Cotidiano

“Bang Bang” vira trama sem identidade

Idas e vindas da trama fazem com que a novela se torne uma obra pouco coerente e sem uma "personalidade" própria

É sempre curioso comparar o que a Globo diz de uma trama na hora da estréia e depois de um tempo no ar. Bang Bang, por exemplo, seria revolucionário e iria entrar para a história da emissora.

Para a Globo a previsão, lamentavelmente, se cumpriu. Bang Bang promoveu uma das maiores transferências de audiência – no caso, para a Record – da história da TV brasileira.

A emissora até tentou evitar, ao implementar uma série de mudanças à trama. Mas o estrago já estava feito. A audiência chegou a cair a 22 pontos e agora mantém uma média sempre inferior a 28 pontos – o “trilho” da Globo no horário é de 35.

Além disso, as idas e vindas da trama, desde a saída de Mário Prata até a entrada de Carlos Lombardi, fazem com que a novela se torne uma obra pouco coerente e sem uma “personalidade” própria.

Nesses quase cinco meses no ar, Bang Bang virou uma verdadeira colcha de retalhos mal costurada.

A brincadeira com os ícones do velho oeste proposta por Mário Prata sofreu significativas alterações com a entrada de Carlos Lombardi. Antes, a novela era de uma comicidade sutil e com um humor bem mais contido. As histórias criadas por Prata recorriam ao sarcasmo e as piadas eram pontuadas por uma fina ironia.

Com Lombardi, no entanto, a trama tem seguindo os caminhos de uma comédia mais escrachada, bem diferente da trilha prevista inicialmente. Além disso, Lombardi passou a dar novos contornos a alguns personagens, como é o caso de Ben Silver (Bruno Garcia).

O protagonista não é mais o herói vingativo, que planejava acabar a todo custo com Paul Bullock (Mauro Mendonça). O perfil de Silver foi “adocicado” e agora está tão manso que até trabalha para o suposto assassino de seus pais.

A entrada de Carlos Lombardi na supervisão dos textos, por sinal, até movimentou bem a novela, que se arrastava, ofegante, na aridez do deserto. A trama ficou mais ágil e tem explorado bastante as histórias de amor envolvendo o próprio Ben Silver e Diana Bullock (Fernanda Lima).

Para sacudir a poeira, Lombardi tratou também de criar novos conflitos no insosso romance entre os protagonistas, incluindo uma dose extra de ciúmes na relação entre os dois.

Para a empreitada, Lombardi utiliza personagens que não existiam anteriormente, como o veterinário George Lucas (Murilo Rosa), e a proprietária de terras Viúva Clark (Luciana Braga). Através da entrada desses personagens que o autor pretende incrementar as tramas do casal principal, que tem pouco apelo.

Carlos Lombardi, aliás, sempre usa o recurso de incluir novos atores – em Kubanakan, por exemplo, entrava um novo personagem por semana. Daí as participações de Dona Zorrah (Nair Belo) e de Calamity Jane (Betty Lago).

Nem sempre os novos papéis chegam para esclarecer alguma situação e muitas vezes deixa a novela parecendo uma diligência desgovernada. Mas não há como negar que o entra e sai de personagens acaba dando um ritmo interessante à trama.

A menos de um mês para terminar – Bang Bang ficará no ar até 21 de abril -, a novela ainda padece de muitos problemas. As “turbulências” pelas quais a produção vem passando ao longo do tempo fazem dela uma obra sem uma “face” realmente definida.

Depois de tanto mexer, Bang Bang hoje não é nem uma novela de Carlos Lombardi nem tem a ver com a idéia original de Mário Prata – que era boa, mais foi muito mal aplicada.


TV Press

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