O deputado cassado José Dirceu encaminhou à CPI dos Correios nesta quinta-feira um ofício pedindo que a comissão convoque para depor Roberto Jefferson Camoeiras Gracindo Marques. Trata-se de um ex-motorista do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Ele admitiu, em gravação, que, identificando-se como Roberto Marques, realizou saque na conta bancária que nutriu o valerioduto.
Dirceu enxerga na aparição do novo personagem a oportunidade de livrar-se da acusação de que um amigo seu, também chamado Roberto Marques, seria o autor do saque de R$ 50 mil referente ao cheque número 414270, emitido pela SMP&B, agência de publicidade que tem Marcos Valério como sócio.
O ofício de Dirceu foi entregue pessoalmente ao presidente da CPI, Delcício Amaral (PT-MS). Levou-o o advogado de Dirceu, José Luis Oliveira Lima. O documento é assinado por dois advogados: o próprio Oliveira Lima e Rodrigo Dall’acqua.
Com o seu movimento, Dirceu tenta, na última hora, interferir no conteúdo do relatório final da CPI, que está sendo concluído pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). O ex-chefe da Casa Civil não acha justo que, sem investigar a nova suspeita, a comissão continue a apresentá-lo como beneficiário de saques que, segundo diz, seu amigo jamais realizou.
Após a divulgação da fita auto-incriminadora, o Roberto Marques ligado a Romero Jucá foi inquirido pela Polícia Federal. No depoimento, reconheceu que é mesmo dele a voz ouvida na gravação. Alegou, porém, que o conteúdo não expressa a realidade. Sem saber que estava sendo gravado, ele teria apenas lido um texto a pedido de um inimigo político de Jucá, chamado Joaquim Pinto Souto Maior Neto. Vem a ser o secretário adjunto da Casa Civil do governo de Roraima.
Segundo a versão do novo Roberto Marques, Souto Maior Neto teria lhe oferecido R$ 350 mil para assumir a autoria do saque na conta da empresa de Marcos Valério. Depois de ler o texto, disse o acusado à PF, ele teria recusado a oferta. Depois da divulgação da fita, a suposta armação foi denunciada pelo senador Romero Jucá em discurso na tribuna do Senado.
Em seu ofício à CPI, Dirceu pede, por meio de seus advogados, que sejam inquiridos, além do Roberto Marques vinculado a Jucá: Souto Maior Neto, o funcionário do governo de Roraima, e Renato Tadeu Pereira Torres, que seria o responsável pela gravação. As mesmas providências já haviam sido solicitadas por Jucá.
No texto preparado por seus advogados, Dirceu endoça outros pedidos feitos por Jucá à CPI dos Correios. Por exemplo: exame grafotécnico da assinatura do responsável pelo saque e verificação dos registros de entrada no prédio onde funciona a agência do Banco Rural em que o dinheiro teria sido retirado.
Dirceu pede também que a CPI requisite à PF cópia do depoimento do ex-motorista de Romero Jucá, da fita em que ele assume a realização do saque e do laudo de perícia técnica que teria sido feito pela polícia na gravação. Delcídio Amaral comprometeu-se a submeter o assunto à CPI. A comissão não trabalhava mais com a hipótese de realizar novas inquirições.
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Em ofício à CPI, Dirceu cobra novas investigações
Dirceu enxerga na aparição do novo personagem a oportunidade de livrar-se da acusação de que um amigo seu, também chamado Roberto Marques, seria o autor do saqu
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