O mercado português está a ser alvo de uma investida forte proveniente do Brasil, com os governos estaduais a apostarem cada vez mais em promover os seus destinos turísticos junto dos operadores portugueses. Só ontem Lisboa recebeu dois eventos distintos em que Paraíba e Goiás procuraram mostrar o que de melhor têm, sabendo como as carteiras dos turistas portugueses podem ser importantes para dinamizar as economias locais.
A região Centro-Oeste do Brasil é uma das menos promovidas em Portugal. No entanto, o secretário de Turismo de Goiás, Marcelo Safadi, quer iniciar em Portugal uma divulgação totalmente nova, integrando Goiás e Brasília numa só estratégia. A promoção turística de Goiás arrancou em Lisboa, num encontro que os responsáveis de Goiás e Brasília realizaram com operadores portugueses.
Marcelo Safadi, que falará na quinta-feira sobre gestão numa universidade de Lisboa, considera que não é a tarifa aérea, mais cara para o Centro-Oeste, que afectará os fluxos turísticos. E defende uma diferença face aos produtos culturais oferecidos pelos destinos litorais brasileiros: “a experiência do Brasil profundo está lá dentro, as festas tradicionais que não estão modificadas estão lá dentro”.
Uma das ideias sugeridas aos operadores lusos pelo secretário de Turismo goiano é a de vender a hotelaria de Brasília ao fim-de-semana, por nessas ocasiões ser mais barata, e apostar em Goiás nos dias de semana. Marcelo Safadi deixa ainda uma dica para quem precisa de atravessar o Brasil de avião: “fazendo escala em Brasília é possível visitar dois pontos que são património mundial”, ressalta.
Aos operadores turísticos portugueses foram apresentados 10 roteiros, incluindo dois ou três locais de referência por produto, nomeadamente Goiânia, com uma oferta de 10 mil camas, Brasília, com 32 mil, Caldas Novas, com 45 mil leitos, e Chapada dos Veadeiros, com a sua oferta selecta de 1.800 camas e apenas 400 para turistas estrangeiros.
Trata-se de roteiros integrados, privilegiando a natureza, a cultura, a gastronomia e a segurança. As sugestões, disponibilizadas no site www.brasiliagoias.tur.br, incluem roteiros de eco-turismo, turismo de aventura, místico-terapêutico, de terceira idade, histórico, histórico-cultural e de natureza (todos de quatro dias), águas termais (cinco dias), pesca (seis dias) e eco-turismo prolongado (sete dias).
O secretário de Turismo de Goiás não divulgou números relativos ao fluxo de turistas portugueses para aquele Estado, por se tratar de um valor ainda insignificante. A criação de um voo directo de Lisboa para Brasília poderá alterar o cenário actual. Mas para isso, reconhece Marcelo Safadi, “primeiro é preciso criar a demanda”.
Paraíba quer hotelaria portuguesa
Longe do grande centro de negócios que é São Paulo, onde muitas empresas portuguesas sediam as suas subsidiárias portuguesas, e distante também das trilhas turísticas goianas, o Estado da Paraíba fez-se representar ontem em Lisboa pelo secretário de Turismo do governo estadual, Roberto Cabral, que participou de um fórum sobre investimento imobiliário no Brasil.
O fórum, promovido pela consultora financeira ExChange e pela promotora imobiliária Lugares no Brasil, teve uma primeira edição, em que meia centena de investidores, em boa medida particulares, ouviram conselhos e sugestões sobre o que fazer para investir no mercado brasileiro.
Dos organizadores do fórum ficou a garantia de que a próxima edição, daqui a três meses, será dedicada em exclusivo à Paraíba. O Estado nordestino vai marcar presença no próximo fim-de-semana na Imobitur, no Porto, feira na qual o Portugal Digital esteve presente no ano passado.
Apesar de ter apenas 135 quilómetros de litoral, a Paraíba apresenta-se, de acordo com Roberto Cabral, como um bom destino de investimentos. O secretário de Turismo e Desenvolvimento paraíbano destacou os R$ 190 milhões investidos pelo Governo na melhoria do porto de Cabedelo, bem como o aumento de actividade no aeroporto de João Pessoa, que em fevereiro registou mais de 13 mil desembarques, face a cerca de 8 mil no mesmo mês do ano passado.
A Paraíba é um Estado que interessa aos investidores portugueses, embora não esteja ainda tão explorado como outras regiões do Nordeste, como é o caso da Bahia. No segundo semestre do ano passado o Portugal Digital revelou o interesse de um grupo português em fazer um investimento de peso na Paraíba, na área hoteleira. A construção do empreendimento, que envolverá um terreno de 450 hectares na Ponta do Cabo Branco, deverá ser iniciada ainda este ano, disse ao Portugal Digital Roberto Cabral. O responsável do governo da Paraíba não adiantou, porém, qual o grupo envolvido. Além disso, o terreno em causa terá de ser sujeito a uma licitação. O investimento previsto ronda os US$ 150 milhões.
Fonte: Portugal Digital
