Saúde

[ESPECIAL] A vida em dose dupla: os gêmeos e suas histórias ainda são

Difícil resistir e não dar uma segunda olhada para conferir semelhanças e diferenças ao se deparar com um par de gêmeos, sejam eles crianças ou adultos

O assunto geralmente desperta o interesse das pessoas, a imagem de irmãos gêmeos normalmente desperta curiosidade. Difícil resistir e não dar uma segunda olhada para conferir semelhanças e diferenças ao se deparar com um par de gêmeos, sejam eles crianças ou adultos.

É exatamente essa reação de espanto e curiosidade que incomoda Diogo Pereira de Oliveira, 21 anos, irmão gêmeo de Bruno, mais conhecido como “Bruno Olliver”. Eles nasceram no dia 11 de novembro de 1984, no Recife (PE), no sétimo mês de gestação, e são do signo de Touro. São gêmeos idênticos, univitelinos, e atualmente residem em João|Pessoa.

Seus pais são jovens, à época dos seus nascimentos a mãe tinha 26 anos, e o pai 28. Diogo e Bruno não têm outros irmãos e lembram que quando crianças a mãe costumava vesti-los com roupas idênticas. Hoje, também dividem o guarda-roupa. Desde a infância acumulam histórias engraçadas, como a da própria mãe que no início não conseguia distingui-los, e por vezes costumava alimentar duas vezes a mesma criança, e deixar um deles com fome. Ou então trocar a fralda da mesma criança. A solução foi colocar uma pulseirinha nos dois e evitar pequenos atropelos domésticos.

As histórias – Conversando com os dois irmãos, Bruno e Diogo, percebe-se claramente a relação de intimidade e cumplicidade que eles mantém, mesmo que vez por outra seja possível identificar pequenas nuances que mostram alguns traços diferentes de personalidade. Apesar de afirmarem que existe muita ‘lenda”em torno das experiências vividas por irmãos gêmeos, principalmente em relação a identificação de sintomas físicos, que seriam semelhantes entre eles, como uma dor de cabeça, por exemplo, eles afirmam que muitas vezes ‘sentem” fisicamente a condição um do outro, se estão felizes ou tristes e com problemas. De fato, pode ser identificado um bem-estar físico ou de um desconforto, afirmam.

Como no dia em que Bruno foi seqüestrado, e Diogo, sem nenhuma explicação aparente, a não ser um pequeno atraso, cismou de ligar 64 vezes para o irmão. Sem saber explicar o motivo, nesse dia ele tinha absoluta certeza de que algo errado estava acontecendo com seu irmão, ele chegou a sentir até mesmo calafrio. Eles têm tanta intimidade, que costumam identificar o estado de espírito um do outro pela Internet ou pelo tom de voz ao telefone. Um já fez prova pelo outro, isso no primário, e a mais recente aventura da dupla foi se valer do fato de serem gêmeos idênticos, no último São João, para almoçarem os dois no mesmo restaurante, um de cada vez, pagando apenas uma refeição.

Compartilham muitos gostos em comum, como sentirem-se atraídos pelo mesmo tipo de garota. Aliás, é comum que as namoradas, ao término do relacionamento, fiquem ‘curiosas’ para identificarem as diferenças e partirem para namorar o outro, o que eles não reclamam. Eles começaram a se perceber como iguais quando começaram os estudos, através da percepção dos coleguinhas, da sua condição de iguais.

Os dois gostam de surf, mas costumam manter suas turmas de amigos em separado, talvez uma forma de manter a identidade e um pouco de privacidade. Diogo é músico, falante e mais tranqüilo, e se diz mais parecido com o pai, enquanto Bruno estaria mais próximo da personalidade da mãe. Estuda Publicidade e Propaganda, e planeja mudar-se para os Estados Unidos até o final do ano. Preocupa-se com o seu futuro e pretende aliar a busca por uma condição mais estável, com o seu gosto pela aventura e por culturas diferentes, um desejo de liberdade. Usa piercing, não fuma e não bebe.

Enquanto Bruno se diz mais estourado, mas também mais pé-no-chão, mais ligado à família e às suas raízes. Ao contrário do seu irmão, é mais festeiro. Apaixonado pela Veterinária, pensa também em cursar Direito. Foi dele a idéia de fazerem uma tatuagem. Ele mesmo fez o desenho, uma mandala com uma estrela de quatro pontas simbolizando os quatro membros da família, e que ocupa metade das costas dos dois. Ao pé do desenho, as palavras: Amor de Irmão.

Perguntados sobre qual a maior vantagem de serem gêmeos, em parceria disseram que é a sensação de segurança. Eles sentem-se protegidos com a existência um do outro

Aspectos Biológicos – Gêmeos são dois irmãos que nascem numa mesma gestação, podendo ser idênticos ou não. Existem duas maneiras de se nascerem irmãos gêmeos, eles podem ser fraternos ou idênticos.

