Em fevereiro, quando Rob O. viu uma mensagem da Parexel International aparecer no seu celular – “homens saudáveis são necessários para testes de medicamentos” por 2 mil libras, cerca de U$ 3.500 – parecia uma oportunidade inofensiva para ganhar um dinheiro extra. Parexel, com sede em Waltham, Massachussets, é contratada por empresas farmacêuticas para testar novos medicamentos.
Apenas algumas semanas depois que o homem saudável de 31 anos, citado acima, estava sob intenso tratamento intensivo no Northwick Park Hospital de Londres – com fios indo direto para seu coração e suas artérias, em diálise, no seu sistema imunológico, fígado, rins e pulmões falhando – outra vitima de um teste de medicamentos morreu. Um dos seis homens jovens que recebem a TGN1412, um novo tipo de estimulante do sistema imunológico que nunca tinha sido testado em humanos, Rob O começou a fazer parte de um estudo que esta ressonando na comunidade científica.
Coloca-se em questão aqui os limites dos testes de drogas muito pesadas em humanos. Apesar de os testes do TGN1412 em macacos não terem apresentado muitos problemas, todos os seis humanos que testaram quase morreram.
Um ainda está hospitalizado e os outros, apesar de livre dos riscos, ainda estão com o sistema imunológico bastante debilitado, e não se sabe como ficará a saúde deles futuramente. Na quarta-feira, depois de lançar um relatório interino sobre os relatórios, assim como documentos científicos ainda confidenciais que eram parte da inscrição para os testes, o governo britânico anunciou que estava reunindo um grupo de especialistas internacionais para “considerar quais as mudanças clínicas necessárias”, para novos compostos como este.
Em comunicados nesta semana, tanto a Parexel quanto a fabricante de medicamentos, Tegenero Ag, enfatizaram que elas havia cumprido com todos os regulamentos e conduziram o estudo de acordo com um protocolo aprovado.
Mas se recusaram a responder questões sobre as especificações da ciência envolvida. Depois de uma hora recebendo o medicamento branco e leitoso na unidade de pesquisas da Parexel, em 13 de março, os voluntários respondiam com calafrios, dores e náusea, disse Rob O., que pediu para não revelado seu sobrenome.
Um médico disse a ele que estava “muito doente”. “Mas ninguém vai morrer?”, Rob O lembra de ter perguntado, acreditando que estava participando de um teste normal para um analgésico contra artrite. A resposta: “Talvez dois de vocês. Quem é o parente mais próximo?” Na verdade, o TGN1412 é tudo menos algo padronizado.
O primeiro produto da Tegenero, uma pequena companhia alemã apenas 15 funcionários, o TGN1412 pertence a uma nova classe de anticorpos monoclonais fabricados – a marca da empresa é “superMAB´S” – que os pesquisadores acreditavam que poderia revolucionar o tratamento da leucemia e da artrite reumatóide.
Agora, o TGN1412 parece fadado a entrar para a história médica como um limão farmacológico, com seus testes desastrosos levantando questões sobre se a segurança do paciente está bem protegida na lucrativa corrida para lançar os produtos no mercado.
The New York Times
Cientistas levantam questões sobre testes de medicamentos em humanos
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