma homenagem aos 76 anos de vida do músico. Foram gravadas 13 faixas com grupos musicais paraibanos e duas faixas foram gravadas com a Orquestra Sinfônica da Paraíba. O trabalho teve o objetivo de reverenciar a figura de Sivuca e mostrar as composições atuais e contemporâneas do mestre.
Trajetória de sucesso
Severino Dias de Oliveira, filho da pequena Itabaiana, no seio de outros 5 filhos nascidos da união de Abdólia Albertina de Oliveira e José Dias de Oliveira. A primeira sanfona quem deu foi o pai. E, segundo conta Sivuca, que nasceu em 26 de maio de 1930, desde então nunca mais largou da moça. “Jardineira” foi a primeira melodia tocada. E a paixão por sinfônicas atrelado ao instrumento que Deus botou entre suas mãos lhe imprimiu a necessidade de se aprofundar no mundo academicista da música para ser o que é hoje.
O gosto por orquestrações lhe mostrou e impôs a imprescindível carência de estudar música. “`Percebi o que precisava fazer quando assisti a Orquestra Sinfônica do Recife, lá no Teatro Santa Isabel, tocando a 5ª Sinfonia de Beethoven. Aquilo foi para mim um abrir de portas para um mundo musical que eu realmente desconhecia. Naquele momento eu sabia que iria me tornar um grande músico. Aí, eu fui estudar. Estudar teoria musical”, conta.
Dessa época vem também a lembrança das primeiras lições de teoria musical que teve com o clarinetista da sinfônica do Recife, Lourival de Oliveira, seu vizinho, que o ultimou – a essa altura já adolescente – a estudar. Quem também exerceu importante papel na formação do músico foi o maestro Guerra Peixe. Compositor, arranjador e musicólogo (1914-1993), Guerra foi o grande responsável por tê-lo endereçado ao fantástico mundo da orquestração.
Nestas andanças pelo mundo afora, Sivuca produziu muito. Sua discografia remonta a dezenas de discos (Gravadora Continental, 6 discos em 78 rpm; Copacabana discos, 3 em 78 rpm; LPs, 30 com diversas gravadoras; nove CDs entre produções independentes, Kuarup, Music Partner e Biscoito Fino; um DVD pela Kuarup), arranjos, participações em trabalhos de colegas do Brasil e de outros países.
Tanta inspiração, conta o artista, nasce do fato de poder pensar e ir direto ao papel e escrever a melodia; também da companhia de parceiros. A carreira discográfica do músico como compositor começou quando passou a contar com a assessoria de Glorinha Gadelha, sua esposa que conheceu em 1974, a quem remete toda a formatação dos discos, especialmente, daqueles que alçaram maior sucesso.
Sivuca teve importantes parcerias. Uma foi com a Glorinha, com a qual fez o que define como sendo o primeiro clássico do forró: Feira de Mangaio; outro foi Chico Buarque,com quem fez João e Maria (interpretada por Nara Leão, na sua primeira gravação por Nara Leão). Outro grande parceiro revelado por Sivuca foi Paulinho Tapajós. O mestre da sanfona conta que fez muitas músicas com Paulinho. Alguns grandes sucessos que marcaram sua carreira como ‘Nos Tempos dos Quintais’.
Música da Paraíba
Sivuca traz em seu DVD uma participação especial da Orquestra Sinfônica da Paraíba (OSPB) e diz que a orquestra é um exemplo maravilhoso de profissionalismo e de amor a música. Segundo o sanfoneiro, a Paraíba, mais especificamente João Pessoa, é uma cidade privilegiada. Ele destaca a existência do Quinteto Brasil com ênfase para Radegundis Feitosa.
Também inclui entre as formações instrumentais do Estado o Quinteto Brassil e Brazilian Trombone Ensemble; nas cordas. O mestre que dividiu o palco do Teatro Santa Roza com todos os nomes supracitados durante a gravação do DVD, em 2005, entre outras oportunidades, também faz referência a um grupo composto por jovens paraibanas. “Aqui, tudo o que se faz de música dá certo. Inclusive, tem umas menininhas, o Clã-Brasil, um quarteto de forró, com quatro garotas incríveis… uma toca sanfona, outra toca flauta, outra toca zabumba, e tem a filha do maestro Chiquito, que toca muito bem Cavaquinho. E todas lêem música. E tocam forró. Forró pé-de-serra. É um privilégio”.
Sivuca viveu muitos anos fora do País. Somente nos Estados Unidos foram 13 anos. Nos EUA, o músico conta que trabalhou com americanos mas muito mais com os africanos, onde juntos faziam uma espécie de música de resistência cultural. E destaca a fase em que trabalhou com Miriam Makeba, sul-africana. Uma fase que ele qualifica como tendo sido maravilhosa. Período no qual afirma ter consolidado sua formação no contexto sócio-cultural.
Fonte: O Norte Online