Paraíba

Hospital de Brinquedos encanta adultos e crianças e garante a saudável

Uma tradição que se mantém até hoje

Muitos brinquedos industrializados são nocivos ou indiferentes para a atividade lúdica da criança. Com uma imensa variedade e inúmeros fabricantes, esta indústria tem de seguir normas de segurança de acordo com os tipos de brinquedos e as faixas etárias. O carro-chefe costuma ser as bonecas, apesar de os materiais utilizados terem piorado a cada década. Mas quando se trata de presente para criança, o item que mais agrada é disparado o brinquedo.

No caso das bonecas, por exemplo, antes confeccionadas em borracha e muitas vezes em tecido, hoje têm só a cabeça de borracha e o corpo de plástico. O apelo do mercado faz com que pais adquiram para crianças muito pequenas produtos que não são seguros. Outro aspecto importante desta indústria, são os jogos coletivos. Alguns até já se tornaram tradicionais. E, além disso, há sempre novidades nesse universo dos brinquedos industrializados.

Mas o que fazer quando os brinquedos quebram? Quando na maioria das vezes eles têm um valor sentimental imensamente desproporcional em relação ao preço pago na loja? Geralmente, quando o carrinho ou a boneca estão danificados, as crianças não querem saber de outro brinquedo, um substituto, querem que “aquele” volte a funcionar como quando os ganharam.

A afetividade pode estar ligada à imagem de quem os presenteou, os pais, os avós, ou até mesmo os tios ou padrinhos. Ou então à relação de intimidade que a brincadeira diária cria em relação ao objeto, transformando-o em um companheiro, um novo status para o que inicialmente era apenas um brinquedo, um objeto. O exercício do ‘brincar’ possibilita o desenvolvimento da auto-estima e da segurança. Torna a criança capaz de se divertir, aprender e crescer sadia ao lado daqueles que ama.

Hospital de Brinquedos – São 23 anos dedicados ao conserto de brinquedos. É esta a história de vida de Francisco Cavalcanti de Farias, 46 anos, natural de João Pessoa. Ele diz que para muitas pessoas pode parecer uma atividade inviável, hoje em dia, “mas eu gosto do trabalho”. Uma atividade que exerce desde 1983, quando um irmão trouxe a idéia, após uma temporada na cidade de São Paulo, quando conheceu o tradicional “Hospital das Bonecas”. Na época, uma novidade. Começaram a trabalhar juntos, mas depois o irmão acabou seguindo outro rumo e ele, apaixonado pela nova profissão, seguiu seu destino.

Uma tradição que se mantém até hoje. “Minha família me ajuda, meus filhos, minha esposa”, cada um com uma função específica. Um costura, enquanto o outro pode ficar responsável pela limpeza dos brinquedos. Para trabalhar nessa área, é necessário ter experiência com eletrônica, parte elétrica, mecânica e até mesmo artesanal. Muitas vezes é necessário ‘fabricar’ uma nova peça para substituir a danificada.

“Comecei conseguindo sucata junto às fábricas, para fazer o meu estoque”, relembra. Hoje, conserta cerca de 30 brinquedos por semana, um trabalho realizado sempre no mesmo local, no bairro de Jaguaribe. Avenida 1º de Maio, em frente a Igreja Nossa Senhora do Rosário. Os brinquedos que mais quebram são os dos meninos, e isso não tem nada a ver com o fato deles tradicionalmente serem mais arteiros. Geralmente o problema é no manuseio inadequado.

Ele conta que em 1998, começou a perceber que as indústrias nacionais iriam enfrentar uma séria crise, o que de fato aconteceu e acabou culminando com a falência de boa parte delas. “Percebi que a coisa não ia andar bem, porque começou aquela série de atacadões, que só vendiam brinquedos com qualidade bem inferior ao que nós tínhamos aqui. Mas eu não deixei exatamente porque eu gosto muito desse trabalho, me realizo em ver o sorriso na face das crianças, na hora em que vêm buscar os seus brinquedos”, diz com um sorriso no rosto.

