Política

Celular, você consegue viver sem ele? Ou faz parte da legião de usuári

Segundo especialistas, a dependência da tecnologia está interferindo na forma como as pessoas se relacionam

Entende-se por compulsão, a “imposição interna irresistível que leva o indivíduo a realizar determinado ato ou a comportar-se de determinada maneira”. A sociedade moderna tem acentuado determinados tipos de comportamentos, e acelerado o ritmo de alguns hábitos, repaginados em função da tecnologia. A necessidade de se comunicar faz parte da vida do homem desde a pré-história, mas quem foi que disse que você “precisa” de um aparelho celular para suprir essa necessidade básica do ser humano?

Compulsão por alimento, compulsão por sexo, mentiras, e telefone celular! Sinal dos tempos e de uma sociedade moderna que muitas vezes acentua problemas antigos, em função da grandiosidade de suas cidades e dos avanços tecnológicos.Tempo de ação, ausência de espaço para pensar. O jornalista americano David Brooks, em seu livro “A sociedade da Era da Informação”, afirma que o homem moderno está viciado em tecnologia. E segundo ele, o custo disso pode ser o fim da criatividade.

Ele faz um retrato das aspirações, comportamentos, visões do mundo e incongruências da sociedade americana na década de 90, que pode servir de referência, salvo algumas particularidades, para a sociedade em que vivemos, aqui em João Pessoa, Paraíba, Brasil.. Em comum, a dependência cada vez maior da alta tecnologia.Telefones celulares, e-mails, computadores portáteis, prometem tornar nossas vidas mais práticas, cobrando um preço alto de indivíduos e corporações.

No caso do celular, ele alterou a necessidade de comunicação, imprimindo um ritmo irreal. Criou uma ‘supra-necessidade’ de comunicar-se a cada instante. Como acontece com Alexandre Moura, estudante de Jornalismo e Produtor do Cinema BR em João Pessoa, 25 anos. Ele diz que para ele, o celular é como uma roupa, um acessório indispensável. “Até quando estou me arrumando, ele está por perto, o tempo todo dentro de casa”, acrescenta, valendo-se também de um álibi para justificar seu comportamento, que é o fato de morar longe da sua família, o que cria a necessidade de estar 24 horas ligado, para qualquer eventualidade.

O também estudante de Jornalismo, André Gomes, 25 anos, repórter da TV UFPB, até se assusta quando perguntado se conseguiria viver sem o celular. De forma enfática, após o susto, ele responde com um sonoro “não”, e explica: “Primeiro, porque não tenho telefone fixo em casa, porque não compensa, praticamente não fico em casa. E eu ‘preciso’ ficar ligado 24 horas. Não desgrudo dele um minuto, fica o tempo inteiro no bolso”.

Segundo especialistas, a dependência da tecnologia está interferindo na forma como as pessoas se relacionam. Alguns indivíduos costumam se comunicar o tempo todo através de e-mail ou por telefone, praticamente ‘enterrando’ a comunicação interpessoal. Ana Raquel, publicitária, 28 anos, conta que ficou em pânico quando fez uma viagem e perdeu o celular durante um passeio. Passou o tempo inteiro procurando um lugar onde houvesse um telefone ou um computador, para sentir-se mais segura e ligada ao mundo, ao seu mundo.

Ary Régis, maquiador, 26 anos, diz que não conseguiria viver sem o seu celular, e que tenta lembrar como as pessoas viviam sem o celular, mas “não consegue”. Essa é uma sensação comum à um número cada vez maior de pessoas, que vive um ritmo frenético. Estudos ainda tentam identificar quais os danos que esses comportamentos estão causando às corporações. Ainda não se pode mensurar o quanto esses hábitos modernos atrapalham o rendimento nas empresas, mas já se pode notar que eles interferem nas rotinas de trabalho.

Mas, por sua vez, elas têm uma contrapartida, que é a facilidade de poder contar com sua mão-de-obra em qualquer lugar, encurtando e muitas vezes anulando distâncias. Há alguns anos, um profissional que ficasse longe da sede de sua empresa por algum tempo conseguiria desenvolver uma cultura própria. Hoje, todos estão conectados a algum lugar. O importante é aprender a ultrapassar os filtros impostos pela sociedade moderna.

Um pequeno número de usuários do telefone celular, ainda o faz apenas como um instrumento ‘necessário’ de comunicação. Um número pequeno, mas resistente, que insiste em não deixar a tecnologia se impor ao seu dia-a-dia. Valéria Siqueira, dentista de 45 anos, conta que o celular, para ela, é apenas um instrumento de trabalho, que serve também para manter-se ligada em casa, para controlar a rotina da casa e dos dois filhos pequenos. Esse tipo de comportamento se contrapõe ao mais novo estilo de usuário, que é aquele que mantém dois aparelhos o tempo inteiro ligados. Um para uso profissional, e outro para uso pessoal.

O Brasil, um país continental, quando visto pela lógica do mercado, apresenta uma grande demanda para o ramo das telecomunicações. No que diz respeito ao telefone fixo, que agora está conseguindo atingir um segmento importante das minorias, e principalmente à telefonia móvel. Uma verdadeira ‘guerra’ das operadoras está sendo travada na conquista pelo cliente. Após a conquista, uma nova luta para mantê-lo fiel, tal o número de propostas que acenam e estimulam a mudar de empresa. Preços baixos, planos especiais, novos modelos, um número infinito de vantagens.

É comum você procurar um velho conhecido e descobrir que o número dele já mudou. Aliás, é provável que nesse período sem contato ele tenha trocado de aparelho e de operadora diversas vezes, uma prática comum hoje em dia. O número de lojas especializadas na venda de aparelhos celulares tem aumentado significativamente em João Pessoa, e elas costumam ter como ponto alto de vendas as datas comemorativas, como Dia dos Pais, Dia das Mães, Dia dos Namorados, e especialmente o Natal. A surpresa fica por conta do Dia das Crianças. É cada vez mais comum você encontrar crianças que ainda estão em fase de alfabetização, fazendo uso muitas vezes de forma indiscriminada do celular.


Lilla Ferreira
Clickpb

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