O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, foi mencionado em relatórios elaborados durante uma operação ilegal de espionagem realizada pela Marinha do país no sul do país, revelou hoje o governador da província de Chubut, Mario das Neves.
“Em alguns casos os documentos referem-se ao presidente Néstor Kirchner”, disse Das Neves à “Rádio Spika”.
O governador também afirmou que, já são quase cem o número de pastas na quais estão os papéis apreendidos, por ordem do juiz Jorge Pfleger, em uma base aeronaval da cidade de Trelew, 1.500 quilômetros ao sul de Buenos Aires.
O escândalo começou no último sábado, quando a Marinha informou que seu chefe, o almirante Jorge Godoy, afastou dois dos principais integrantes da força de seus cargos por suposta espionagem ilegal na base Almirante Zar.
A Marinha de Guerra argentina ordenou ontem à noite o fechamento do serviço de inteligência para submetê-lo a uma auditoria comandada pelo Ministério da Defesa.
“Há, no mínimo, e para ser suave, um descumprimento dos deveres do funcionalismo público. A Marinha, nem força alguma, tem que realizar espionagem interna, muito menos este tipo de espionagem”, declarou Das Neves.
O governante afirmou que “o controle ideológico da população fica claro após uma olhada em algumas das pastas” encontradas na Base Aeronaval “Almirante Zar” e que têm informações sobre funcionários, dirigentes políticos, líderes sociais e jornalistas.
“Enquanto a investigação avança isto fica cada vez mais grave. Era feito o que geralmente se chama de controle ideológico de certo setor da população, coisa absolutamente proibida pelas leis”, declarou o governador.
Das Neves confirmou hoje que o Governo de Chubut pediu que entre como querelante na causa investigada pelo juiz Pfleger a partir de uma denúncia do grupo de defesa dos direitos humanos Centro de Estudos Legais e Sociais (Cels).
“Se voltássemos 30 anos, estas pastas são as que permitiam que alguém fosse a sua casa te buscar e te fazer desaparecer”, declarou em alusão ao golpe militar do dia 24 de março de 1976, que deu início a uma ditadura que perdurou no país até 1983.
Por outro lado, o almirante Godoy disse que “hoje a inteligência naval não está funcionando”.
“Suspendemos todas as atividades até que possamos determinar exatamente o que acontece em cada local onde é colhida informação, que deve ser exclusivamente relacionada a questões operacionais da Marinha”, afirmou durante entrevista ao jornal “La Nación”.
A ministra da Defesa argentina, Nilda Garré, prometeu “severidade” na investigação das atividades de espionagem ao considerá-las “descumprimentos muito graves da lei” e ratificou o chefe da Marinha em seu cargo.
Agência EFE
Kirchner é mencionado em relatórios de espionagem da Marinha
Presidente da Argentina, Néstor Kirchner, foi mencionado em relatórios elaborados durante uma operação ilegal de espionagem realizada pela Marinha do país no su
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