Mundo

Atrás de Prodi, Berlusconi faz ofensiva de mídia

None

Na última semana de campanha eleitoral na Itália, o atual primeiro-ministro e candidato à reeleição, Silvio Berlusconi, lançou uma ofensiva na mídia, na tentativa de superar a diferença que o separava do adversário Romano Prodi.

Os italianos votam no domingo e na segunda-feira para renovar o Parlamento.

Com sua reconhecida habilidade de comunicação e talento para frases de efeito, Berlusconi foi manchete de jornais e destaque nos telejornais italianos.

Logo depois do debate televisivo com Prodi, candidato de centro-esquerda, Berlusconi prometeu, se reeleito, cancelar o imposto da casa própria – um dos mais impopulares entre os italianos.

As últimas pesquisas de opinião indicavam que Prodi lidera a disputa para primeiro-ministro, com uma vantagem de 3,5 a 5 pontos percentuais sobre Berlusconi.

Palavrão

Em meio à repercussão da sua proposta de cancelar o imposto da casa própria, o premiê lançou outra ofensiva, recorrendo a um palavrão. Usou a genitália masculina – “coglioni”, com o significado de “otário”, para definir quem vota na esquerda.

A ofensa provocou reações imediatas. Pessoas saíram às ruas em protesto, com cartazes trazendo os dizeres “sono un coglione”. Na internet nasceram blogs com o mesmo título.

“Se (Berlusconi) fosse uma pessoa séria pediria desculpas aos milhões de italianos que ofendeu”, reagiu Piero Fassino, secretário do maior partido da coalizão de Prodi, Esquerda Democrática.

Pouco depois, o “cavaliere”, como Berlusconi é chamado na Itália, se disse vítima da esquerda, que, segundo ele, limita a liberdade de expressão. De acordo com o premiê, devido a essa suposta tendência esquerdista, ele não pôde veicular um programa de TV quatro dias antes das eleições.

No programa, que seria transmitido por um dos canais de TV pertencentes a Berlusconi, o premiê apareceria sozinho, sem seu adversário.

A atração acabou sendo vetada, por imposição de um órgão regulador da mídia no país.

‘Perseguição’

No dia seguinte ao veto, Berlusconi convocou a imprensa ao palácio do governo anunciando ter algo importante a declarar. Antes que os jornalistas fizessem perguntas, acusou os juízes de Milão de “não serem dignos” e de promoverem uma verdadeira perseguição contra ele.

O premiê estava reagindo contra uma investigação em curso que busca apurar se ele teria pago propina a um advogado britânico para que ele não testemunhasse contra ele, em um dos processos nos quais é acusado de corrupção.

A magistratura italiana é um dos alvos preferidos de Silvio Berlusconi, que define os juízes como “toghe rosse” – “becas vermelhas”, para dizer que são comunistas.

O adversário de Berlusconi, Romano Prodi, acusa o primeiro-ministro de dividir o país.

“Meu objetivo é combater a pobreza, não a riqueza, e pacificar o país”, disse Prodi, em entrevista ao semanário “Espresso”, fazendo referência aos rumores de que pretende aumentar impostos.

Na opinião do ex-presidente da Comissão Européia, a campanha eleitoral “começou com insultos e está terminando com insultos”. Mas Prodi afirma que já esperava algo assim.

“Quem está em desvantagem, sobretudo se possui meios de comunicação, estabelece o tom e os modos da campanha, que podem ser violentos, como são”, afirmou.

Num de seus últimos apelos, Silvio Berlusconi lançou dúvidas sobre possíveis irregularidades na apuração dos votos.

Prodi e Berlusconi já se manifestaram a favor de novas eleições no caso de haver empate. Mas segundo alguns observadores, haveria outra saída: uma coalizão “transversal” para guiar o país numa fase delicada de crise econômica como esta.

BBC Brasil

COMPARTILHE

Bombando em Mundo

1

Mundo

Guerra da Ucrânia pode chegar ao fim em 2025

2

Mundo

Itamaraty condena perseguição a opositores de Nicolas Maduro

3

Mundo

Estudante é presa no Japão após ataque com martelo em universidade

4

Mundo

“Estou morrendo”, Pepe Mujica revela que câncer está se espalhando e faz apelo

5

Mundo

Primeiro-ministro do Canadá renuncia ao cargo