A 19ª sessão do julgamento contra Saddam Hussein e sete de seus ex-colaboradores, sem a presença do deposto ditador, se concentrou hoje em investigar se o processo que condenou à morte 148 xiitas foi feito conforme a lei.
Durante as duas horas da audiência, o Tribunal Especial iraquiano prosseguiu com o interrogatório de Bandar Awad, chefe do Tribunal Revolucionário que em 1983 condenou à morte 148 xiitas de Dujail por terem participado, no ano anterior, de um atentado fracassado contra Saddam.
Os 148 sentenciados foram condenados depois da realização de um julgamento sumaríssimo, cuja legalidade está sendo investigada agora.
Awad, que parecia nervoso enquanto respondia às perguntas do presidente do tribunal, o curdo Rauf Abdelrahmán, e do promotor-geral, Jaffar Moussavi, defendeu as penas de morte definidas contra os acusados, de confissão xiita, e insistiu em que tinham recebido um julgamento justo.
“Tiveram um julgamento justo e a oportunidade de apelar (da decisão judicial)”, afirmou Awad, o único dos oito acusados – todos altos cargos durante o regime de Saddam Hussein – que se sentou hoje no banco dos réus.
No entanto, Awad reconheceu que os acusados só tiveram um advogado para sua defesa, e que o profissional foi escolhido pelo próprio tribunal e não pelos réus.
“Foi uma Corte legal e justa”, insistiu Awad, que explicou que os acusados tinham confessado sua participação na tentativa de assassinato e que afirmaram ter realizado o mesmo “com instruções do Governo do Irã para dar um golpe no regime do Iraque”.
Awad jurou por Deus que, durante o julgamento contra os acusados xiitas, ele desejava que fossem inocentes.
Porém, o juiz justificou sua decisão de condená-los à pena de morte devido ao fato de os acusados terem confessado a participação na tentativa de assassinato contra Saddam.
“Queria justiça, e desejava que os acusados não fossem considerados culpados. Ficávamos felizes cada vez que um acusado era declarado inocente”, acrescentou Awad.
“O senhor juiz pensa que eu tinha inimizade com os acusados para condená-los à pena capital?”, perguntou Awad ao chefe do tribunal, para enfatizar que apenas tinha agido conforme à lei.
Além de Saddam, entre os acusados pelo massacre de Dujail estão o ex-vice-presidente iraquiano, Taha Yassin Ramadan, e o meio-irmão de Saddam, Barzan Ibrahim Al-Hassan, chefe dos serviços de inteligência na época da tentativa de assassinato contra o presidente e da reação da segurança iraquiana.
Após a conclusão da audiência, o juiz encarregado do caso decidiu adiar a próxima sessão para a próxima quarta-feira, 12 de abril, quase seis meses após o início do julgamento, em 19 de outubro.
A sessão de hoje ocorreu em um ambiente mais tranqüilo que a anterior, realizada ontem, quando o deposto ditador iraquiano compareceu em tom desafiante ao tribunal e aproveitou a audiência para acusar o atual Ministério do Interior de torturar e assassinar milhares de iraquianos.
Saddam atacou o ministério, dirigido por um xiita e acusado de montar esquadrões da morte que assassinam sunitas, e disse que se tornou “um órgão que matou milhares de iraquianos e os torturou”.
EFE
Saddam não compareceu à nova sessão de seu julgamento
Após a conclusão da audiência, o juiz encarregado do caso decidiu adiar a próxima sessão para a próxima quarta-feira, 12 de abril
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