Política

Serra ignora apelos e abre caminho para Alckmin

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O prefeito de São Paulo, José Serra, não respondeu a apelos de aliados tucanos para rever a posição de não disputar prévias dentro do PSDB. Com isso, abriu caminho para a indicação do governador paulista, Geraldo Alckmin, como candidato do PSDB à presidência da República. Serra havia dito à cúpula tucana, na sexta-feira, que não aceita disputar a indicação partidária. No final de semana, em conversas privadas, o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, teria reiterado que a única forma de Serra ser o candidato tucano à Presidência seria disputando prévias com Alckmin.

Aliados de Serra jogaram a última carta no fim de semana, fazendo um apelo ao prefeito para reconsiderar a recusa, mas não tinham recebido resposta até a noite de domingo. Jereissati marcou para terça o anúncio do candidato tucano.

“Serra está analisando o quadro que apresentamos e dará uma resposta hoje (segunda) à noite”, disse o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Junior (BA).

Dois dirigentes do PSDB ligados a Serra e um aliado de Alckmin disseram à Reuters que o prefeito rejeitou vigorosamente a hipótese de disputar com Alckmin, na última conversa que teve com o triunvirato formado por Tasso, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de Minas, Aécio Neves. Alckmin, segundo as mesmas fontes, manteve sua candidatura e informou ao trio – e também a Serra, em conversa na quinta – que só desiste se for derrotado em uma instância partidária ampla, como o diretório nacional ou uma pré-convenção do PSDB.

“Serra se colocou à disposição do partido, mas, se não aceitar a disputa até esta segunda, Tasso não terá alternativa a não ser anunciar o nome do Geraldo na terça”, disse um dos articuladores do apelo ao prefeito, que pediu para não ser identificado. “O Geraldo foi muito claro: só abre mão da candidatura se for derrotado no diretório”, acrescentou o aliado do governador, que também pediu anonimato.

Apelo a Serra

Os “serristas” mobilizaram-se no fim de semana para garantir ao prefeito que ele teria a maioria da executiva e dos 222 votos do diretório nacional do PSDB. Aliados de Alckmin duvidam dessa alegada superioridade e desafiam os adversários. Caso Serra aceite a disputa, o diretório ou a pré-convenção teriam de se reunir até última semana de março. É o prazo que o prefeito tem para renunciar ao cargo e cumprir a lei eleitoral, se quiser concorrer à presidência da República. Alckmin já anunciou que deixará o governo de São Paulo até o fim do mês.

A possibilidade de uma escolha no diretório teria aumentado as dúvidas de Serra quanto à renúncia, faltando quase três anos para a conclusão do mandato. Segundo interlocutores, o prefeito avalia se teria tempo para curar as cicatrizes de uma disputa na convenção e unir o partido ao longo da campanha presidencial. “Eu não vou dar cotoveladas por essa candidatura”, tem repetido o prefeito a interlocutores desde que Geraldo Alckmin se colocou claramente como pré-candidato, em janeiro.

“Nesse xadrez o Geraldo nos colocou em xeque”, reconheceu um aliado do prefeito. “Ele conseguiu forçar a disputa, quando esperávamos que o partido convocasse Serra.” “Não foi uma partida de xadrez, foi um duelo”, rebateu um aliado do governador. “Ao contrário do que esperavam, o Geraldo não piscou.”

Estratégias

A disputa aberta nunca esteve nos planos de Serra, que desde agosto do ano passado vem sendo apontado pelas pesquisas de intenção de voto como o candidato mais forte para enfrentar a tentativa de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A partir de janeiro, as pesquisas apontaram a recuperação do presidente Lula, que passou a liderar em todos os cenários. Segundo esses levantamentos, o prefeito seria hoje o único nome capaz de levar a eleição presidencial para o segudo turno.

A estratégia de Serra foi não se declarar candidato e deixar que as pesquisas consolidassem seu favoritismo. Alckmin, por sua vez, intensificou sua campanha dentro do partido, preparando-se para a disputa interna que os “serristas” não previam.

Terra

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