Polícia do Iraque encontra 31 corpos em Bagdá

BAGDÁ (Reuters) – A polícia iraquiana afirmou ter encontrado na terça-feira, na região sudeste de Bagdá, 31 corpos com marcas de bala, elevando para ao menos 80 o número de vítimas da onda de supostos assassinatos sectários descobertos na capital desde a segunda-feira de manhã.

Segundo a polícia, alguns dos mortos parecem ter sido torturados e assassinados nos últimos dias. Eles receberam tiros, foram enforcados e amarrados — marcas típicas das vítimas da onda de violência sectária que alimenta temores sobre a explosão de uma guerra civil no país.

Outras das vítimas parecem ter sido mortas há cerca de uma semana ou dez dias, disse a polícia.

O número inusual de vítimas da violência em um curto período de tempo aparece dias depois de carros-bomba terem atingido uma área de Bagdá dominada por uma milícia xiita, matando 52 pessoas e abrindo as portas para ações retaliatórias.

A polícia afirmou ter concluído as operações de escavação em busca de corpos no bairro de Al Kamaliya, no sudeste de Bagdá, onde inicialmente foram achados 29 corpos.

“Algumas crianças jogavam futebol e elas sentiram um cheiro forte. A polícia foi notificada e encontrou os corpos enterrados em um grande fosso”, afirmou uma autoridade das forças de segurança.

Dois outros cadáveres foram encontrados perto dali, disse.

O hospital de Bagdá recebeu os corpos de 40 pessoas mortas em incidentes separados da capital, nas 24 horas que seguram à manhã de segunda-feira. Todas essas pessoas foram vítimas de disparos de arma de fogo.

Os corpos de outras 15 pessoas amarradas e estranguladas foram encontrados na parte oeste de Bagdá, disse a polícia.

Reunião

Representantes dos diferentes grupos políticos vencedores das eleições de dezembro no Iraque iniciaram hoje uma série de contatos para debater sobre a formação de um novo governo neste país, informaram fontes iraquianas.

Nos contatos participam grupos sunitas, curdos e xiitas laicos e confessionais, segundo declarou aos jornalistas em Bagdá Basam Al-Sharif, membro da Aliança Unida Iraquiana (AUI), uma formação xiita confessional integrada por 16 partidos políticos.

“As conversas serão centradas no conceito de um Governo de União Nacional e a distribuição dos cargos no novo gabinete”, que será o primeiro não interino desde a queda do regime de Saddam Hussein em abril de 2003, acrescentou.

A reunião é realizada dois dias antes da primeira sessão do Parlamento eleito em dezembro passado.

Nesses pleito, a AUI conseguiu 128 das 275 cadeiras da câmara, seguida pela Aliança Curda, que obteve 53 cadeiras e o sunita Frente do Consenso Iraquiano (FCI), com 44 assentos.

Atrás desses três agrupamentos está a Lista Nacional Iraquiana, liderada pelo xiita laico Iyad Allawi, com 25 lugares na câmara, enquanto que os vinte e cinco restantes se repartem entre diferentes formações.