Paraíba

[ESPECIAL] Ednaldo do Egypto, eterno personagem

Talento e determinação construíram a carreira desse grande realizador do teatro paraibano

A Paraíba, sem dúvida, tem uma larga e interessante história para contar no que diz respeito à sua experiência com o teatro. Mas é impressionante a falta de registros sobre o tema, e como diz o jornalista Augusto Magalhães na introdução do seu livro “História do Teatro na Paraíba” (Editora Idéia, 2005), escrever sobre o teatro na Paraíba não é tarefa fácil. Primeiro, segundo Augusto, porque demanda um trabalho de pesquisa onde praticamente não existe bibliografia sobre o assunto. Depois, porque não há na Paraíba um interesse oficial em catalogar e arquivar esse material para posterior investigação.

Ednaldo do Egypto era um exemplo de alguém que ao mesmo tempo que se dedicava ao fazer teatral, colocando a mão na massa e produzindo sempre, ainda arrumava tempo para se dedicar a fazer um registro da sua grande paixão, o teatro. É dele um álbum que registra imagens de cenas de 40 anos do Teatro Paraibano. Além desse trabalho, encontramos também um suplemento publicado no Jornal “A União”, também escrito por Ednaldo baseado em um livro de Walfredo Rodrigues.

O teatro – Mas, afinal, quem é esse personagem que narrou e participou da construção do nosso teatro? O nome dele é Ednaldo do Egypto, uma vida dedicada ao teatro paraibano, e uma constante preocupação em preservar a história e ampliar o interesse do público em geral pelo fazer teatral. Foram anos de batalhas e contratempos, mas sua paixão e determinação fizeram com que os obstáculos fossem superados. Com a sua morte, não é mais possível assistir sua atuação nos palcos, mas é possível senti-la através das histórias e dos relatos dos que com ele conviveram.

Ele conseguiu a façanha de construir seu próprio teatro, um sonho quase inatingível para a maioria dos atores. Um sonho que realizou sozinho, e com a ajuda de alguns poucos amigos, construindo ele mesmo o Teatro Ednaldo do Egypto, localizado na Rua Maria Rosa, 284, no bairro de Manaíra em João Pessoa. Inaugurado em 27 de março de 1995, em homenagem ao Dia Internacional do Teatro e do Circo.

Já se passaram 11 anos e o sonho idealizado por ele é hoje uma referência para os melhores espetáculos que passam pela capital paraibana. Apesar de enfrentar os problemas comuns à maioria das casas de espetáculos do Brasil, continua realizando o espetáculo, e o sonho, do seu idealizador.

Eterno personagem – Em seu trabalho de resgate da história do teatro paraibano, o jornalista Augusto Magalhães classifica Ednaldo do Egypto como um “Arlequim” dos tempos modernos, um personagem da commedia dell’arte. Assistiu ao primeiro espetáculo aos 8 anos de idade, e aos 13 já estava nos palcos, participando de sua primeira montagem.

Logo o seu jeito engraçado de interpretar conquistou o público, e Ednaldo do Egypto nunca mais separou-se do teatro. Atuou em mais de 60 peças, com destaque para “Os Novos Ricos”, “Paraibanadas”, “Vovó Viu a Uva” e “No Tempo da Chrestomatia”. Além de ator, também dirigia e escrevia textos teatrais.

Na televisão participou de vários comerciais e participou do elenco do programa “Sábado de Graça”, um programa de humor adaptado para a TV a partir de um texto teatral, com roteiro e direção de Cristovam Tadeu. A iniciativa foi um marco na televisão local, e o programa era realizado totalmente com atores, diretor e técnicos paraibanos, e foi exibido entre 1999 e 2000 pela afiliada da Rede Bandeirantes, TV O Norte.

Há três anos o Teatro Ednaldo do Egypto sente a falta do seu idealizador e fundador, que com sua morte deixou uma lacuna difícil de ser preenchida pelas novas gerações. Mas o espetáculo tem que continuar, e neste final de semana está em cartaz a peça “Fuzuê no Galinheiro – Um Conto de Páscoa”. Trata-se de um musical infantil, do grupo Arretado Produções Artísticas, em cartaz sábados e domingos, às 17horas. Uma adaptação de Nelson Alexandre.

A história do teatro na Paraíba – Segundo o historiador Walfredo Rodrigues, a rua da Areia, localizada no Centro Histórico de João Pessoa, era o endereço das apresentações de dramas da velha Parahyba. Era lá o centro de negócios, local onde surgiu a primeira casa de entretenimento da Província, com moldes totalmente diferentes dos conhecidos hoje em dia. O nome era Coliseu Paraibano, e foi nesse espaço que a história do teatro paraibano começou a ser construído.

