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Vítima de Abu Ghraib ainda sente a tortura na pele

As feridas em Shalal Qaissi ainda estão abertas. Está com uma mão mutilada, um antigo ferimento, infectado por algemas que raspavam na sua pele. Está mancando,

As feridas em Shalal Qaissi ainda estão abertas. Está com uma mão mutilada, um antigo ferimento, infectado por algemas que raspavam na sua pele. Está mancando, o que piorou depois de dias atado em posições desconfortáveis. E mais que tudo, há os pesadelos dos quase seis meses de sofrimentos na prisão de Abu Ghraib em 2003 e 2004.

Qaissi, 43, foi prisioneiro 151716 do bloco. A fotografia dele em pé, com a cara coberta, sobre uma caixa de papelão, ligado a fios elétricos com os braços abertos e esticados, em uma posição assustadoramente profética, tornou-se um símbolo inegável da tortura em Abu Ghraib. O governo americano disse na quinta-feira que irá abandonar a prisão e entregá-la ao governo iraquiano.

“Nunca quis ser famoso, ainda mais dessa maneira”, ele disse, enquanto aguardava em um escritório de Amman. Quer dizer, agora ele é um defensor dos presos que entende o poder da imagem: ela aparece no seu cartão de visitas.

Pesquisadores da Human Rights Watch e da Anistia Internacional dizem que eles entrevistaram Qaissi e, junto com advogados que vêm processando os militares em uma ação de classe sobre abuso, acreditam que ele é o homem da fotografia.

Sob o governo de Saddam Hussein, Qaissi era um chefe de comunidade, um prefeito na verdade. Depois da queda do governo, ele começou a cuidar de um estacionamento que pertencia a uma mesquita em Bagdá.

Ele foi preso em outubro de 2003, ele disse, porque reclamou com alguns militares, organizações de direitos humanos e imprensa sobre soldados que estavam jogando lixo em um campo de futebol local.

Ele disse que logo ficou evidente que o objetivo era coagi-lo a divulgar os nomes de pessoas que devem estar conectadas com os ataques das forças americanas

Logo depois de ser solto de Abu Ghraib em 2004, ele começou a Associação das Vítimas das Prisões Americanas com outros homens que foram imortalizados pelas fotografias de Abu Ghraib.

Financiado em partes por Organizações Não Governamentais árabes e doações privadas, o objetivo do grupo é dar publicidade a prisioneiros que ainda estão sob custódia.

Qaissi disse que ele não mantinha qualquer animosidade contra a América ou os americanos. “Eu perdôo as pessoas que fizeram isso para nós”, ele disse. “Mas eu quero o direito de prevenir que atrocidades como essas voltem a se repetir”.

The New York Times

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