O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse que a campanha tucana à Presidência não vai se limitar à exploração dos escândalos políticos do governo Lula. “Eu não acho que uma campanha eleitoral possa se esgotar no escândalo”, afirmou ele ontem à noite após palestra sobre educação em São Paulo.
“O escândalo não pode ser o miolo de uma proposta do partido, que tem de ser mais do que isso. Isso é elementar: corrupção não se pode aceitar.”
O ex-presidente rebateu a estratégia anunciada pelo PT de querer comparar os governos Lula e FHC na campanha eleitoral. “Ninguém vota no passado. Você vota no futuro. Os países não andam de olho no retrovisor. Eu ouço falar que [os petistas] vão comparar [as campanhas]. Comparem com o que quiser, é bobagem. Primeiro, porque vão perder na comparação. Segundo, o povo não está interessado nisso. O povo vai votar em quem confiar, é isso.”
Para o cacique tucano, o candidato deve “inspirar a confiança do país”. “O país percebe que ele vai fazer alguma coisa. Se ele é eleito e não faz, o povo se frustra. Não quero dar exemplos” afirmou ele em tom irônico.
Pesquisa
FHC considerou “alvissareiros” os dados sobre a última pesquisa do Ibope, que mostraram o tucano Geraldo Alckmin à frente de Lula na pesquisa de intenção de voto restrita ao Estado de São Paulo. “É indicador de que foram bons dirigentes e tiveram o reconhecimento da população.”
O ex-presidente fez elogios ao desempenho de seu governo na área da educação e criticou as ações posteriores da administração Lula. “O atual governo trocou o Fundef pelo Fundeb, misturando as coisas. O [ex-ministro da Educação] Paulo Renato de Souza escreveu um artigo mostrando que as escolas fundamentais vão ter menos recursos do que têm hoje, porque o programa está mal desenhado.”
Ele rebateu o ataque do presidente Lula, que disse que seria melhor construir escolas do que unidades da Febem. “Era melhor que não fosse preciso ter Febem. Mas você tem que cuidar dos jovens que têm desvio de comportamento, não adianta querer não ter. A questão em São Paulo não é de falta de escola, é melhorar a qualidade de ensino. Eu não sei se o presidente Lula está acompanhando esse processo todo. Talvez esteja. Espero que sim.”
FHC não quis comentar a absolvição do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) no plenário da Câmara. “Essa [pergunta] foge demais ao tema da educação. Todos [os deputados] ali eram educados e olha no que deu.”
Fonte: Folha Online
