Política

Projeto eleitoral de Lula deixa Palocci mais longe da demissão

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BRASÍLIA (Reuters) – Apesar das expectativas criadas nos meios políticos e no mercado, a substituição do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, está fora dos planos imediatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por três razões: Lula aprova a gestão de Palocci, não tem nome melhor para o cargo e se recusa a ceder a “pressões eleitorais”.

O secretário-executivo Murilo Portugal, segundo na hierarquia do Ministério da Fazenda, é bem conhecido pelo mercado mas não tem intimidade com o presidente para receber uma promoção. Além disso, Lula não entregaria a Fazenda, coração do governo, a alguém sem vínculos com o PT, asseguram fontes qualificadas do governo.

“Podemos ter divergências e até críticas aos erros de dosagem da política econômica, mas o Palocci ainda é um ministro do PT, é nosso”, resumiu um colega petista do ministro da Fazenda.

A substituição por um nome ligado ao PT, por sua vez, poderia gerar reações negativas, potencializadas pela disputa eleitoral de outubro. Lula tem conversado assiduamente com o presidente do BNDES, Guido Mantega, mas prefere tê-lo como “fator de ponderação” e não como substituto de Palocci, dizem interlocutores.

Essa equação simplificada vinha sendo difundida no Planalto antes mesmo de a situação política de Palocci ter se complicado ainda mais, ao longo da semana.

Frentes de defesa

Para reduzir a possibilidade de o próprio Palocci renunciar ao cargo, Lula partiu para a defesa do ministro no Congresso, no Judiciário, no PT e até, pessoalmente, em entrevistas e discursos, como fez nesta sexta, em viagem a Santa Catarina.

Lula conteve em janeiro um movimento de pessoas ligadas a Palocci, com objetivo de reservar para o ministro a futura coordenação da campanha eleitoral. O movimento embutia uma saída provisória de Palocci, que seria candidato a deputado e indicaria Portugal como substituto temporário.

Segundo dois interlocutores, Lula não queria Palocci ou outro “homem forte” na campanha; não queria Portugal no ministério; não queria, enfim, criar instabilidade numa área em que seu governo teria ido bem, apesar de divergências e de dois fiascos do PIB em momentos estratégicos (primeiro e terceiro trimestres de 2005).

Outro ingrediente contribuiu para paralisar o movimento: a insegurança jurídica. Exonerado do ministério, Palocci ficaria sujeito a decisões judiciais de primeira instância. Por exemplo, um mandato de prisão preventiva a pedido do Ministério Público de São Paulo, que examina suspeitas de irregularidades na prefeitura de Ribeirão Preto.

“O risco do Palocci receber voz de prisão em sua cidade é real”, calculou um colega de ministério, para quem “Lula não abandonaria um companheiro leal nesta hora difícil”.

“Capitulação política”

A equação não teria mudado com os novos apuros de Palocci, segundo essas fontes. E a defesa da permanência do ministro ganhou um ingrediente novo: a substituição, agora, não seria uma escolha de Palocci e de Lula, mas uma “capitulação política”.

Lula analisa o caso exclusivamente como parte da disputa eleitoral. Não se pergunta se Palocci mentiu ou disse a verdade quando negou, na CPI dos Bingos, ter frequentado a “casa do lobby” mantida por ex-auxiliares. Para o presidente, trata-se de uma questão pessoal usada pelo PSDB e PFL para minar a credibilidade do governo, não do ministro.

Para defender o ministro Lula decidiu recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a CPI dos Bingos, que considera a principal frente de ataques da oposição. Foi esta CPI, criada para investigar lavagem de dinheiro em conexão com jogos de azar, que levantou o véu das irregularidades que teriam sido praticadas nas gestões de Palocci em Ribeirão.

“Coesão interna”

Apesar do comportamento ruidoso que caracteriza seus dirigentes, o PT aceitou “adotar” Palocci, como parte da estratégia de defender o governo e a reeleição de Lula. A reaproximação entre o ministro e o partido será testada na reunião do Diretório Nacional do PT este fim de semana em São Paulo.

Em dezembro, o Diretório Nacional do PT aprovou resolução pela “coesão interna” e, em fevereiro, o texto “Mobilizar o Brasil pela reeleição”. Ambos ressaltam aspectos da política econômica ligados à geração de empregos, redução da dependência externa e financiamento de programas sociais, e defendem “redução sustentada” da taxa de juros.

As principais correntes do PT acordaram em circunscrever as críticas à política econômica em limites tidos como razoáveis, embora a atitude não seja unânime.

Uol

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