A decisão do plenário da Câmara de rejeitar ontem à noite o pedido de cassação do mandato de João Paulo Cunha (PT-SP) abriu uma crise no Conselho de Ética. Oito dos 30 integrantes do Conselho –entre titulares e suplentes– apresentaram hoje de manhã uma carta de renúncia.
A renúncia coletiva foi um protesto contra a absolvição de Cunha e de mais oito parlamentares envolvidos no “mensalão” pelo plenário da Câmara. Mas o presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), tentou conter a renúncia coletiva e pediu para os parlamentares permanecerem no Conselho até a votação dos três últimos processos que estão em análise –contra Vadão Gomes (PP-SP), José Janene (PP-PR) e Onyx Lorenzoni (PFL-RS).
“Eu não aceitei a renúncia e pedi para que eles ficassem no conselho até o final do processo”, afirmou o presidente do Conselho de Ética.
Apesar do recuo da maioria dos parlamentares, a crise já evidente dentro do Conselho de Ética. “A crise está instalada no Conselho de Ética. Nos declaramos em crise”, disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). “Não temos mais o mínimo de representatividade.”
Júlio Delgado (PSB-MG) foi o único deputado a não acatar imediatamente o apelo de Izar. Delgado disse que deixa hoje mesmo o Conselho de Ética. Essa postura foi criticada por Izar. “Por que ele [Delgado] não renunciou no caso dele [Delgado relatou o processo contra José Dirceu]? Porque ele estava aparecendo bem [na mídia].”
Bom para o PT
A concretização do pedido de renúncia coletiva iria favorecer o PT, que teria ampliada sua representação no Conselho de Ética. Dois dos deputados que apresentaram o pedido de renúncia –Chico Alencar e Orlando Fantazini (SP)– são do PSOL, mas foram indicados para o Conselho de Ética quando pertenciam ao PT. Se eles deixarem o Conselho, caberá ao PT indicar o nome de seus substitutos.
Quando Alencar e Fantazzini mudaram para o PSOL, o PT ficou apenas com a vaga de titular no Conselho de Ética da deputada Ângela Guadagnin (SP), que foi afastada por Izar.
O Conselho é composto por 15 titulares e 15 suplentes. Entre os titulares que apresentaram a carta de renúncia estão também Nelson Trad (PMDB-MS) e Carlos Sampaio (PSDB-SP). Dos suplentes, pediram para sair do Conselho os deputados Cezar Schirmer (PMDB-RS), Marcelo Ortiz (PV-SP) , Cláudio Magrão (PPS-SP).
Alencar e Trad afirmaram que ficam no Conselho somente até a próxima semana, quando o processo contra Vadão Gomes deve ser analisado. Já Sampaio disse que vai analisar o pedido de Izar. Por enquanto ele se comprometeu a ficar no Conselho até a votação do processo contra José Janene. Os demais devem dizer até a próxima semana se atendem o apelo de Izar e ficam no Conselho ou se saem mesmo assim.
Fonte: Folha Online
Absolvição de Cunha abre crise no Conselho de Ética
None
Política
Política
Política
Política
Política