Na campanha de 2002, o ex-funcionário de uma casa de câmbio em Pernambuco, Alexandre Magero, esteve na Paraíba para envolver o então candidato ao governo do Estado, Cássio Cunha Lima, em grandioso esquema de lavagem de dinheiro e remessa ilegal de dólares para o exterior. Três anos depois das denúncias, em depoimento reservado à Polícia Federal em Pernambuco, o ex-doleiro desmentiu o teor das acusações e revelou que elas foram articuladas pelo principal líder do PMDB paraibano, o senador José Maranhão, junto com advogados ligados ao partido.
O depoimento foi dado em julho de 2005 e consta no processo 2003.82.00.003466-5, ao qual o clickpb teve acesso com exclusividade. Nele, o ex-doleiro, que foi preso no ano passado por chantagear autoridades em São Paulo, disse claramente que foi contratado para fazer denúncias ao Ministério Público Federal com o único fim de prejudicar o governador Cássio Cunha Lima e aliados. Para tanto, conta Magero, recebeu instruções e dinheiro de advogados de Maranhão.
Um dos advogados, Lincoln Vita, assessor jurídico do PMDB e irmão do ex-secretário da Casa Civil de Maranhão, Roosevelt Vita, segundo Magero, chegou a depositar em novembro de 2002, na conta de número 49839-1, Agência Natal, a quantia de R$ 10 mil do advogado. Então candidato ao Senado e antecessor do ex-governador Roberto Paulino, que disputou a reeleição em 2002, Maranhão participou de reuniões de “preparação” do ex-doleiro, conforme consta no depoimento.
As denúncias de Magero foram tema de reportagem publicada na edição Nº 1730 da Revista Isto É, no dia 27 de novembro de 2002, sob o título LAVANDERIA DO NORDESTE. Tudo desmentido dois anos depois pela própria Isto É, em matéria intitulada “Usina de Dossiês”, onde eles relatam a prisão de Magero e o classificando-o como “estelionatário especializado em vender denúncias contra políticos de vários estados”. Magero responde por, pelo menos, seis inquéritos de estelionato, extorsão e calúnia.
“Me transformei num expert na matéria Cássio Cunha Lima”
No depoimento, constante nos autos do processo 2003.82.00.003466-5, que corre na 3 Vara da Justiça Federal, sob a responsabilidade da juíza Cristine Mendonça Lage, Magero dá detalhes das orientações. Ele conta que veio a João Pessoa várias vezes para receber instruções das denúncias. Em recente depoimento à Justiça, em Recife, Magero voltou a afirmar que foi “usado e lesado” por adversários de Cássio. Na ocasião, ele não revelou nomes, afirmando que temia pela vida. Em 2005, ele teve mais coragem.
No depoimento à PF, ao qual o clickpb teve acesso exclusivo, Magero diz que foi instruído a enfatizar nas denúncias a venda da Celb – Companhia Elétrica da Borboborema, na gestão de Cássio na prefeitura de
Campina Grande, e ainda na superintendência da SUDENE. Depois de varias reuniões, Magero declarou em depoimento que havia se transformado num “expert na matéria Cássio Cunha Lima”.
Nas folhas 150 a 153 do depoimento, colhido pelo delegado Jose Juvêncio,
Magero dá detalhes das visitas que fez ao escritório de Vita, na Capital
paraibana, em 2002, e chega a mencionar uma reunião que participou junto com o advogado e o senador José Maranhão, um dos principais adversários do governador tucano, em João Pessoa. Num trecho do depoimento, Magero conta que, certa vez, foi chamado “com urgência” a João Pessoa pelo advogado antes de realizar as denúncias contra o governador. Magero disse em depoimento que morou por quase um ano em João Pessoa, em Miramar, com duas missões: fazer ligações entre o pai da propriet’aria da loja “ A Chinesinha”, Sra. Meng Daí, com o famoso
contrabandista chinês Lao Kin Chong, e a segunda, “atingir a candidatura do atual governador Cassio Cunha Lima”.
Participação em organização criminosa
Ele confirmou ainda que fez parte de uma grande organização criminosa,
chefiada por Hory Hale. As denuncias feitas por Magero em 2002 atingiram ainda outros políticos nordestinos, a exemplo da governadora do Rio Grande do Norte, Wilma Farias. Em Fortaleza, Magero disse que recebia R$ 15 mil por mês para atacar políticos locais. Na Paraíba, as denúncias respingavam ainda em auxiliares e parentes do governador a exemplo do ex-ministro Fernando Catão, tio do governador.
Todo o material foi publicado na Revista Isto É e desmentindo meses depois pelo próprio Magero, preso em maio de 2005, por decisão da Justiça de São Paulo. O depoimento da Magero à Polícia Federal corre em ação em que o Ministério Público Federal é autor e confirma as declarações que ele deu no início deste mês quando foi ouvido pela Justiça, em depoimento dado em Recife.
Nesse dia, Magero afirmou em juízo que foi usado “e lesado” por adversários de Cássio para que fizesse as denúncias. Na ocasião, ele preferiu não dizer os nomes dos mandantes, mas afirmou que prestou todas essas informações a um delegado da Polícia Federal paraibana. Magero revelou que temia pela integridade física pessoal e de sua família.
A Procuradoria-Geral do Estado entrou com pedido à Justiça Federal para
descobrir a identidade dos orientadores das denúncias para fins de ações de Calúnia e Difamação.
Com cerca de cinco processos correndo somente na Justiça Federal Paraibana, Magero foi preso sob acusação de fabricar dossiês contra políticos destinados à venda e à extorsão. Por vários meses, no caso da Paraíba, ele trocou e-mails com o atual chefe da PBPrev na Paraíba, Ramalho Leite, chantageando-o.
ClickPB
[EXCLUSIVO] Magero conta à PF detalhes das denúncias que atingiram Cás
Ex-doleiro diz que líder do PMDB e seus advogados tramaram esquema para prejudicar campanha do governador
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