O relatório final da CPI dos Correios, que deve ser lido a partir das 12h de hoje, vai sugerir o indiciamento de dois ex-ministros e de 19 deputados investigados pela comissão, a maior parte envolvida com o suposto “mensalão”. No total, o número de indiciamentos deve chegar a 130.
O relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) diz no documento haver indícios de prática de crime eleitoral, sonegação fiscal e, em alguns casos, de corrupção. Nessa lista, está o ex-deputado e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (SP).
O ex-ministro Luiz Gushiken e o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira também constam do relatório como possíveis indiciados. Todos serão encaminhados ao Ministério Público para que sejam investigados.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é apenas citado no relatório. Serraglio relatou no documento que o ex-deputado Roberto Jefferson informou o presidente da existência do mensalão.
O mesmo acontece com Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente. Lulinha é dono da Gamecorp, empresa que recebeu aporte de capital de R$ 5 milhões da Telemar mais R$ 5 milhões anuais para publicidade.
Nova lista
Do relatório final não constarão nomes de novos parlamentares suspeitos de participação no mensalão, de acordo com um integrante da CPI dos Correios.
O cruzamento de informações do mensalão com os nomes de funcionários de confiança de gabinetes de parlamentares por meio um programa de computador achou “coincidências” que poderiam indicar o envolvimento no esquema de corrupção.
Alguns assessores de deputados, por exemplo, estiveram na agência do Banco Rural em Brasília no mesmo dia em que Simone Vasconcellos, a diretora financeira da SMPB, empresa de Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como o operador do mensalão, repassou dinheiro para parlamentares.
No entendimento de integrantes da comissão, não haveria elementos suficientes para dizer que esses deputados tiveram alguma ligação com o mensalão. Seria, na opinião de integrantes da cúpula da comissão, uma “ilação”.
As informações, apesar de não constarem do relatório final, deverão ser encaminhadas para posterior investigação do Ministério Público.
Relatório extenso
O documento final da CPI dos Correios é o maior já produzido por uma comissão parlamentar de inquérito. O relatório da comissão deve passar de 7 mil páginas, levando-se em consideração os anexos.
São três volumes: o primeiro é exclusivamente feito por Serraglio, um trata de contratos e há outro especificamente para tratar do valerioduto. A parte principal do documento tem 1.800 páginas.
Votação
A CPI está dividida. Nem a oposição, nem os governistas têm garantia de que conseguirão aprovar o relatório nos termos que defendem.
Haverá pedido de vistas do documento e os petistas podem apresentar um relatório em separado ou destaques ao texto principal.
Outros integrantes, por sua vez, dizem acreditar que os governistas podem estender o prazo para a análise do documento e chegar ao final da comissão sem votar o relatório.
Fonte: Folha Onlien