Um integrante da CPI dos Bingos recebeu a informação de que a ordem para violar o sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa partiu do gabinete da Presidência da Caixa Econômica Federal. Os dados, extraídos do sistema do banco com a senha de um gerente, teriam sido encaminhados por fax a um assessor especial do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
A Caixa não quis comentar essa informação, mas admitiu a membros de uma subcomissão da CPI que a cópia dos extratos do caseiro, em poder dos senadores, só pode ter saído de dentro da própria Caixa, conforme a Folha antecipou na edição de ontem.
Por meio de sua assessoria, a CEF informou que não se manifestaria sobre hipóteses e reiterou que a quebra do sigilo bancário está sob investigação de um grupo de auditoria, com prazo de 15 dias para terminar o trabalho e apontar os “eventuais” responsáveis pelo crime.
O presidente da CEF, Jorge Mattoso, recusou um pedido de entrevista. Dois pedidos de convocação de Mattoso foram apresentados ontem na CPI.
A Folha ouviu também relatos de dois funcionários da Caixa com teor idêntico à informação obtida por membro da CPI dos Bingos. Segundo os funcionários, a ordem para acessar a conta do caseiro foi encaminhada à Superintendência Nacional de Rede.
Nesse departamento, a cópia do extrato teria sido feita por uma gerente. De acordo com os funcionários, ela não sabia que a operação estava sendo feita para quebrar o sigilo do caseiro. Acreditava ser algo rotineiro e encaminhou o documento para a chefia de gabinete de Mattoso.
Daí, o extrato teria sido encaminhado ao assessor de Palocci. Senadores da oposição e membros da CPI dos Bingos levantavam suspeitas de que esse assessor seria Marcelo Netto. Ontem, o Ministério da Fazenda não se manifestou sobre o assunto.
Durante o encontro com a subcomissão da CPI, o presidente da Caixa admitiu que o extrato bancário do caseiro foi obtido por um funcionário com cargo de gerência na instituição, segundo relato do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). “Os próprios dirigentes da Caixa informam que esse tipo de extrato, se for verdadeiro, só pode ter sido fornecido nesse nível [gerencial]”, disse o senador.
“Temos de ver a autenticidade do documento. Se for verdadeiro, leva a crer que foi obtido por um gerente”, confirmou o senador Flávio Arns (PT-PR), outro integrante da subcomissão que visitou ontem a Caixa.
Os senadores dispunham de uma cópia do extrato de Francenildo a que a revista “Época” teve acesso na semana passada. O extrato, no formato do sistema interno da Caixa, foi impresso na noite de quinta-feira, mas não há indicação da senha do funcionário que acessou os dados da movimentação bancária do caseiro.
Fonte: Folha Online