Carros

Um aventureiro nato

Hoje em dia, muitas são as pessoas que têm o privilégio de ter um veículo 4x4 em suas casas

Hoje em dia, muitas são as pessoas que têm o privilégio de ter um veículo 4×4 em suas casas. Alguns usam a tração integral, outros nem sabem como fazê-la funcionar, mas o que é certo é que uma boa parte dessas pessoas se aproveita de ter um fora-de-estrada, para nos fins de semana cair na lama, deixando toda a neura das grandes cidades na primeira poça de água ou atoleiro.

Porém, nem todas sabem que o famoso Jeep, ou o nosso “tropicalizado” jipe – sim aquele “jipinho” Willys velho do “Seu Zé” – foi o pioneiro na arte de transpor barreiras. Há cerca de 65 anos, o Jeep foi criado, a princípio com o propósito de ajudar o exército americano a libertar a Europa e a África das tropas nazistas.

Contudo, posteriormente o Jeep provou ser mais forte do que achavam seus próprios realizadores, ele não só passou por todos os obstáculos da Alemanha nazista como superou o tempo, tornando-se um carro civil pacifista que continua “chegando em qualquer lugar e fazendo qualquer coisa”. Alías é essa predisposição de enfrentar qualquer parada é o mais provável motivo para a origem de seu nome, Jeep, que seria a pronuncia das siglas GP (General Purpouse) em inglês.

O Guerreiro

Em junho de 1940, o exército americano fez o convite para 135 empresas do setor automotivo para a produção de um veículo de reconhecimento leve que substituísse as motocicletas e Ford-T adaptados.

Um veículo que tivesse um peso de aproximadamente 590 kg (que, em função de sua inviabilidade, acabou sendo aumentado para 980), tração 4×4, motor de 11,75 kgfm com formato retangular (para poder ser encaixotado) e sistema de refrigeração capaz de suportar as baixas velocidades aplicadas em terrenos acidentados.

Isso por si só já era um desafio para as montadoras na época, porém, pela urgência da guerra todo esse projeto teria que ser desenvolvido, com um protótipo rodando, em 49 dias.

Apenas a marca Bantan conseguiu apresentar o projeto dentro do tempo estipulado. Karls Prosbst, engenheiro que já tinha trabalhado em várias empresasdo setor automotivo, foi recrutado pelo chefe da Comissão de Aconselhamento da Defesa Nacional, William S. Knudsen (ex-presidente da General Motors), para projetar o protótipo do modelo que mais tarde se tornaria o veículo militar mais famoso do mundo. Karls aceitou o desafio e, sem nenhuma remuneração, apresentou o projeto do carro em apenas dois dias – acima do peso, mas dentro de todas as outras epecificações.

Com o projeto da Bantan liberado pelo exército, tanto a Willys quanto a Ford apresentaram protótipos baseados nos planos de Karls. Os protótipos “Quad” da Willys e o “Pygmy” da Ford adicionaram suas próprias mudanças e modificações ao projeto básico da Bantam. As três marcas, por sua vez, acabaram tendo influência no projeto final. O motor mais pesado, mas também mais potente “Go Devil” da Willys foi o escolhido para equipar o Jeep, linhas do modelo Pygmy da Ford foram adotadas pela Willys e a base de todo o projeto era do Bantan GPV.

No entanto, a instabilidade financeira da Bantan fez com que o a Willys tomasse a liderança do projeto. O Willys MB foi desenvolvido e escolhido pelo exército americano, que fechou um contrato com a marca. No entanto, como o Ministério da Guerra necessitava de uma grande quantidade de veículos em curto espaço de tempo, a Willys-Overland concedeu, ao governo dos Estados Unidos, uma licença sem exclusividade, para permitir que outra companhia fabricasse os veículos usando as especificações da Willys. Por conta desse acordo, a Willys forneceu à Ford um conjunto completo de especificações para a produção do Willys MB. Mais de 700 000 veículos foram fabricados no período entre 1940 e 1945.

Um quase civilizado

Com o fim da Segunda Grande Guerra, a Willys continuou a fabricação do Jeep, agora com o propósito da utilização civil, foi aí que nasceram os CJ (Civilian Jeeps). O primeiro modelo foi apresentado em 1945 com o codenome CJ-2A. O visual do carro, em sua maioria, seguia as linhas do Willys MB de guerra, porém, sem mais a necessidade de ser camuflado, o novo modelo vinha com faróis maiores e setas maiores. O Jeep também ganhou uma porta traseira, um estepe lateral e uma versão modificada do motor “Go Devil”, entre outras coisas que seus “avós” militares não tinham.

O Jeep estava lançado, suas vitórias militares e a propaganda da época voltada para a força do veículo e um público de fazendeiros e trabalhadores de construção, ajudaram a alavancar as vendas do modelo.

Em 1953, a introdução do motor Hurricane F-Head, maior que o “Go Devil”, em função do novo comando de válvulas, fez com que o exterior do Jeep fosse modificado. Surgia assim o CJ-3B. Seus traços continuaram com as mesmas linhas quadradas, no entanto, o novo modelo vinha com o cofre do motor bem mais alto para poder acomodar o novo “Hurricane”. Mais de 150 000 unidades desse Jeep foram vendidas até 1968.

Apesar de o CJ-3B ter sido vendido mais de uma década, logo no ano seguinte ao seu lançamento, a Willys colocava a disposição o modelo CJ-5 que era baseado no Jeep militar utilizado na guerra da Coréia, o M-38A1. Bem mais arredondado e um pouco mais largo e comprido, o modelo, que perdurou até 1984, ganhou, com o passar dos anos, diversos itens de conforto e melhorias no motor, eixos e transmissão, atingindo cada vez mais um público interessado em atividades fora de estrada. Em 1955, um ano depois da apresentação do modelo CJ-5, foi introduzido o CJ-6, quase idêntico exceto por sua distância entreeixos maior.

Em 1970, a American Motors Corporation (AMC) comprou a Jeep e impulsionou a produção do veículo a números jamais vistos para um carro 4×4 até então: cerca de 600 carros por dia, três vezes mais que a produção do começo da década.

Em 1976, já com 35 anos de existência do Jeep, a AMC apresentou o modelo CJ-7, o primeiro que oferecia como opcional teto moldado de plástico e portas de aço. Mas o modelo não tirou o CJ-5 do mercado, ambos ficaram lado a lado até 1984, quando a superioridade do modelo 7, obrigou a interrupção do modelo 5.

O último dos Civilian Jeeps foi o CJ-8. Ele já não era um jipe, estava mais para uma picape pequena, com a frente e chassi do tradicionl Jeep. Dez anos depois do lançamento do CJ-7, aparecia pela primeira vez uma evolução dos tradicionais CJ, o Wrangler. Uma evolução que deixou a nomenclatura CJ de lado e deu lugar a tecnologia dos atuais jipes, porém com atributos que não desrespeitam o modelo antigo, detentor de tantas façanhas. Mas isso é outra história.



Fonte: Terra Carros

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