Os gêmeos fraternos são dizigóticos ou bivitelinos, ou seja, são formados a partir de dois óvulos. Nesse caso são produzidos dois óvulos e os dois são fecundados, formando assim, dois embriões. Quase sempre são formados em placentas diferentes. Os gêmeos fraternos não se assemelham muito entre si e podem ter, ou não, o mesmo fator sangüíneo. Podem ser do mesmo sexo ou não. Também são conhecidos como gêmeos falsos, e muitas vezes têm em comum apenas a data de nascimento.

Os gêmeos idênticos são monozigóticos ou univitelinos, ou seja, são gêmeos formados de um mesmo óvulo. Nesse caso, apenas um óvulo é produzido e fecundado, mas esse óvulo divide-se, e forma dois embriões. Quase sempre são formados na mesma placenta. Os gêmeos idênticos se assemelham muito entre si, têm o mesmo fator sangüíneo e são sempre do mesmo sexo. Também são conhecidos como gêmeos verdadeiros.

As estatísticas mundiais costumam indicar o índice médio de 70% para gêmeos fraternos, e só 30% são idênticos. Mas existe também um outro tipo de “gemialidade” ainda mais raro, o caso dos irmãos siameses, quando eles nascem ligados entre si por uma membrana, normalmente na altura do peito ou do abdome, e têm órgãos em comum. Esse tipo de nascimento acontece quando um par de gêmeos univitelinos não consegue se separar. O nome irmãos siameses é uma alusão aos gêmeos Chan e Eng. Eles nasceram em 1811, na Tailândia, então Sião, e tiveram seu caso estudado nos Estados Unidos. Viveram até os 63 anos, ligados por uma membrana na altura do peito.

Segundo relatório do Laboratório Merckl, em 1 de cada 70 a 80 partos, ocorre o nascimento de gêmeos. Antes do parto, eles podem ser detectados pela ultra-sonografia (a melhor maneira) ou pela monitorização cardíaca fetal eletrônica, a qual revela a presença de dois batimentos cardíacos distintos. Os gêmeos distendem o útero excessivamente e um útero hiperdistendido tende a começar a contrair antes da gestação atingir o termo.Como conseqüência, os gêmeos geralmente nascem prematuramente e são pequenos.

As causas – Os gêmeos e suas histórias ainda são um desafio para a ciência. Já é certo que há um componente genético, hereditário, mas ninguém descobriu ainda como isso acontece. Por estatística, há chance maior de nascimento de gêmeos quando a mulher fica grávida depois dos 30 anos. Outro fatores a serem considerados são o uso da pílula anticoncepcional e os casamentos consaguíneos, entre pessoas da mesma família.

Alguns números também mostram a influência das características raciais: entre as mulheres orientais, por exemplo, a incidência de gêmeos é menor: 1 caso a cada 150 nascimentos. Nas mulheres brancas, a taxa aumenta: 1 caso a cada 100 nascimentos. A maior incidência está entre as mulheres negras: 1 caso a cada 80 nascimentos. As mulheres negras são mais fecundas porque elas produzem, em maior quantidade, o hormônio folículo estimulante, conhecido pela sigla FSH. O aumento desse hormônio provoca maior ovulação. Em vez de ter uma ovulação em cada ciclo menstrual, elas poderiam ter duas ou três ovulações.

Nascimentos em João Pessoa – A Maternidade Cândida Vargas, uma das mais antigas maternidades da cidade, que atende a população do município desde 1945, registrou em 2005 o nascimento de 7.201 bebês. Destes, 119 eram gêmeos, o que representa um percentual de 1,65%, segundo informações fornecidas pela médica Shamya Rached. O índice se mantém agora em 2006, pois nos dois primeiros meses foi registrado o nascimento de 1.091 crianças, sendo 18 delas gêmeas, com o índice muito próximo de 1,64%.

Em 2005 o mês de agosto foi o que registrou o maior índice da incidência de gêmeos, 18 nascimentos. Durante todo o ano, foram registrados dois casos de trigêmeos, um em janeiro e outro em março. Veja a seguir a tabela que registra mês a mês o nascimento de gêmeos na Maternidade Cândida Vargas em 2005.



 

































































JAN



FEV



MAR



ABR



MAI



JUN



JUL



AGO



SET



OUT



NOV



DEZ



TOTAL



06



07



09



12



07



10



12



18



10



11



10



07



119



Em setembro de 2003, João Pessoa registrou o nascimento de quíntuplos, no Hospital da Unimed, um caso raro na medicina e o primeiro na Paraíba e no Nordeste. Raphael, Lucas, Gabriel, Pedro e Mariana nasceram no dia 04 de setembro, e o acontecimento teve repercussão nacional.


Lilla Ferreira
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