Cotidiano

Pantanal, tuiuiú e a arte de dona Izulina: um passeio por Corumbá

O que Albuquerque, a fictícia cidade da novela-faroeste das 19h, tem a ver com o Pantanal?

Trata-se de uma mera coincidência de nomes: Corumbá, a cidade conhecida como “a capital do Pantanal”, foi fundada em 1778 com o nome de Albuquerque – ou melhor, Nossa Senhora da Conceição de Albuquerque. Mas qualquer semelhança pára por aí. Afinal, se a Albuquerque da TV é uma terra de ninguém, a ex-Albuquerque é uma terra de turismo.

Conhecida como “a capital do Pantanal”, Corumbá tem 98 mil habitantes (pelo censo de 2003), que moram em uma área de 65 milhões de quilômetros quadrados (18% do Estado). Recebe, por ano, 60 mil turistas. São fãs de turismo de aventura que, como este repórter, gostam de trilha, passeios de barco e natureza.

E quem vai a Corumbá tem um prato cheio de natureza. No “menu”, “especiarias” como tuiuiús, caracarás, capivaras, jacarés e até onças (estas últimas, mais raras). Para vê-los, a melhor opção de “degustação” é o passeio pela Estrada Parque. É de lamber os beiços.

No pantanal

A Estrada Parque é um caminho de 120 quilômetros por dentro do Pantanal. O turista pode alugar um carro (ou uma van) e ir. Pode também contratar um motorista e ou um guia. Ambos ajudam no principal objetivo da viagem: avistar (e reconhecer) animais em seu ambiente nativo.

Não é tão fácil quanto parece – pelo menos, para olhos de um viajante despreparado (meu caso). Já o guia e o motorista não encontram dificuldade em avistar, a metros e metros de distância, um caracará voando, um pequeno veado e o símbolo do Pantanal, o tuiuiú (também conhecido como jaburu). Você registra para a posteridade ter ficado tão perto de um bicho desses e se pergunta: mas como é que eu não o avistei antes? O que os olhos do guia têm que os meus não têm? Prática, claro. Mas após fotografar o próximo bicho na próxima parada você vai se perguntar isso de novo.

Embora não seja tão longo, é um passeio demorado – e não somente por causa das 78 pontes de madeiras do caminho e da condição difícil da estrada. Avança-se poucos quilômetros e encontra-se algum animal (ou árvore). A van pára, todo mundo desce, fotografa e volta. A van anda mais um pouco, surge mais um belo bicho, e o ritual se repete. É um percurso com muitas “escalas”.

Após as mais de dez horas de “avança-pára-fotografa”, a viagem revela-se cansativa. Mas isso não é um obstáculo: pelo menos, não para um turista de aventura, que sabe que encontrar uma capivara ou um jacaré em seu habitat não é para qualquer um.

Na cidade

O roteiro pela Estrada Parque, Pantanal adentro, não esgota as opções de passeio em Corumbá. Para quem quer conhecer melhor a cidade e sua história, a casa da dona Izulina Xavier é um bom começo. Escultora e artesã, dona Izulina é a referência quando o assunto é arte. Por sua casa estão expostas obras confeccionadas em pó de pedra e concreto, cerâmica e entalhes de madeira. Em um muro, painéis auto-explicativos narram trechos da história corumbaense, mas não dispense as explicações dadas pela própria dona Izulina: elas tornam o passeio muito mais agradável.

Sair da casa de dona Izulina não significa deixar de ver suas belas obras. A segunda sugestão é o passeio ao Cristo Redentor corumbaense, feito por ela. No alto da cidade, o Cristo é uma boa opção para acompanhar o pôr-do-sol. Avista-se toda a Corumbá, bem como uma parte da Bolívia, que faz fronteira com a cidade.

Um terceiro programa bacana portanto é uma ida à Bolívia: Puerto Quijarro fica a 15 minutinhos de ônibus, e sua simpática feirinha vale uma visita para quem gosta de “compraterapia”.

A pesca também é uma boa pedida, mas deve-se respeitar o defeso (período em que é proibido pescar). Antes de viajar, ligue para a Sematur (Secretaria de Municipal de Turismo e Meio Ambiente) e informe-se sobre o período em que a pesca é permitida. O telefone é (67) 231-7336. Melhor se prevenir do que pagar uma pesada multa e ter de se explicar para a polícia. Para quem prefere deixar os peixes em paz e aproveitar as águas fluviais para um bom passeio, uma dica: não perca a oportunidade e divirta-se no rio Paraguai.

Ainda há mais por descobrir: o Instituto Luiz de Albuquerque (ILA), a igreja Nossa Senhora da Candelária e o forte Junqueira, que possui uma sala memorial em homenagem aos heróis da Guerra do Paraguai (deve-se agendar a visita com a Sematur). Mas não se deve dar tudo de mão beijada para o turista-aventureiro: o prazer da viagem também está na descoberta. Não é?

Como chegar e onde ficar

O acesso à cidade de Corumbá é pela BR 262 (federal). A viação Andorinha faz o trajeto de vários locais do Brasil. A TAM tem um vôo de segunda à sexta para Corumbá vindo de Campo Grande. Sai de Campo Grande às 12h e volta de Corumbá às 14h40. A tarifa cheia (ida e volta) custa R$ 1.834. A Aerosur (companhia aérea boliviana) também tem um vôo que sai de Puerto Suarez para Corumbá.

A cidade possui cerca de 25 hotéis. Entre eles os que possuem melhor infra-estrutura são: o Hotel Nacional, o Santa Mônica e o Gold Fish.

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