Cotidiano

Roteiros gastronômicos pelo Brasil

Modalidade ainda pouco praticada, a dobradinha viagem e culinária é uma das mais deliciosas. Experimente

Conhecer um lugar é mais que admirar suas paisagens e voltar com belas fotos para casa. É poder guardar, no fundo da memória, impressões impossíveis de serem captadas por lentes, mesmo das câmeras mais potentes. Entre essas, uma das que trazem as melhores lembranças estão ligadas à culinária. Experimentar os pratos típicos de uma região, seus temperos, aromas e sabores, é fazer parte da cultura do local. E, sobretudo, uma delícia.

O Brasil tem o privilégio de ter uma gastronomia altamente diversificada, mas pouco explorada turisticamente. “O País ainda não conseguiu mostrar todo o potencial”, diz o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci. “Queremos que a gastronomia seja um diferencial para o turismo nacional, como é na França e na Espanha, por exemplo.”

Uma das iniciativas da entidade nesse sentido é o Brasil Sabor, festival gastronômico que ocorre até dia 23 e reúne 1.057 restaurantes, de 70 cidades. Para participar, os proprietários tiveram de criar uma receita exclusiva, utilizando ingredientes brasileiros.

Segundo Solmucci, a expectativa é que sejam vendidos 200 mil pratos durante o festival. De cada unidade vendida, R$ 1 será revertido para o programa Fome Zero, do governo federal.

Os participantes do Brasil Sabor também poderão integrar a mostra gastronômica do Salão do Turismo, que será realizado de 2 a 6 de junho, em São Paulo. Uma comissão vai eleger os dois pratos que melhor representam seu Estado.

O evento tem parceria do Ministério do Turismo e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que desde 2003 realiza projetos com a Abrasel para melhorar a qualidade e incrementar a competitividade entre os estabelecimentos. “O turismo é uma atividade econômica de extrema importância, e a gastronomia como produto associado ao turismo toma uma feição mais robusta”, explica o consultor de Turismo do Sebrae, Dival Schmidt. “A gastronomia pode agregar valor a um roteiro ou até ser o próprio roteiro.”

In loco

A partir dessa premissa, a operadora Matueté investiu na criação de um programa de viagens gastronômicas. Contratou o renomado chef Laurent Suaudeau para elaborar pratos requintados, mas sem perder os elementos da culinária típica de cada local: Pantanal, Angra dos Reis, Amazônia e Sul da Bahia. Também foi feita uma parceria com a Enoteca Fasano, cujo sommelier, Gianni Tartari, ficará responsável pela seleção dos vinhos servidos nas refeições.

A idéia surgiu há um ano, quando um cliente mexicano encomendou a elaboração de um roteiro que envolvesse turismo e culinária. A experiência foi tão bem sucedida que a empresa resolveu incorporar o conceito em sua oferta de pacotes.

Com 25 anos de experiência na combinação da clássica cozinha francesa com ingredientes brasileiros, o chef Laurent considera a iniciativa uma forma de divulgar a gastronomia do País, tanto para brasileiros quanto para estrangeiros, que compõem 50% da clientela da Matueté. “Apesar de existir lá fora uma resistência em entender o que temos de diferente, o interesse está crescendo”, diz.

Durante um ano, foram feitas visitas às regiões para a pesquisa dos seus pratos típicos. Um morador de cada um dos locais passou para o chef Laurent as receitas e a forma de manusear os ingredientes. O menu criado para o Pantanal, por exemplo, conta com carne de jacaré e piranha. Angra dos Reis traz uma mistura de frutos do mar com a cozinha mineira, influente na região. No pacote da Amazônia não poderiam faltar o pirarucu e o tucupi – usado pelos índios para conservar a caça. E, na Bahia, os turistas poderão degustar uma adaptação do acarajé, além de lagosta e robalo.

Os roteiros da empresa têm duração máxima de quatro dias e custam entre R$ 5,5 mil e R$ 6,9 mil (o valor não inclui a parte aérea). “Nosso público-alvo são pessoas que já consomem alta gastronomia e têm vontade de conhecer o Brasil”, explica Robert Betenson, sócio da Matueté.

A proposta é oferecer um roteiro mais intimista e, por isso, os grupos terão, no máximo, 26 pessoas. “Se alguém quiser, poderá acompanhar o preparo dos pratos”, diz Betenson. “Queremos proporcionar experiências raras e inesquecíveis.”

Pelo Brasil

É difícil encontrar roteiros consolidados onde a gastronomia seja o principal produto. Durante dois anos, o jornalista Chico Junior pesquisou e visitou todo o País, em busca das peculiaridades culinárias de cada região. Dessas viagens surgiu o livro Roteiros do Sabor Brasileiro, que detalha as iguarias tradicionais espalhadas – e muitas vezes escondidas – pelo Brasil.

“É um mercado que ninguém descobriu, nem os empresários, nem operadores e nem mesmo os turistas”, diz Chico Junior. “As prefeituras e operadoras precisam se estruturar para isso.” Segundo ele, apesar de não haver roteiros consolidados, quem quiser consegue fazer um bom tour gastronômico por conta própria. “Eu não tive dificuldades. Foi até incrivelmente fácil.”

Nas primeiras páginas de seu livro, o jornalista afirma que o turismo gastronômico não se resume apenas a comer nos restaurantes regionais. “É acompanhar a produção de um queijo, ver como se faz uma verdadeira cachaça artesanal, conhecer a pesca nas comunidades ribeirinhas”, escreve. E ele tem razão.

Deguste, nas próximas páginas, um aperitivo de temperos, costumes e sabores da cozinha nacional. E não se preocupe: comer com os olhos não engorda.

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