Cita algumas fábricas que já não existem mais e que eram tradicionais, como a Trol, a Glaslite e a Mimo, algumas das mais conhecidas. Foram 17 fábricas nacionais que ‘quebraram’, desde esse período. A indústria brasileira tenta rivalizar com as fábricas chinesas. Os importados na maioria das vezes são produtos de qualidade duvidosa, quando quebram não há condições de se consertar, ou não compensa em relação ao custo da mão-de-obra para realizá-lo. São praticamente descartáveis.

A Estrela conseguiu se manter, e alguns produtos ela chega a fabricar na China, onde o custo de produção é muito mais barato. Enquanto no Brasil o custo da produção é de R$ 1,50 por hora, na China pode custar apenas R$ 0,50 por dia. No mercado nacional. 30% dos brinquedos são importados. Mas ainda existem muitos brinquedos nacionais que justificam sua atividade. Alguns carrinhos de controle remoto chegam a custar até 800 reais. Normalmente o preço do conserto, ou melhor, do tratamento, fica em torno de 20% a 30% do valor do brinquedo.

Os que mais ‘adoecem’ são as bonecas eletrônicas, os bebezinhos com o corpinho de tecido, carros com controle remoto, vídeo-games, e carros grandes movidos à bateria. Quando começou, ele conta, 80% dos brinquedos que apareciam em sua oficina-hospital eram da Fábrica Estrela, e os outros 20% praticamente todo distribuído entre as demais fábricas nacionais.

As crianças costumam se encantar com a maneira lúdica com que Francisco lida com essa história de trabalhar em um ‘hospital’ de brinquedos. Mas muitas vezes resistem em se separar dos objetos de estimação. Ele lembra do caso de uma boneca onde a garotinha, uma proprietária que se recusava a ficar longe da amiguinha, o obrigou a fazer o conserto correndo, no horário em que ela se encontrava na escola, para que não desse pela sua ausência.

Ele também conserta teclados, vibradores de laringe, babá eletrônica, projetores, retroprojetores, episcópios, microscópio e similares. Mas quando se trata de uma boneca, ele costuma ligar para as sua pequeninas clientes e avisar: “ela está de alta!”.

Brinquedoteca – A surpresa em relação à dedicação de Francisco Cavalcanti, aumenta quando se descobre que ele trabalha literalmente na área de saúde. Há cerca de cinco anos se especializou em radioterapia e é um dos técnicos do setor de Raio-X do Hospital Arlinda Marques. Junto com uma antiga diretora já falecida, Dra. Edna, ele encabeçou a idéia de criar uma Brinquedoteca.

Além de estimular os seus clientes a realizarem doações, ele também doa o seu tempo para as crianças daquela instituição. É o responsável pela recuperação dos brinquedos que serão utilizados pelas crianças como instrumento de terapia de recuperação. Após passarem pelas mãos de Francisco, tornam-se um poderoso instrumento de combate às doenças. Uma guerra entre a magia da infância e a crueldade do mundo real. Um sopro no cotidiano de crianças que lutam para sobreviver ao câncer.

Francisco, que mora perto do hospital, costuma dar uma passeada por lá só para brincar um pouco com os meninos e meninas. Uma paixão daquelas que não têm cura, brinquedos e crianças. Uma paixão para se levar a sério.

Brinquedos tradicionais – Uma simples corda rende um dia de brincadeiras. Individual ou coletiva, pode ser uma excelente atividade física, e lúdica por excelência. Dá para pular de diversos jeitos, fazer cabo-de-guerra, salada-saladinha, entre tantas outras de sucesso garantido com a garotada. O elástico também foi uma brincadeira muito importante na década de 80 e ainda existe em alguns lugares. É só fazer uma pesquisa de repertório com os pais e surgirão estas e muitas outras.

Uma série de opções que muitas vezes não dependem de nenhum material específico, a não ser a memória e o coletivo. Passa-anel, corre-cutia, passa-passa, bandeirinha, elefante colorido, cirandas e rodas diversas, um universo riquíssimo e diversificado. Amarelinha cabra-cega, quatro cantos, brincadeiras de palmas, como nós quatro e adoletá. Escravos de Jô, pega-pega, esconde-esconde, mês e muito mais.


Lilla Ferreira
ClickPB

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