Política

Bovespa cai menos e dólar sobe com espera por equipe de Mantega

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A Bolsa de Valores de São Paulo inicia a segunda metade do pregão com baixa de 0,14%. O Ibovespa, índice com as 57 ações mais negociadas, registra 37.587 pontos. A divisa norte-americana tem alta de 2,39%, cotada a R$ 2,223. O risco-país está a 238 pontos –alta de 2,14% em relação ao fechamento de ontem.

O mercado opera hoje sob as influências das mudanças no Ministério da Fazenda, no início da noite de ontem. A saída de Antonio Palocci já era esperada, segundo analistas.

A surpresa ficou por conta da nomeação de Guido Mantega –um dos menos cotados pelo mercado, que desejava a indicação de Murilo Portugal. Para os operadores, Portugal era a garantia de manutenção da política econômica em vigor na gestão de Palocci. Mas Portugal também pediu para sair.

Agora o mercado especula sobre a manutenção de Henrique Meirelles na presidência do Banco Central. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), afirmou que Meirelles fica, mas sua ida à casa de Palocci nesta tarde motivou boatos de renúncia.

Com o dólar subindo mais de 2%, a Bolsa sofre perdas hoje. “Quanto ao investidor estrangeiro, só a valorização do dólar já fez a Bovespa cair”, diz o economista-chefe da corretora Liquidez, Marcelo Voss.

Segundo Voss, a desvalorização do real também é um movimento normal de ajuste, com a cotação do dólar rumo aos R$ 2,20.

“Já era esperada a elevação do dólar em 0,80% por conta do cenário externo. Descontado isso, a valorização de 1,60% é uma reação normal a tantas mudanças no cenário político”, diz Voss.

O nervosismo do mercado, dizem os analistas, deve se estender mais alguns dias, com tendência à acomodação. Para Miriam Tavares, diretora da corretora AGK, a volatilidade e o impacto negativo devem ser pontuais.

A velocidade desse movimento tem relação, sobretudo, às próximas ações e declarações de Guido Mantega. Os investidores esperam do ministro sinais efetivos de que a política econômica não passará por sobressaltos.

“Guido Mantega deve tranqüilizar os mercados reafirmando a continuidade das diretrizes da política econômica e os mercados devem fazer uma pausa com cautela para conferir”, diz Tavares.

“O Mantega não tem o perfil do Palocci, que amarra muito bem tudo o que fala. Até por isso o mercado vai apresentar certo grau de incerteza até que o Mantega ajuste o discurso com a política adotada”, diz Alessandra Ribeiro, analista de investimentos da corretora Tendências.

Para essa tarde, as expectativas ficam por conta da entrevista coletiva de Mantega à imprensa, após a posse no cargo. Também é aguardado um pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em defesa da sustentação da política econômica do governo. Possíveis mudanças na equipe do Ministério da Fazenda e do Banco Central também são fontes de incerteza.

No cenário externo, a atenção está para o fim da reunião do Fomc (sigla em inglês para Comitê Federal de Mercado Aberto) do Federal Reserve (o banco central norte-americano), quando será divulgado o comunicado final sobre o futuro da política monetária para os Estados Unidos.

Para Míriam Tavares, o cenário mais provável continua sendo de mais uma ou duas altas, com a taxa dos fed funds alcançando os 5%, dado o cenário de inflação corrente contida e de expectativas futuras acomodadas.

Fonte: Folha Online

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