A agressão de um PM contra uma criança de 12 anos na manhã de ontem, no centro de São Paulo, revoltou dezenas de pedestres que passavam pelo local.
A cena foi presenciada pela reportagem e ocorreu às 11h35, diante do movimento intenso de populares na praça Júlio Prestes, na frente da estação da CPTM.
O soldado identificado na farda como Moro discutia com a criança, que vive na rua, quando a pegou pelo braço e a derrubou. Em seguida, passou a apertar a nuca do garoto e a pressionar de forma enérgica parte do rosto dele no chão. A agressão atraiu transeuntes, que se aglomeraram ao redor.
Diante dos gritos do garoto, muitos se aproximaram do PM e de seu colega, soldado Emerson, que só via a cena, para pedir que parassem. A revolta contra a ação se tornou mais incisiva logo depois, quando Moro começou a torcer o braço do menino.
“Pára, pelo amor de Deus”, gritava Lucineide Lopes de Souza. “É uma criança”, reclamava também Alessandro Eduardo Pereira.
O garoto foi levado pelos PMs para a base móvel localizada metros adiante. A professora Filomena Maria Ferreira, 45, e a amiga Andrea Aparecida Campos, 27, vendedora, foram tirar satisfação. “Nem estou avaliando se a criança é uma santinha ou não”, disse Ferreira, que, como outros, foi ameaçada de prisão por desacato.
A Folha abordou os soldados na base, onde teve seus documentos recolhidos. Questionado sobre a agressão, Moro afirmou ter sido xingado pelo garoto, que, segundo ele, não havia cometido nenhum delito. “Não vou admitir, sou pai de família, ele me xingou de tudo quanto é nome”, disse, acrescentando já ter detido a mesma criança meses atrás, quando ela teria usado um estilete para roubar um pedestre.
O garoto foi levado ao 77º DP e, em seguida, ao Conselho Tutelar, na praça da República. A Folha não pôde conversar com a criança. Duas conselheiras tutelares disseram que ele não estava machucado e que havia relatado não ter sido agredido. Ele seria levado a um pronto-socorro, segundo elas, devido à bronquite. A PM diz que irá apurar o caso.
Fonte: Folha Online