Os dramas passaram a fazer parte da vida de comerciantes e homens de negócios que circulavam pela Parahyba e procuravam divertimento. O primeiro espetáculo, um drama, teria sido Inês de Castro. O Coliseu, que funcionou até os primeiros anos do século XX, na residência do comerciante português Manoel de Carvalho Bastos, abriu caminhos para a construção de outros teatros.

A origem do teatro – A palavra “teatro” deriva dos verbos gregos “ver, enxergar” (theastai). Na Grécia antiga, os festivais anuais em homenagem ao deus Dionísio incluíam a representação de tragédias e comédias. A seguir, todos os papéis eram representados por homens, pois não era permitida a participação de mulheres. O espaço utilizado para as apresentações, em Atenas, era somente um grande círculo. Com o passar do tempo, o teatro grego se profissionalizou e surgiram os primeiros palcos elevados. Os escritores cuidavam de todas as etapas de produção de uma peça

O teatro romano, influenciado pelos gregos, também ia se desenvolvendo, na mesma época, através de nomes como Plauto e Terêncio. Enormes tendas, com capacidade de abrigar quarenta mil pessoas, eram erguidas em Roma para as encenações. E foram os romanos que criaram a pantomima, que, por meio de música, era realizada por um ator mascarado que representava todos os papéis.

Foi na Itália que surgiu o inovador teatro renascentista, provocando a bancarrota do teatro medieval. Esse teatro dito humanista desenvolvido pelos italianos, influenciou decisivamente outras nações européias, por meio de caravanas realizadas por companhias de Commedia Dell’Arte. Outra novidade italiana foi a participação de atrizes, além das evoluções cênicas, com o advento da infra-estrutura interna de palco. Inglaterra e França importaram as mudanças italianas e incorporaram-nas em seus intrínsecos estilos teatrais, com destaque para Shakespeare e Molière, respectivamente

A evolução teatral – A partir do século XVIII, acontecimentos como as Revoluções Francesa e Industrial, mudaram a estrutura de muitas peças, popularizando-as através de formas como o melodrama. Nessa época, em todo o mundo, surgiram inovações estruturais, como o elevador hidráulico, a iluminação a gás e elétrica (1881). Os cenários e os figurinos começaram a ser mais elaborados, visando transmitir maior realismo, e as sessões teatrais passaram a comportar somente uma peça. Diante de tal evolução e complexidade estrutural, foi inevitável o surgimento da figura do diretor.

O teatro do século XX se caracteriza pelo ecletismo e quebra de tradições, tanto no design cênico e na direção teatral, quanto na infra-estrutura e nos estilos de interpretação. Podemos dizer, sob esse prisma, que o dramaturgo alemão Bertolt Brecht foi o maior inovador do chamado teatro moderno. Hoje, o teatro contemporâneo abriga, sem preconceitos, tanto as tradições realistas como as não-realistas.

O início do teatro no Brasil – As informações mais antigas que temos sobre atividades teatrais no Brasil se referem aos autos religiosos que o padre José de Anchieta fez encenarem-se para auxiliar na catequese dos índios. Não há dados sobre representações cênicas anteriores à chegada dos portugueses, a menos que consideremos as cerimônias e festas dançadas de algumas tribos brasileiras como representações. Na cidade mineira de Vila Rica (atual Ouro Preto) há registros de apresentações teatrais ocorridas no século XVIII, no período do ciclo do ouro. Em 1810, D.João VI manda construir o Real Teatro de São João (atual teatro João Caetano), onde se apresentam companhias portuguesas.

Teatros de João Pessoa

Teatro Santa Roza
Praça Pedro Américo, s/n – Centro – Telefone: (83) 3218-4383

Teatro de Arena
Rua Abdias Gomes de Almeida, 800 – Espaço Cultural José Lins do Rego – Tambauzinho Telefone: (83) 3244-1360

Paulo Pontes
Rua Abdias Gomes de Almeida, 800 – Espaço Cultural José Lins do Rego – Tambauzinho – Telefone: (83) 3211-6230

Lima Penante
Av. João Machado, s/n – Centro – Telefone: (83) 3221-5835

Ednaldo do Egypto
Rua Maria Rosa, 284 – Manaíra – Telefone: (83) 3247-1449

Cine Teatro Bangüê
Rua Abdias Gomes de Almeida, 800 – Espaço Cultural José Lins do Rêgo – Tambauzinho- Telefone: (83) 3211-6276

Ariano Suassuna
Av. Monsenhor Walfredo Leal – Colégio Pio X – Tambiá – Telefone: (83) 3221-4052



Lilla Ferreira
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